O jovem Caio Henrique Gerolano, de 17 anos, ex-interno da Fundação Casa foi o vencedor do Concurso Camélia da Liberdade – 100 anos de Solano Trindade, o poeta do povo, edição São Paulo. “Vencer esse prêmio foi a melhor maneira de me superar e mostrar para eu mesmo que sou capaz”, disse emocionado Caio ao saber do resultado.
Filho de pai ausente, criado pelos avós maternos, pois a mãe está cumprindo pena, Caio passou por duas vezes pela Fundação. Uma, por deslize da mãe e a segunda por “bobeira” como classifica ele próprio.
“Só tenho a agradecer aos orientadores da Fundação Casa pela oportunidade e aos meus avós que sempre acreditaram em mim. Eu estava desiludido, bebia e até cheguei a usar maconha, mas com o apoio da Fundação consegui superar as barreiras e aqui estou para uma nova vida”, conta o rapaz, que já foi responsável pelo irmão João Carlos, de 8 anos e que pretende ser referência também às irmãs gêmeas de 4 anos, Camila e Cauane.
“Estou muito orgulhosa de toda nossa equipe. Você pega um adolescente que está acabado, derrotado e devolve-lhe o chão. Isso é bom demais”, declara a assistente social Liliana Bernardes Coelho, que há 12 anos trabalha na Fundação e é diretora da Unidade Bom Retiro, na Capital, onde Caio cumpre liberdade assistida.
“Super emocionado. Feliz mesmo. É assim que me sinto”, emenda o administrador Sérgio de Oliveira, há 24 anos na Fundação. Ele é hoje diretor de Divisão Regional Vila Maria, responsável por 14 unidades de internação, a maioria da zona norte de São Paulo e duas no município de Itaquaquecetuba.
“A vitória de Caio reflete um pouco do nosso trabalho de ressocialização com estes jovens desacreditados”, acrescenta Oliveira. Para ele, a vitória de Caio serve também para reverter o antigo estigma de a sociedade enxergar a Fundação com maus olhos. “Nós acreditamos no poder da transformação e trabalhamos com amor para isso”, conclui.
Os avós maternos de Caio, Maria Luiza e João Lourenço também tecem diversos elogios às equipes da entidade. “Eles trabalham mesmo. Fazem tudo com amor. São psicólogos, professores, pedagogos, educadores, que ajudam os nossos jovens a se descobrirem e à sociedade a descobrir novos talentos”, diz Maria Luiza. “Eu sempre acreditei no Caio, ele passou uma fase difícil e deixado de acreditar em si. Esse concurso fez com que meu neto retomasse o seu caminho”, acrescentou o avô.
Primeiro contato com Solano Trindade
Caio, que pretende fazer faculdade de Turismo nunca tinha ouvido falar em Solano Trindade. “E olha que estudei em escola particular”, ressalta. “O poeta do povo sofria por dificuldades geradas pelo preconceito. Eu associei a vida dele com a de Zumbi dos Palmares e de guerreiros por uma causa”, explica o aluno, orientado pelo professor Alexandre Gabrieli. Ele conta ter ficado por uma semana estudando a vida do poeta do povo para escrever a redação vencedora.
O preconceito e falta de conhecimento da cultura afro-brasileira também foi destacada pela professora Tânia Maria Ribeiro, um das coordenadoras pedagógicas da Escola Estadual Professor Eliseo Marson, de Hortolândia. É desta escola, que fica no Jardim Amanda, um dos maiores bairros de periferia da América do Sul, que saiu a segunda colocada do Concurso Camélia da Liberdade 2009 – edição São Paulo: Ana Paula Raboni da Silva, de 16 anos.
Sua redação foi pré-selecionada entre 45 de sua unidade escolar, que foi a segunda no Estado a se inscrever no concurso Camélia da Liberdade deste ano. “No ano passado, deixamos de nos inscrever por não haver tomado conhecimento do concurso há tempo”, lembrou a coordenadora, satisfeita com resultado.
“Nem meus professores aqui conheciam o poeta Solano Trindade”, acrescentou Tânia Maria, que é negra e milita há anos contra o preconceito e é uma das lutadoras pela consolidação Lei Federal nº 10.639/03, em sua região. A 10.639/03 altera a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação e obriga as escolas de ensino fundamental e médio a terem em seus currículos as disciplinas: História da África e Cultura Afro-Brasileira.
Segundo Tânia Maria, depois de várias reuniões, workshops sobre Solano Trindade todos se apaixonaram. “A Ana Paula é uma aluna crítica e que luta também pela conscientização solidária, sua redação estar entre as vencedoras é uma vitória”, diz a professora. “Precisamos de ações afirmativas como o Concurso Camélia da Liberdade para fazer crescer essa conscientização entre os povos, principalmente na questão do preconceito”, diz emocionada Ana Paula. “Conhecer a história de Solano Trindade e sua luta, nos abre os olhos e nos enche de esperança, para acabar com a futilidade do preconceito”, acrescenta Ana Paula, que pretende seguir a carreira de modelo e fazer faculdade de Biologia.
O terceiro lugar ficou para o jovem Vitor Gabriel Machado Alvez, de 14 anos, da Escola Adventista de Vila Nova Cachoeirinha. “Tomamos conhecimento às vésperas do encerramento das inscrições, durante um encontro de professores”, disse Elina Freire, de 37 anos, coordenadora pedagógica da escola particular.
“Foi uma grande coincidência”, acredita Elina, que trabalhou no Colégio que leva o nome do poeta do povo, no bairro de Santa Tereza, em Embu das Artes, cidade que Solano Trindade criou o pólo de cultura e tradições afro-americanas.
Vitor que está no 1º ano do Ensino Médio, também nunca tinha ouvido falar de Solano Trindade. Ele, que é o caçula de três irmãos, leva uma vida mais tranquila, perante aos outros participantes. Gosta de skate e seu hobby é o surf. Ele não se intimida e conta que já sentiu na pele a questão do preconceito. “Sou branco, minha namorada Letícia é negra, as pessoas olham, mas o que vale é a educação que recebemos em casa”, diz. “Eu que não sou muito de estudar, mas mais de prestar atenção nas explicações dos professores, achei que devia me inscrever no Concurso. E deu certo”, acrescentou o jovem dizendo estar feliz em ser um dos vencedores.
Ele, que pretende seguir carreira na área de Exatas é taxativo quando diz. “Precisamos estudar mais, principalmente a cultura afro-brasileira, que faz parte nossa história, para deixarmos qualquer tipo de preconceito de lado”.
Entrega dos prêmios
Foram 130 escolas inscritas no Concurso Camélia da Liberdade 2009 - 100 anos de Solano Trindade, edição São Paulo. A entrega dos prêmios ocorrerá na próxima quarta-feira, dia 21, na sala Guiomar Novaes, no prédio da Funarte, em Campos Elísios, São Paulo, perto da Estação Marechal Deodoro de Metrô, a partir das 19 horas.
Entre as autoridades presentes estarão o deputado José Cândido (PT/SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e coordenador do SOS Racismo da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, entidade que apoiou o concurso em São Paulo; o secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Marrey Filho; Fernando Néri, gerente de responsabilidade social da Petrobras, patrocinadora do Concurso; Ivanir dos Santos, secretário-executivo do Centro de Articulação das Populações Marginalizadas (CEAP), Maurício Pestana, presidente do conselho editorial da Revista Raça Brasil; Raquel Trindade, filha do poeta e diretora do Teatro Popular Solano Trindade e Rafael Pinto, coordenador-executivo do Concurso etapa São Paulo.
Os prêmios serão distribuídos da seguinte maneira: um laboratório com 10 computadores e um microcomputador e uma impressora multifuncional jato de tinta, à escola e ao aluno primeiro colocado, respectivamente. Seu orientador receberá uma filmadora. O 2º lugar receberá um microcomputador e uma impressora jato de tinta. Já o 3º lugar ficará com um microcomputador e uma webcam.
Filho de pai ausente, criado pelos avós maternos, pois a mãe está cumprindo pena, Caio passou por duas vezes pela Fundação. Uma, por deslize da mãe e a segunda por “bobeira” como classifica ele próprio.
“Só tenho a agradecer aos orientadores da Fundação Casa pela oportunidade e aos meus avós que sempre acreditaram em mim. Eu estava desiludido, bebia e até cheguei a usar maconha, mas com o apoio da Fundação consegui superar as barreiras e aqui estou para uma nova vida”, conta o rapaz, que já foi responsável pelo irmão João Carlos, de 8 anos e que pretende ser referência também às irmãs gêmeas de 4 anos, Camila e Cauane.
“Estou muito orgulhosa de toda nossa equipe. Você pega um adolescente que está acabado, derrotado e devolve-lhe o chão. Isso é bom demais”, declara a assistente social Liliana Bernardes Coelho, que há 12 anos trabalha na Fundação e é diretora da Unidade Bom Retiro, na Capital, onde Caio cumpre liberdade assistida.
“Super emocionado. Feliz mesmo. É assim que me sinto”, emenda o administrador Sérgio de Oliveira, há 24 anos na Fundação. Ele é hoje diretor de Divisão Regional Vila Maria, responsável por 14 unidades de internação, a maioria da zona norte de São Paulo e duas no município de Itaquaquecetuba.
“A vitória de Caio reflete um pouco do nosso trabalho de ressocialização com estes jovens desacreditados”, acrescenta Oliveira. Para ele, a vitória de Caio serve também para reverter o antigo estigma de a sociedade enxergar a Fundação com maus olhos. “Nós acreditamos no poder da transformação e trabalhamos com amor para isso”, conclui.
Os avós maternos de Caio, Maria Luiza e João Lourenço também tecem diversos elogios às equipes da entidade. “Eles trabalham mesmo. Fazem tudo com amor. São psicólogos, professores, pedagogos, educadores, que ajudam os nossos jovens a se descobrirem e à sociedade a descobrir novos talentos”, diz Maria Luiza. “Eu sempre acreditei no Caio, ele passou uma fase difícil e deixado de acreditar em si. Esse concurso fez com que meu neto retomasse o seu caminho”, acrescentou o avô.
Primeiro contato com Solano Trindade
Caio, que pretende fazer faculdade de Turismo nunca tinha ouvido falar em Solano Trindade. “E olha que estudei em escola particular”, ressalta. “O poeta do povo sofria por dificuldades geradas pelo preconceito. Eu associei a vida dele com a de Zumbi dos Palmares e de guerreiros por uma causa”, explica o aluno, orientado pelo professor Alexandre Gabrieli. Ele conta ter ficado por uma semana estudando a vida do poeta do povo para escrever a redação vencedora.
O preconceito e falta de conhecimento da cultura afro-brasileira também foi destacada pela professora Tânia Maria Ribeiro, um das coordenadoras pedagógicas da Escola Estadual Professor Eliseo Marson, de Hortolândia. É desta escola, que fica no Jardim Amanda, um dos maiores bairros de periferia da América do Sul, que saiu a segunda colocada do Concurso Camélia da Liberdade 2009 – edição São Paulo: Ana Paula Raboni da Silva, de 16 anos.
Sua redação foi pré-selecionada entre 45 de sua unidade escolar, que foi a segunda no Estado a se inscrever no concurso Camélia da Liberdade deste ano. “No ano passado, deixamos de nos inscrever por não haver tomado conhecimento do concurso há tempo”, lembrou a coordenadora, satisfeita com resultado.
“Nem meus professores aqui conheciam o poeta Solano Trindade”, acrescentou Tânia Maria, que é negra e milita há anos contra o preconceito e é uma das lutadoras pela consolidação Lei Federal nº 10.639/03, em sua região. A 10.639/03 altera a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação e obriga as escolas de ensino fundamental e médio a terem em seus currículos as disciplinas: História da África e Cultura Afro-Brasileira.
Segundo Tânia Maria, depois de várias reuniões, workshops sobre Solano Trindade todos se apaixonaram. “A Ana Paula é uma aluna crítica e que luta também pela conscientização solidária, sua redação estar entre as vencedoras é uma vitória”, diz a professora. “Precisamos de ações afirmativas como o Concurso Camélia da Liberdade para fazer crescer essa conscientização entre os povos, principalmente na questão do preconceito”, diz emocionada Ana Paula. “Conhecer a história de Solano Trindade e sua luta, nos abre os olhos e nos enche de esperança, para acabar com a futilidade do preconceito”, acrescenta Ana Paula, que pretende seguir a carreira de modelo e fazer faculdade de Biologia.
O terceiro lugar ficou para o jovem Vitor Gabriel Machado Alvez, de 14 anos, da Escola Adventista de Vila Nova Cachoeirinha. “Tomamos conhecimento às vésperas do encerramento das inscrições, durante um encontro de professores”, disse Elina Freire, de 37 anos, coordenadora pedagógica da escola particular.
“Foi uma grande coincidência”, acredita Elina, que trabalhou no Colégio que leva o nome do poeta do povo, no bairro de Santa Tereza, em Embu das Artes, cidade que Solano Trindade criou o pólo de cultura e tradições afro-americanas.
Vitor que está no 1º ano do Ensino Médio, também nunca tinha ouvido falar de Solano Trindade. Ele, que é o caçula de três irmãos, leva uma vida mais tranquila, perante aos outros participantes. Gosta de skate e seu hobby é o surf. Ele não se intimida e conta que já sentiu na pele a questão do preconceito. “Sou branco, minha namorada Letícia é negra, as pessoas olham, mas o que vale é a educação que recebemos em casa”, diz. “Eu que não sou muito de estudar, mas mais de prestar atenção nas explicações dos professores, achei que devia me inscrever no Concurso. E deu certo”, acrescentou o jovem dizendo estar feliz em ser um dos vencedores.
Ele, que pretende seguir carreira na área de Exatas é taxativo quando diz. “Precisamos estudar mais, principalmente a cultura afro-brasileira, que faz parte nossa história, para deixarmos qualquer tipo de preconceito de lado”.
Entrega dos prêmios
Foram 130 escolas inscritas no Concurso Camélia da Liberdade 2009 - 100 anos de Solano Trindade, edição São Paulo. A entrega dos prêmios ocorrerá na próxima quarta-feira, dia 21, na sala Guiomar Novaes, no prédio da Funarte, em Campos Elísios, São Paulo, perto da Estação Marechal Deodoro de Metrô, a partir das 19 horas.
Entre as autoridades presentes estarão o deputado José Cândido (PT/SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e coordenador do SOS Racismo da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, entidade que apoiou o concurso em São Paulo; o secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Marrey Filho; Fernando Néri, gerente de responsabilidade social da Petrobras, patrocinadora do Concurso; Ivanir dos Santos, secretário-executivo do Centro de Articulação das Populações Marginalizadas (CEAP), Maurício Pestana, presidente do conselho editorial da Revista Raça Brasil; Raquel Trindade, filha do poeta e diretora do Teatro Popular Solano Trindade e Rafael Pinto, coordenador-executivo do Concurso etapa São Paulo.
Os prêmios serão distribuídos da seguinte maneira: um laboratório com 10 computadores e um microcomputador e uma impressora multifuncional jato de tinta, à escola e ao aluno primeiro colocado, respectivamente. Seu orientador receberá uma filmadora. O 2º lugar receberá um microcomputador e uma impressora jato de tinta. Já o 3º lugar ficará com um microcomputador e uma webcam.
Serviço:
Entrega de prêmios “Concurso de Redação: Camélia da Liberdade 2009”
Tema: 100 Anos de Solano Trindade, o poeta do povo
Projeto Camélia da Liberdade - Implementação da Lei nº 10.639/03
Dia: 21/10/09, quarta-feira, a partir das 19h
Onde: Funarte - Sala Guiomar Novaes (170 lugares)
Pocket-show - Leo Maia
Alameda Nothmann, 1058, Campos Elísios, São Paulo – perto da Estação Marechal Deodoro de Metrô
Mais informações: 0800-773-3886/ (11) 3886-6145
Entrega de prêmios “Concurso de Redação: Camélia da Liberdade 2009”
Tema: 100 Anos de Solano Trindade, o poeta do povo
Projeto Camélia da Liberdade - Implementação da Lei nº 10.639/03
Dia: 21/10/09, quarta-feira, a partir das 19h
Onde: Funarte - Sala Guiomar Novaes (170 lugares)
Pocket-show - Leo Maia
Alameda Nothmann, 1058, Campos Elísios, São Paulo – perto da Estação Marechal Deodoro de Metrô
Mais informações: 0800-773-3886/ (11) 3886-6145
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