De mão em mão”,

Programa empresta livros gratuitamente em São Paulo
O programa “De mão em mão”, parceria entre a Fundação Editora Unesp e a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, foi lançado no dia 21 de dezembro, em cerimônia na Biblioteca Mário de Andrade, na capital paulista.
O projeto promoverá o empréstimo gratuito de livros. O primeiro título da coleção será a coletânea A Missa do Galo e Outros contos, de Machado de Assis (1839-1908). Com apoio da SPTrans, a ação terá os terminais de ônibus Mercado (no Centro) e Lapa (na Zona Oeste) como primeiros pontos de distribuição.

De acordo com a Secretaria, a edição da coletânea foi realizada especialmente para o lançamento desse projeto-piloto. São 20 mil exemplares, que poderão ser lidos gratuitamente. A partir de um cadastro, o interessado poderá levar as publicações com o compromisso de passá-las “de mão em mão”.

Após a leitura, as obras podem também ser entregues nos pontos de devolução, a qualquer tempo, possibilitando o compartilhamento com outros leitores. Cada pessoa poderá retirar um único exemplar.

Os quiosques do projeto funcionarão todos os dias da semana, das 10h às 20h, com distribuição até quando houver livros. Nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro, os pontos estarão fechados.

A iniciativa, de caráter inicialmente experimental, busca promover a distribuição de livros em locais com ampla circulação de pessoas para incentivar o gosto pela leitura. Até o fim do primeiro semestre de 2012, término da fase de experiência, serão lançados mais cinco livros. O próximo título está previsto para março.

Os novos livros oferecidos serão selecionados pelo conselho editorial composto por José de Souza Martins (sociólogo e conselheiro da FAPESP), Luciana Veit (editora e escritora), Sérgio Vaz (poeta e fundador do sarau da Cooperifa), Heloísa Jahn (editora e tradutora), Jezio Hernani Bomfim Gutierre (professor de Filosofia da Unesp e Editor Executivo na Fundação Editora Unesp) e Samuel Titan Jr. (professor de teoria literária na Universidade de São Paulo).

As obras terão gêneros distintos como uma forma de atrair leitores de diferentes perfis e faixas etárias.
O “De mão em mão” foi inspirado na iniciativa colombiana “Libros al viento”, em que obras literárias foram distribuídas à população. O projeto recebeu o aval da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e contribuiu para que Bogotá fosse declarada a Capital Mundial do Livro em 2007.
O Terminal Mercado fica na Avenida do Estado, 3350, no Centro. O Terminal Lapa está localizado na Praça Miguel Dell’Erba, na Zona Oeste.
Mais informações: www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura.

Fonte:http://agencia.fapesp.br/14967

Oswaldo de Camargo fala sobre literatura negra no Brasil

Quando surge essa literatura negra no Brasil? É possível identificar suas fases até os dias atuais?
Oswaldo de Camargo - Ela começa a existir a partir do momento que o negro olha para si mesmo e passa a contar como negro suas experiências particulares, suas memórias, sua vida, suas diferenças, sua identidade, mesmo que esta escrita tenha como base um português camoneano. A grosso modo podemos iniciar este movimento com Luís Gama ao escrever o poema "Bodarrada", que traz o problema da identidade negra. Um texto como "Bodarrada" só poderia ter saído de um negro. O branco não pode idealizar isto, pois o autor está trazendo sua experiência particular de negro. É verdade que podemos citar, no século XVIII, Domingos Caldas Barbosa, mas aí de uma maneira mais enfraquecida, o "Eu", mesmo, aparece apenas com Luís Gama. Depois vem Cruz e Souza com "Consciência Tranqüila", "Escravocratas" e sobretudo "Emparedado". Essas obras são particularíssimas, jorram de dentro de um "Eu" negro.
Ninguém vive a morte do outro, a vida do outro, ou o sonho do outro. No caso, o negro resolveu escrever olhando para si, com sua visão particular. E esta visão particular é provocada. Ela quer ser particular. Ele quer ser negro. Ele escolhe entre os vários temas de seu interesse, a parte humana ligada ao negro. Pode ser uma fase? Pode. E essa fase é necessária, pois a visão que o Brasil teve (e ainda tem) do negro foi dada por escritores brancos. Por bons escritores até, como Jorge Amado, por exemplo, que sempre tratou de negros em suas obras. Porém, alguns textos que escrevo, jamais poderiam ser escritos por ele ou por outro escritor branco. Por faltar-lhes o particularismo de viver uma experiência negra. E por que não se fala isso do branco? Porque o branco vive com naturalidade sua identidade. O negro não. A identidade do negro foi perdida ao ser encravada num mundo ocidental, onde as regras do belo foram ditadas pela Grécia, por Roma, pela Bíblia, pela religião católica e etc.
Leia mais: http://www.portalafro.com.br/literatura/oswaldo/oswaldo.htm

A Descoberta do Frio

Ateliê Editorial e a BibliASPA convidam para o lançamento do livro:
A Descoberta do Frio, de Osvaldo de Camargo
Quando: dia 20/12/11 das 18h30 às 22h
Local: Espaço BibliASPA – Rua Baronesa de Itu, 639 – Sta. Cecília - SP
Em A Descoberta do Frio, o “frio” cobre-se de diferentes camadas: racismo, indiferença, desigualdades... Oswaldo de Camargo, com raro senso de quem vai montando em doses certeiras seu queb...ra-cabeça narrativo, traz para a ficção as tensões de uma sociedade fracionada entre passado escravista e presente do racismo velado, marcada por uma memória de lutas e sofrimentos a todo instante atualizados. E polemiza com nossos mitos fundadores, a fim de colocá-los contra a parede da dura realidade que traz ao leitor, sem nunca perder o encanto do texto bem tramado

IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas

Incentivo à leitura e novas mídias são os temas centrais do IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas

Evento realizado pela Secretaria de Estado da Cultura reúne em São Paulo palestrantes de quatro países e 800 profissionais de todo o País


De 22 a 24 de novembro, profissionais de todo o Brasil vão discutir novas formas de incentivar a leitura e disseminar a informação nas diversas mídias durante o IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura. Redes sociais, acervo digital, acessibilidade, competência em informação e biblioterapia são alguns dos temas incluídos na programação. São 800 vagas no total, todas gratuitas. Ainda dá tempo de se inscrever.

“As bibliotecas precisam se renovar para atrair o público. A troca de experiências que um encontro como este proporciona é essencial para a capacitação dos profissionais e geração de novas ideias”, afirma o Secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo. A Secretaria coordena o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, com cerca de 950 unidades em todo o Estado de São Paulo.

O Seminário inclui palestras e mesas redondas com especialistas de Portugal, Chile, Colômbia e Alemanha, além de gestores e pesquisadores de São Paulo e outros estados. Da Colômbia, a bibliotecária Adriana Betancur falará sobre as políticas de incentivo à leitura do país, considerado modelo na América Latina, e sobre a BiblioRed – rede de bibliotecas públicas de Bogotá que atrai 4,7 milhões de usuários por ano.

A bibliotecária Clarice Fortkamp Caldin, da Universidade Federal de Santa Catarina, falará sobre biblioterapia – a possibilidade de uso terapêutico da leitura de textos literários, partindo-se do pressuposto de que toda experiência poética libera emoção e produz uma reação de alívio da tensão.

Além das palestras seguidas de debates, projetos com resultados positivos serão apresentados em painéis, a exemplo do Leitura na fábrica, desenvolvido com metalúrgicos de 35 indústrias da região do ABC, na Grande São Paulo. Cada fábrica recebeu um ponto de leitura com 650 títulos, computador, impressora, estantes, pufes e tapetes. Agentes de leitura foram capacitados para estimular a aproximação entre funcionários e os livros.


Nos dias 23 e 24, o Seminário promoverá visitas monitoradas à Biblioteca de São Paulo, no Parque da Juventude. A BSP, que pertence ao Governo de São Paulo, atrai cerca de 30 mil visitantes por mês e tem se firmado um modelo a ser seguido por outras bibliotecas públicas.

O IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias acontecerá no Sesc Pinheiros. As inscrições são realizadas exclusivamente por meio do endereço eletrônico www.bibviva.com.br. O site do evento traz também a programação completa e um guia de informações úteis e orientações para profissionais que vêm de outras cidades e estados. A realização é da Unidade de Bibliotecas e Leitura da Secretaria e da SP Leituras - Organização Social de Cultura.


SERVIÇO
IV Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias
Quando: de 22 a 24 de novembro de 2011
Onde: SESC Pinheiros – Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo/SP
Inscrições: www.bibviva.com.br. Grátis (sujeita à confirmação)

Tudo o que você podia ser

20/Nov - Dia da Consciência Negra

“Nosso maior medo não é o de sermos inadequados. Nosso maior medo é de sermos poderosos demais. O que nos assusta não é o nosso lado sombrio e sim a nossa própria luz.
Perguntamo-nos quem somos nós para sermos brilhantes, lindos, talentosos e fabulosos?
... Na verdade, quem somos nós para não o sermos ? Somos filhos de Deus.
Diminuir-se a si mesmo não torna o mundo melhor. Não há nada que “iluminado” em se diminuir para que outras pessoas não se sintam inseguras.
Nascemos para ser uma manifestação da glória de Deus.
Não apenas alguns de nós, mas todos nós.
Ao deixarmos a nossa luz brilhar, damos inconscientemente aos outros a permissão de fazer o mesmo.
Ao nos libertarmos do nosso medo, nossa presença automaticamente libera os outros ““.

Nelson Mandela
Discurso Presidencial de posse, 1994.

I Encontro de Contadores de Histórias da Amazônia

"O gosto de contar é idêntico ao de escrever – e os primeiros narradores são antepassados anônimos de todos os escritores. O gosto de ouvir é como o gosto de ler. Assim, as bibliotecas, antes de serem estas infinitas estantes com as vozes presas dentro dos livros, foram vivas e humanas, rumorosas, com gestos, canções, danças, entremeadas às narrativas”. Cecília Meireles

O I Encontro de Contadores de Histórias da Amazônia é uma realização do Movimento dos Contadores de Histórias da Amazônia (MOCOHAM) em parceria com a Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, dias 01 e 02 de dezembro de 2011.

É um convite ao olhar paciente e mergulho no rio de  nossas próprias memórias e narrativas e ao compartilhamento delas.

 Serviço:
 I Encontro dos contadores de histórias da Amazônia - "mergulhar na memória, revolver histórias..."
 Data: 01 e 02 de dezembro de 2011
 Local: Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (Centur) Inscrições Abertas! (07 a 26/11/2011)
 Acesse: http://mocoham.blogspot.com/

“Machado de Assis é clássico duas vezes. É clássico da literatura brasileira e é clássico da literatura negra.”

Eduardo de Assis Duarte, autor do livro “Machado de Assis afro-descendente“ explica em entrevista a sua obra. Uma releitura de um dos maiores escritores brasileiros sob um viés pouco tratado dentro da crítica literária brasileira que é o caráter negro do escritor
O entrevistado da semana dessa edição será Eduardo de Assis Duarte, Doutor em Letras pela USP, professor de Literatura da Faculdade de Letras da UFMG, em Belo Horizonte e escritor. Ele irá falar sobre a sua recente obra “Machado de Assis afro-descendente”, um livro que procura fazer uma releitura das obras do autor sob um viés pouco tratado dentro da crítica literária brasileira que é o caráter negro do escritor.
Rádio Causa Operária (RCO): Você poderia começar falando um pouco da sua história. Como começou o interesse pela literatura e em especial pela literatura negra? Qual é a natureza do seu interesse nesta literatura?
Eduardo de Assis: Eu diria que tem uma natureza política, eu desde pequeno sempre gostei muito de ler. Desde minha adolescência que eu leio sem parar, eu sempre tive um amor muito grande pela literatura em especial pela prosa de ficção, romances, contos, etc. Eu quando me decidi fazer o curso de Letras, quase que fiz também o curso de História, e acabei me decidindo por Letras, onde realmente o meu grande interesse foi a Literatura. Quando eu me formei de repente fui para o mestrado e depois para o doutorado. Passei a me interessar muito por esse tópico do oprimido, da minoria, a questão da mulher, a questão do índio, a questão do negro, como é que isso estava, enfim, representado na literatura brasileira.
No meu mestrado eu estudei José de Alencar, Aluízio Azevedo e Jorge Amado, vendo como é que essas pessoas estavam em seus romances, representando tanto o índio quanto o mulato, a mulata em especial. Em seguida no doutorado eu estudei a literatura comunista de Jorge Amado, os romances da fase mais militante, que vão desde os anos 30 e 40, até meados dos anos 50. Então sempre foi aquela visão, vamos dizer assim, do branco sobre o outro. Mais adiante então resolvi realmente atacar esse projeto atual, que é uma pesquisa sobre os escritores afro-brasileiros. E para a minha grande surpresa esse meio de pesquisas não só me mostrou que existem mais de uma centena de escritores negros brasileiros com livros publicados, como também me mostrou que é possível descobrir ângulos novos em escritores tidos como “brancos”, como é o caso de Machado de Assis.
É um pouco a história, resumidamente, desse livro. Passo, portanto, por toda essa trajetória de ver a literatura a partir de um ângulo não formalista, não ver a literatura como algo isolado da sociedade, da história, como algo isolado do povo, como algo isolado numa torre de marfim ou coisa assim. Eu creio que a literatura tem, e como todas as outras artes também, umas mais outras menos, elas têm o sentido social que é por ai que eu encaminho a minha pesquisa.
RCO: Em seu livro “Machado de Assis afro-descentende”, você procura fazer uma releitura das obras do autor sob um viés que nunca foi tratado dentro da crítica literária brasileira que é o caráter negro do escritor. Como surgiu a idéia de escrever esse livro?
Eduardo de Assis: Na verdade há sim estudos anteriores, há um estudo de 1957 do Raimundo Magalhães Júnior que se chama “Machado de Assis Desconhecido” e esse estudo já tem um capítulo que aponta o envolvimento do Machado com toda a questão da escravidão e da luta pelo fim da escravidão. E outros críticos também tocaram nessa questão, mas um pouco de passagem, e a verdade que eu estou dizendo é isso, quer dizer esse livro ele surge no conjunto dessa pesquisa maior quando agente começa a ver que na história oficial da literatura brasileira praticamente não existem autores negros, mestiços ou mulatos e assumidos abertamente contra o capital, ou existem e eles são tratados com escritores “universais”, como escritores que não levam em conta a sua condição social, em especial a questão da cor da pele. No caso do Machado de Assis, eu comecei desde muito cedo a perceber que não era bem assim que a questão étnica em machado está presente sim, de uma forma muito sutil, de uma forma muito sofisticada, mas ela está presente sim e o melhor caminho que agente acabou encontrando foi fazer de fato a recolha dos próprios textos do Machado que tratam a questão do negro, que tratam da questão da escravidão e o pós-escravidão, porque o Machado ainda vive praticamente 20 anos ainda após a abolição e trata sim dessa questão. Então a idéia foi exatamente reunir em um único volume contos, crônica que estavam muitas delas perdidas ainda em publicações de expartos e desconhecidas do grande publico, crônicas que ele assinou sob pseudônimos em jornal e também alguns poemas, inclusive um poema que foi panfletado na rua, uma coisa muito rara em termos de Machado de Assis, alguns contos (alguns dele poucos conhecidos) e as cenas de romance onde aparecem a questão dos negros e as relações entre brancos e negros nos seus romances. Então a idéia foi reunir em um único livro esses textos do próprio Machado, deixar ele próprio falar sobre a questão e quando muitos dizem que ele não toca nisso, e você ver que só de textos dele são 230 paginas e eu me resguardei para fazer os meus comentários lá no final num posfácio. Primeiro fala o Machado de Assis e em seguida falo eu.
RCO: Setores do movimento negro dos anos 30 chegaram a acusar o grande romancista carioca de “racista” e de “negro que não gostava de negros”. Como você avalia esta caracterização? Seu livro é uma resposta ou uma polêmica a este tipo de afirmação?
Eduardo de Assis: Eu não tenho essa intenção de fazer polêmica com o movimento negro ou de desmentir nenhum outro estudioso, absolutamente. A minha preocupação foi fazer uma releitura de Machado a partir desse ângulo étnico e político. A questão do movimento negro dos anos 30 e porque na verdade criou-se uma série de chavões em torno do Machado de Assis e durante muitos anos o Machado de Assis que era lido era apenas o Machado de Assis dos grandes romances conhecidos dele, os mesmos contos receberam muito pouca atenção da crítica. As crônicas então nem se fala, porque elas estavam lá perdidas nos jornais do século XIX, guardadas lá dentro da biblioteca nacional e em outros acervos por ai, mas sempre foram uma coisa muito restrita. O Machado que circulava era esse Machado que fez uma literatura de brancos, uma literatura para os brancos. É preciso se situar, porque para mim o leitor faz parte da literatura e a literatura não é só a obra, não é só o escritor a literatura é também o leitor. Então para quem Machado escrevia? Ora, o tempo dele, o primeiro recenseamento dele feito no Brasil no século XIX, por volta de 1876 estava mostrando que 84% da população brasileira era analfabeta, só 16% era alfabetizado e esses 16% é o que hoje chamamos de elite branca. Machado de Assis estava escrevendo para essa elite. O tema do negro é um tema que surge pelas bordas é um tema que vai entrando meio espertamente, meio dissimuladamente, é um tema que vai entrando no meio dos seus assuntos, dos seus romances principalmente, que eram todos assuntos de brancos e para brancos, porque era esse o publico que lia Machado de Assis. Eram livros publicados inicialmente na imprensa, imprensa de revistas femininas, como a “Estação” e outra revistas, no jornal da família, enfim, era um publico de uma elite branca.
Conseqüentemente há essa deformação de interpretação de que ele abandonou o negro, de que ele não falou do negro, que ele não falou da escravidão, e essa recolha de textos que publicamos agora em 2007 está provando exatamente o contrário disso, ele tocou sim na questão do negro e tocou muitas vezes no jornal, não apenas no livro, tocou nisso na imprensa, mas sempre resguardado de pseudônimo. Por quê? Porque ele era funcionário publico ocupava cargo de confiança no governo imperial e precisava se proteger, era alguém que atuava meio que como um guerrilheiro naquele momento. Aparentemente ele não toca na questão, mas ele fala tudo que quer falar, dando a impressão de não ter falado nada.
RCO: Apesar de Machado ser mulato, neto de escravos, ele foi acusado de “aburguesamento”, denegação de suas origens e omissão perante os dramas sociais de seu tempo, especialmente a escravidão. Como você vê esta opinião?
Eduardo de Assis: Exatamente, é nessa linha que eu estava respondendo agora sobre o equivoco de interpretação. Machado ocupava um cargo de confiança do governo imperial e num governo em que o imperador não mandava, quem manda é o chefe do gabinete e são governos predominantemente liberais e conservadores, mas todos ele governos da elite branca que tinham um poder econômico nas mãos, eram eles os donos do poder ao longo do império. Inclusive amigos do imperador Dom Pedro II foram demitidos porque publicaram coisa no jornal contra a escravidão, e o Machado publicou também, só que ele publicou sob pseudônimo. Ele mesmo se intitulava um caramujo, um escritor caramujo, que estava sempre alí mascarado, escondido, encolhido atrás de uma determinada casca, que no caso da imprensa é o pseudônimo, ele usou mais de dez pseudônimos e, no cargo da ficção, em que ele assinava usa de muita ironia, toda uma série de procedimento literários dissimuladores, e não faz uma literatura panfletária nem é um escritor de palanque. Não é uma literatura de palanque, é uma literatura muito sofisticada, muito refinada em que essas questões vão aparecendo de uma forma muito sutil, muito dissimulada, umas mais outras menos, mas estão sempre aparecendo. Então essa acusação de “aburguesamento” tem a ver também com o fato de ele ser o fundador da Academia Brasileira de Letras, que logo ganha ares de instituição oficial e todo um sentido de um órgão da elite. Só que ele de fato vai ser o primeiro presidente da academia, não por ser um homem rico, Machado nunca teve escravo ele não era um homem rico, ele não era um milionário, um fazendeiro, nem filho dessa elite como muitos escritores de seu tempo. Era um funcionário publico e, no entanto, convive de igual para igual com essa elite em função do mérito que ele tem como escritor, reconhecidamente o maior escritor do seu tempo. Então não havia outro nome inclusive para chefiar a Academia Brasileira de Letras, mas ele tem crônicas mostrando como ele se integrou com o povo na rua no dia 13 de maio, como ele vibrou no dia da abolição, como ele desfilou em uma carruagem aberta saldando os abolicionistas. Então essa acusação de omissão, ela é uma acusação de uma certa cobrança, um certo patrulhamento daqueles que queriam ter em Machado um panfletário da abolição, algo como um “Zé do Patrocínio”, por exemplo, mas, no entanto, nos livros do Machado de Assis você não encontra nenhum trato de preconceito racial, você não encontra nenhum estereótipo animalizando o negro que em “Zé do Patrocínio” encontramos, por exemplo.
“Zé do Patrocínio” que é um escritor negro, tem determinados personagens negros que são descritos no romance dele. Ele mostra um coqueiro, por exemplo, que tem lá um carrasco negro que é descrito como se fosse um animal e não como um ser humano. Então as coisas são muito complexas e não dá para reduzir as coisas a rótulos. Quando generalizamos, incorremos em equívocos.
RCO: O livro foi feito após uma ampla pesquisa, reunindo textos (poemas, contos, crônicas e romances) do grande escritor brasileiro. Como foi feito esse trabalho de pesquisa?
Eduardo de Assis: Um trabalho meio paciente, um trabalho que durou mais de três anos. Nos valemos muito do que os outros pesquisadores já publicaram antes como o próprio Raimundo Magalhães Junior, o historiador Sidney Chalhoub e tantos outros que se põem a estudar Machado de Assis e também, a partir de pesquisas já realizas por John Gledson que é um especialista inglês em Machado de Assis. Houve também a necessidade de irmos para a Biblioteca Nacional, de ver as crônicas publicadas lá nos jornais do século XIX. Foi um trabalho um tanto quanto paciente. Por exemplo, esse poema que foi panfletado na rua, um poema chamado “13 de maio”, não está em nenhuma edição dos poemas de Machado de Assis. Foi uma descoberta nossa depois de muita luta, pesquisas daqui, dali, etc. Ouve um certo trabalho de garimpo com toda certeza e alguns textos praticamente inéditos que estão no livro.
RCO: Você poderia fazer um resumo e explicar os fundamentos de sua obra “Machado de Assis, afro-descendente”?
Eduardo de Assis: Quais são os fundamentos? O grande eixo de argumentação é que Machado de Assis é neto de escravos, é um mulato. O pai era um mulato também, a mãe era uma portuguesa, ambos muito pobres. Logo ele fica órfão e vai ser menino de rua, vendendo doce, que a madrasta (que também era mulata) fazia. Ele, menino, saia para vender isso na rua e o fundamento é essa experiência de pobreza, essa experiência de ser um afro-descendente, um mulato, naquele momento em que negros e mulatos não valiam nada para a época. A minha convicção era de que essa experiência de uma forma ou de outra deveria estar representada na obra dele. O que norteou a pesquisa? É a busca dessa “mulatisse”, em que medida essa “mulatisse” se faz representar na linguagem dos textos de Machado de Assis, no conteúdo desses textos e também na forma. Esse é o grande fundamento e o resumo da obra, quer dizer, como é que ele trata a questão racial nos contos dele, as relações entre escravos e senhores, nos romances e, na crônica, porque na crônica ele tinha um grande público, a Gazeta de Notícias, que era um jornal abolicionista, inclusive Magalhães Junior diz que ele era sócio oculto de um jornal abolicionista. Porque o nome dele não podia aparecer, mas era o jornal que naquela época, em 1880, tirava 24 mil cópias em cada edição, o que guardadas as devidas proporções, tem um grande publico na sua época. O eixo condutor do trabalho foi esse: mostrar em que medida essa vivência dele como alguém que sofreu preconceitos na juventude, alguém que trabalhou na juventude, que trabalhou como balconista e como operário. Eu costumo dizer para meus alunos que Machado de Assis entra no mundo das letras pelos fundos, por que ele entrou no mundo das letras como balconista de uma livraria e depois como operário gráfico, aqueles que ficavam lá juntando as letrinhas uma por uma, trabalhando na gráfica, na oficina, para imprimir as coisas. Logo em seguida ele vai para a redação, ele vai ser revisor e vai corrigir o português dos outros. Ele vai ser tradutor, vai ser cronista e ao longo de 50 anos esse homem publica na imprensa de sua época. Uma trajetória admirável! Eu acho que este Machado de Assis, homem de imprensa, precisa ser mais estudado.
RCO: Como foi a repercussão do livro? Houve alguém que tenha contestado essa interpretação que o livro defende sobre as obras de Machado de Assis?
Eduardo de Assis: O livro está tendo uma repercussão muito boa, tivemos uma resenha muito favorável, de parte de uma pessoa com autoridade em literatura brasileira, Professora Marisa Lajolo, professora titular da Unicamp. Contestação até agora não escutei nenhuma. O livro tem tido uma boa repercussão tanto que a primeira edição já esgotou, em seis meses e, em outubro já está saindo a segunda edição. Até o momento eu só tenho recebido aplausos e acho que o livro está sendo bem recebido.
RCO: Qual era, na sua opinião, a verdadeira concepção de Machado de Assis sobre a questão do negro?
Eduardo de Assis: Eu acho que o negro em Machado de Assis, em todas as suas obras, é visto com um ser humano como qualquer outro, com altos e baixos, com verdades e com mentiras, com honestidade e com desonestidade, com ingenuidade e com esperteza, ou seja, alguém que é humano como qualquer outro ser humano, não é nem mais nem menos. Este é o ponto e já aí há uma distancia enorme entre Machado de Assis e vários outros escritores da época que viam o negro como um ser humano de segunda categoria. Este é um ponto. Acho que ele dá um tratamento digno ao negro, ao escravo e vê inclusive em determinados gestos de rebeldia, ou de astúcia, do próprio escravo, como gestos de legítima defesa. Eu creio que neste ponto ele se destaca, porque é diferente de muitos, que inclusive faziam a campanha abolicionista, como Aloísio de Azevedo e, no seu livro “O cortiço”, coloca a negra de uma forma completamente estereotipada, que via o branco como uma raça superior. O Machado jamais fala em “raça superior” ou “raça inferior” e nisso ele destoa completamente do pensamento hegemônico, naquela época. O segundo ponto é a questão negra, a questão da escravidão, ele nunca apoiou a escravidão e sempre tentou mostrar o escravo como um ser humano injustiçado. Esta é uma constatação que a gente faz, no momento em que a nos debruçamos sobre a obra e realizamos uma releitura da obra com este foco, com esta preocupação. E está aí o livro para mostrar isso, para comprovar o que estou falando.
RCO: Qual a importância de Machado de Assis, em sua opinião, para a literatura brasileira hoje? E para a causa da emancipação efetiva do povo negro?
Eduardo de Assis: Hoje acho que ao longo do século XX, Machado de Assis sem dúvida alguma é um dos maiores nomes da literatura brasileira, não só brasileira, como de todas as literaturas de língua portuguesa. É realmente um autor genial, um autor revolucionário para sua época. Se pensarmos Brás Cubas, por exemplo, é uma revolução estética alguém que coloca no auge do realismo um defunto. Já nas primeiras páginas do livro, o herói está morto, dentro de um caixão e vai contar sua vida e principalmente todos os podres da sua vida e daquela classe dominante, escravista branca. Conta isso para uma platéia estupefata. Aquele defunto autor falante ali de dentro do caixão. Então é um autor que revolucionou e, não tenho a menor dúvida. a nossa literatura é referência internacional. Se tivesse sido escrito em francês ou inglês seria hoje um dos grandes mestres reconhecidos da literatura universal, vamos dizer assim. No que diz respeito à questão do negro, a emancipação efetiva do povo negro, eu vejo que para os escritores negros, por exemplo, ele é um exemplo. O professor Otavianni que é um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX, tem um artigo que se chama “literatura e consciência”, que considera que Machado de Assis é clássico duas vezes. É clássico da literatura brasileira e é clássico da literatura negra. É uma literatura que está dentro e que está fora da literatura brasileira em geral. Este prefixo afro de afro-brasileiro é um prefixo que dá bem a idéia de uma literatura que não deixa de maneira nenhuma de ser brasileira, mas que não é só isso, é uma literatura que tem um pouco mais, tem um “plus”, tem algo a mais aí, que este prefixo afro quer significar, uma visão de mundo identificada com a questão do negro, do mulato e todas as questões do preconceito, sobre a discriminação que os negros sofreram e ainda hoje sofrem neste país e muito. Então eu penso que para os escritores negros da atualidade, todos os escritores do século XX, a leitura de Machado de Assis é importantíssima, porque há uma tendência na literatura afro-brasileira para o panfleto, para o protesto escancarado, aquele protesto explícito, aquele protesto aberto e muitas vezes a literatura sai perdendo, porque a retórica fala mais do que a poética, vamos dizer assim, o desejo de fazer propaganda de uma determinada causa política acaba enfraquecendo o texto enquanto literatura e Machado com a ironia, com a sofisticação dele com esta forma com que ele encontra de dizer as coisas fingindo que não está dizendo nada, a coisa da ironia que é muito forte, este processo de dissimulação por colocar a critica do branco na boca do próprio branco, como em Brás Cubas. Em Brás Cubas é o branco que está falando. O branco é como a casca do caramujo. E o narrador branco é uma espécie de proteção desse guerrilheiro, pondo as palavras na boca do personagem branco. É um autor afro, então é um pouco isso, são verdadeiras lições de sutileza, de sofisticação, enfim com uma linguagem inteligente, uma linguagem irônica, então eu penso que é um autor, que todos os escritores do movimento negro devem ler sempre, porque é um exemplo muito grande de como fazer boa literatura sem fugir da política e não deixar a política e a ideologia dominarem a criação literária e enfraquecerem o texto enquanto literatura.
RCO: O grande escritor norte-americano Ralph Ellison chamou o negro de “o homem invisível” em seu famoso romance. Assim como ninguém vê o negro, também no Brasil (esta é a sua opinião), também ninguém o vê na literatura e no estudo oficial da literatura?
Eduardo de Assis: É como já te falei, o Ralph Ellison foi muito feliz com este nome “o homem invisível”, porque há todo um processo de invisibilidade da contribuição afro-brasileira na literatura brasileira. O afro-brasileiro é muito respeitado na música, no esporte, mas quando entra, por exemplo, no campo da pintura, quando você entra no campo da literatura, teatro da poesia eles tocam um processo de “invisibilização”, uma ação deliberada de tornar invisíveis determinados escritores. Isso acontece também com a mulher, se você pegar a história da literatura brasileira, século XIX, por exemplo, uma ou duas mulheres só, em meio a centenas de homem e quando você vai ver, na verdade, dezenas e dezenas de mulheres publicaram livros no século XIX e não fazem parte de nenhuma história da literatura. Eu penso que a história da literatura deve ser reescrita, porque toda vez que você faz um levantamento você está sujeito a omissões, há esquecimento, então no caso, por exemplo, do Machado de Assis e do Cruz e Souza existe um outro processo e invisibilidade que é a invisibilidade da cor, dentro daquele antigo chavão, que literatura não tem cor, há toda uma tendência nos estudos literários de dizer isso que literatura é uma coisa pura está numa torre de marfim, uma literatura que não se mistura com o social, é uma literatura que é algo que não se deixa contaminar pelo dia a dia da história, que está acima disso. Então o que acontece, estas pessoas são branqueadas, há um processo de branqueamento como forma de invisibilizar o pertencimento étnico tanto de Machado de Assis como do Cruz e Souza e de outros escritores. Isso é uma coisa muito própria deste nosso racismo cordial brasileiro. Para todos os efeitos nós vivemos em uma democracia racial, nós não somos preconceituosos, preconceituosos são os outros, no entanto você vai ver na história, na literatura, você vai ver na ciência e não tem escritores negros ali. Ou não são lembrados ou não são destacados ou eles estão completamente ausentes. Um exemplo gritante é o escritor Lino Guedes daí de São Paulo, que deixou doze livros publicados entre os anos 30 e 40 do século XX e não consta em nenhuma história da literatura brasileira, coisa que eu insisto que a literatura afro-brasileira deve ser estudada com mais afinco até para que estes escritores possam ser lidos, porque hoje existe uma cortina de silêncio em volta deles e eles estão invisíveis na prática eles não existem. É um pouco deste processo perverso de você pelo silêncio você ignora o negro, e ao ignorar quer dizer você decreta a morte, a morte social, porque o escritor que não é lembrado, não é lido, o escritor cujos livros não estão nas livrarias, o escritor não existe, uma vez que o escritor ele depende o leitor ele não pode existir por si só, a literatura existe enquanto um sistema que tem autor, que obra que tem público, então o que ocorre é um processo de invisibilização que veda ao público o acesso a obra e a esses escritores. Ralph Ellison foi muito feliz no título que ele encontrou.
RCO: Machado de Assis é um escritor negro invisível, quer dizer, só é visível como escritor dito “universal”?
Eduardo de Assis: Em grande medida sim, pelo próprio movimento negro, alguns setores já escreveram artigo colocando que ele se embranqueceu, que ele traiu seu povo, ele não se preocupou com a questão do negro e eu quero dizer que esta idéia do Machado universal ela é muito ideológica, porque antes de ser universal ele é brasileiro, porque antes dele ser universal, não vou dizer que ele não seja universal, ele pode ser lido com muito sucesso na França, nos EUA, na Rússia ou no Japão, por exemplo, porque muitos dos dramas que ele constrói nas suas histórias, podem estar acontecendo aqui ou no Japão. Agora a partir daí, este lado universal dele, obscurecer o lado brasileiro é que aí a gente já não pode concordar mais, porque além de ser um escritor universal, ele é um escritor brasileiro, e além de ser brasileiro, ele é um brasileiro afro-descendente, esta é uma questão que é preciso ser lembrada também, então eu penso que esta nossa contribuição vem somar mais um tijolinho nesta construção, neste novo olhar, que aos poucos a gente vai revendo as coisas e vendo que há ângulos que ainda não foram destacados na trajetória do Machado de Assis.
RCO: Qual a sua apreciação da literatura negra no Brasil?
Eduardo de Assis: Olha a literatura negra no Brasil, ou negro brasileira ou afro-brasileira é uma literatura pujante, é uma literatura que desde o século XVIII, nós temos aí mais de 100 escritores, com livros publicados e a maioria destes escritores está no limbo, está no esquecimento, mas é uma literatura importante, porque a literatura em tempos passados teve uma importância muito grande e talvez hoje não tenha mais tanta, porque naquele tempo não tinha novela de televisão, aquele tempo você não tinha o cinema, aquele tempo você não tinha os blogs de internet, então a literatura era o grande lazer das pessoas, as pessoas chegavam a noite e pegavam um livro e alguém lia para uma platéia de 10, às vezes 15, a família toda reunida em torno de alguém que lia o livro para o grupo todo e no movimento operário, por exemplo, no início do século XX, os operários que sabiam ler, eles liam para os operários que não sabiam ler, era uma forma de divulgar a literatura e grandes autores como Jorge Amado, que eu estudei no meu doutorado, por exemplo, declaravam isso, inclusive há personagens no Jorge Amado “o capitão de areia” por exemplo, um menino só que sabia ler, ele reunia os outros meninos todos que não sabiam e ele lia para os outros. Então a literatura sempre foi um veículo muito forte de difusão de idéias difusão das lutas política também, conseqüentemente, a literatura negra, ela não só existe, muita gente diz que ela não existe, eu creio que ela existe e posso afirmar isso a partir de todo uma pesquisa feita aqui na UFMG e outras universidades do Brasil, outros colegas do exterior, ela não só existe como é uma literatura variada, não é um samba de uma nota só, de maneira nenhuma ela se manifesta no teatro, com Abdias Nascimento ela se manifesta na poesia com inúmeros poetas, tanto os mais antigos como Lino Guedes, Lima Barreto, Cruz e Souza e Solano Trindade e tantos outros como os mais novos como Osvald de Camargo, o Cuti os poetas negros de São Paulo os poetas do grupo quilomboja ela se espalha ao longo do tempo ao longo de todo este país, existe gente publicando em Sergipe, no Amazonas, enfim há uma produção muito grande e muito variada e uma das ênfases que eu vejo nesta literatura é a ênfase militante, uma linhagem, vamos dizer, uma corrente, que assume a questão política como um eixo condutor, a luta contra o preconceito, a luta contra a discriminação racial, a denúncia das condições de vida do negro no país, por outro lado, indo ao passado, o negro heróico, o negro visto não apenas como escravo, mas o negro como alguém que lutou, alguém que reagiu, que lutou que brigou no quilombos, que se revoltou, que criou um estado livre, independente, sem escravidão em pleno século XVII, que é o quilombo de Palmares, quer dizer Palmares resistiu por mais de 100 anos em Alagoas, na Serra da Barriga com Gangazumba, Zumbi, há todo uma passado que precisa ser resgatado.
Enfim, há todo um passado para ser resgatado que essa literatura toca nisso e roca muito bem. Então eu faço uma apreciação muito positiva da literatura negra no Brasil
RCO: Porque, na sua opinião, o Brasil, embora conte com grande nomes da literatura, como Lima Barreto, Solano Trindade, Cruz e Souza, não há, como uma corrente fundamental uma grande literatura negra como nos EUA que produziram Richard Wright, Ellison, Langston Hugues, James Baldwin etc. A que você atribui isso?
Eduardo de Assis: Parte desse processo que eu estou te falando de visibilidade, nós temos também grandes autores, mais poetas do que romancistas, esse é um fato. Nós tempos poucos romancistas na literatura afro-brasileira, nós temos mais poetas do que romancistas, e o que a poesia nessa espécie de ranking que é feito das preferências, o público prefere muita mais ler a prosa, o conto do romance do que ler poesia. Então nós temos esse handicap nós temos mais poetas do que romancistas, esse é um aspecto. Por outro lado agente tem que ver que a literatura negra dos EUA, a literatura afro-americana ela se desenvolve em paralelo a grande formação de um público leitor negro nos EUA. Como eu estou insistindo, não existe literatura sem leitor e no Brasil nós temos um problema sério que é o problema do baixíssimo coeficiente de alfabetização ao longo do século XX, e isso vai se alterando, mas desde a abolição isso o que se repete o que ver por ai é o que? É entre os analfabetos os negros e os afro-descendentes, de uma maneira geral, eles são a maioria, quer dizer, existe ainda um pouco convívio com a leitura, pouco convívio com o livro, além disso passa pelo fator econômico também porque eles estão na base da pirâmide socioeconômica do País. Livro é caro no Brasil, o livro é muito caro, então isso só faz engrandecer o esforço desses autores que estão ai insistindo, publicando, muitas vezes publicando por circuitos alternativos, etc. para o que? Para ir para as periferias, fazer rodas de poema, juntar com os meninos hippies, fazer todo um movimento no sentido de ampliar o público leitor, é uma questão de público leitor também. Nos EUA existe um público leitor negro, que se orgulha de ser negro muito maior do que tem no Brasil, não só porque eles são um país maior, têm uma população maior, uma população alfabetizada e leitora muito maior também. No Brasil o livro ainda é um objeto de luxo para muita gente, um livro custa 10% de um salário mínimo. O livro no Brasil ainda é caro e é preciso haver campanhas de estímulo à difusão do livro. Eu acredito nesses dois fatores. O movimento negro é mais avançado no sentido de que nos EUA foi se formando uma classe média negra muito antes do que no Brasil. O aceso dos negros às universidades de lá se deu muito antes. Hoje no Brasil nós ainda brigamos por isso. Da população com diploma de nível superior no Brasil hoje, só 3% é de afro-descendentes, ainda há uma desigualdade social muito grande. Todos esses fatores vão contribuindo, mas agora mesmo existe uma escritora daqui de Minas, Ana Maria Gonçalves, que acabou de receber o prêmio “Carta pela Américas”. Em Cuba por seu romance “Um defeito de Cor”, uma escritora afro-descendente e que acaba de publicar esse romance “Um defeito de Cor”, que é um grande romance, um romance de 950 paginas. Publicou por uma grande editora e já esta premiada, esta sendo conhecida internacionalmente. Então eu creio que eu sou muito otimista, eu acho que aos poucos nós estamos crescendo.

RCO: A Rádio Causa Operaria agradece a sua participação, obrigada.
Eduardo de Assis: Por nada, estou à disposição de vocês e um abraço aos ouvintes.
http://www.pco.org.br/conoticias/especiais/entrevista/9_9_entrevista_assis.html – 2007

Coleção sobre escritores negros será lançada no Rio

Será lançada no dia 28 de novembro, no Rio de Janeiro, a coleção “Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica”, organizada pelo professor Eduardo de Assis Duarte, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A coleção reúne, em quatro volumes, uma série de ensaios e referências bibliográficas sobre cem escritores afrodescendentes dos tempos coloniais até hoje.

Fruto da colaboração de 61 pesquisadores de 21 universidades brasileiras e seis estrangeiras, a coletânea procura organizar a ainda dispersa reflexão acadêmica atual sobre o tema, num percurso histórico que vai de clássicos (Machado de Assis, Lima Barreto, Cruz e Souza) a contemporâneos (Nei Lopes, Paulo Lins, Ana Maria Gonçalves), passando por nomes importantes esquecidos (Maria Firmina dos Reis, José do Nascimento Moraes).

Coordenador do grupo de pesquisa “Afrodescendências na Literatura Brasileira” da UFMG (cujo trabalho pode ser acompanhado no site: http://www.letras.ufmg.br/literafro/), Eduardo de Assis Duarte diz que o objetivo da antologia não é estabelecer um cânone da literatura afro-brasileira, e sim compensar omissões da crítica nacional a autores negros – e à presença da questão racial na obra de escritores consagrados (tema de outro livro do pesquisador, “Machado de Assis Afrodescendente”, de 2007).

“Nossa antologia não pretende instituir um cânone, mas trazer elementos para se refletir sobre as diversas facetas desta literatura brasileira como um todo. Não se trata de evangelizar, criar novos altares (ou novas alturas), mas de fornecer elementos para uma formação mais aberta à diversidade, sobretudo para os jovens estudantes e pesquisadores de nossa literatura”, disse Duarte.
Já disponível nas livrarias, o lançamento oficial da coleção contará com a presença de 20 escritores cariocas (ou residentes no Rio) incluídos na antologia e uma homenagem a Abdias Nascimento.

Serviço
O quê: Lançamento da coleção “Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica”, organizada pelo professor Eduardo de Assis Duarte
Onde: Teatro Machado de Assis da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
Quando: Dia 28 de novembro, segunda-feira, às 18h
Fonte: O Globo (com adaptações)

I COLÓQUIO INTERNACIONAL ÁFRICAS,LITERATURA E CONTEMPORANEIDADE - de 07 a 11 de novembro de 2011

PROGRAMAÇÃO GERAL

Sessão de abertura.

Data: 07/11 (segunda-feira).

Horário: 19h30.

Local: Sala 24 do Prédio de Filosofia e Ciências Sociais.



Mesa 01: Áfricas, culturas e ensino

Coordenação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior

Participantes: Profas. Dras. Fernanda Cavacas

(Universidade de Aveiro) e Mônica Lima e Sousa

(UFRJ)

Resumo: A mesa pretende focalizar aspectos culturais e relações entre o Brasil e o continente

africano, propondo formas de abordar a Literatura e a História nos vários níveis de ensino.

Data: 08/11 (terça-feira).

Horário: 14:30 horas.

Local: Sala 266 do Prédio de Letras.



Mesa 02: Perigosas relações: marcas da colonialidade em tempos pós-coloniais

Coordenação: Profa. Dra. Rita Chaves

Participantes: Profa. Dra. Manuela Ribeiro

Sanches (Universidade de Lisboa) e Prof. Dr. Omar

Ribeiro Thomaz (UNICAMP)

Resumo: A mesa pretende colocar em foco os impasses legados pela experiência colonial, tendo em conta as perspectivas da História, das Ciências Sociais e da Literatura.

Data: 09/11 (quarta-feira)

Horário: 9:30 horas.

Local: Sala 24 do Prédio de Filosofia e C. Sociais.



Mesa 03: O Império e a Memória: formas de resistência e representação

Coordenação: Profa. Dra. Salete Almeida Cara

Participantes: Profa. Dra. Tania Macêdo (USP) e

Prof. Dr. José Luís Cabaço (Universidade Técnica

de Moçambique)

Resumo: A mesa visa a iluminar dois aspectos importantes do Império Colonial Português: a questão do trabalho, fundamental para a relação entre colonizador e colonizado, e a da cultura e formação, na metrópole, de organizações de resistência ao colonialismo

Data: 09/11 (quarta-feira).

Horário: 19:30 horas.

Local: Sala 266 do Prédio de Letras.


MESA 04: Projeção do filme “A Ilha dos Espíritos”, de Licínio Azevedo

Coordenação: Profa. Dra. Tania Macedo

Participantes: Profs. Drs. Benjamin Abdala Jr,

Emerson Inácio, Fabiana Carelli, Fernando Arenas,

José Luís Cabaço e Rita Chaves


Sinopse do filme: Para contar a história da Ilha de Moçambique, neste documentário, intervêm um historiador especializado nela e um arqueólogo marítimo que traz à superfície tesouros há muito perdidos em naufrágios. O quotidiano dos seus habitantes, atividades, hábitos, cultura, é dado a conhecer por inúmeros outros personagens: um pescador que relata as aventuras na

sua frágil embarcação, o porteiro da ilha, que controla quem entra e sai pela ponte que a liga ao continente; uma famosa dançarina e animadora cultural; uma colecionadora de capulanas e jóias; uma conhecedora dos seres mágicos que povoam o imaginário coletivo dos ilhéus. Uma pequena ilha, uma grande história. Muito antes de dar nome ao país, durante séculos, a Ilha de Moçambique teve um papel fundamental no Oceano Índico.

Pontos para o debate: A Ilha como espaço de troca e a sua relevância na História de Moçambique; a Ilha na perspectiva dos historiadores e na visão dos poetas; a força do passado da Ilha e os dilemas do presente.


Data: 10/11 (quinta-feira).

Horário: 14:00 horas.

Local: Sala 266 do Prédio de Letras.

MESA 05: África, culturas e contemporaneidades globais

Coordenação: Prof. Dr. Mário Lugarinho

(Universidade de São Paulo).

Participantes: Profs. Drs. Sílvio Renato Jorge (UFF) e Fernando Arenas (Universidade de Michigan)

Resumo: A mesa pretende discutir manifestações culturais contemporâneas nos países africanos de Língua Portuguesa, diversas à literatura, que definem uma perspectiva cultural pós-colonial

Data: 11/11 (sexta-feira).

Horário: 14:30 horas.

Local: Sala 260 do Prédio de Letras.


MESA 06: Literatura de Cabo Verde e a interface com outras artes e saberes

Coordenação: Profa. Dra. Simone Caputo Gomes (USP).

Participantes: Embaixador Daniel António Pereira (Embaixada da República de Cabo Verde na República Federativa do Brasil) e Prof. Dr. Jorge Vicente Valentim (UFSCar).

Resumo: A mesa tem como objetivo refletir acerca da literatura cabo-verdiana na relação com a cultura crioula, a história do país e com outras artes, como a música.


Histórias e Contos Afro-Brasileiros

Duas contadoras entram em cena com pequenos instrumentos e cantando músicas histórias e mitos afro-brasileiros. De forma dinâmica, uma delas começa a contar uma história, que é sempre complementada pela outra contadora com vozes, elementos sonoros e comentários que a primeira contadora pode ter “esquecido” de narrar. Com a Cia. Dona Conceição. Itinerante pela Unidade

SESC Carmo - SP
Dia(s) 04/11, 11/11, 18/11, 25/11
Sextas, às 12h

Campanha da Secretaria de Estado da Cultura seleciona vídeodocumentários curtos sobre a população negra

Qualquer pessoa pode participar da campanha “Nós, os afro-brasileiros”, inclusive com vídeos caseiros. Inscrições acontecem na internet

A Secretaria de Estado da Cultura está com as inscrições abertas para a campanha participativa “Nós, os afro-brasileiros”, visando à conscientização para a diversidade étnica e cultural. Qualquer pessoa pode se inscrever com pequenos vídeodocumentários de 3 a 5 minutos, apresentando personagens, fatos, lugares e histórias que tenham como base o fortalecimento da população negra. As inscrições podem ser feitas pelo site www.cultura.sp.gov.br/generoseetnias.

Pensada dentro das comemorações do Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, declarado em 2011 pela Organização das Nações Unidas, a campanha “Nós, os afro-brasileiros” estimula a produção do público, que terá seu material avaliado pelo curador Jéferson DE. Os 40 vídeos selecionados serão editados num DVD produzido pela Secretaria de Estado da Cultura e exibidos em mostras. O tema dessa campanha foi escolhido através de parceria com o Museu Afro Brasil.

“A cultura é um dos caminhos para transformar as pessoas e a sociedade. Realizando campanhas como esta, estamos agindo diretamente para reduzir preconceitos, promovendo o reconhecimento e o fortalecimento de grupos hoje discriminados”, afirma o Secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo.

A ação é coordenada pela Assessoria de Cultura para Gêneros e Etnias que, desde 2007, realiza campanhas com foco no combate às discriminações e no fortalecimento das identidades. Neste ano, além de “Nós, os afro-brasileiros”, foram lançadas também “Laços afetivos”, com foco na diversidade sexual, e “Pela arte se inclui”, que reunirá exemplos de ações e projetos de inclusão de pessoas com deficiência.

Em “Laços afetivos”, o público poderá contribuir com crônicas, depoimentos e reportagens sobre as relações familiares, de amizade, no trabalho e na escola, entre pais e filhos heterossexuais ou homossexuais. Os melhores trabalhos serão selecionados pelos curadores Laura Bacellar e João Federici; os ganhadores farão parte de um livro.

Já em “Pela arte se inclui”, os melhores exemplos de trabalhos ligados à inclusão de pessoas com deficiência nas áreas da literatura, dança, fotografia, teatro, canto, música, circo, desenho e cinema também vão compor um livro/catálogo e participar de programação montada por ocasião das datas comemorativas de pessoas com deficiência.


Inscrições
Os interessados poderão se inscrever no endereço:
www.cultura.sp.gov.br/generoseetnias.

Banquete dos Orixás

A contribuição africana na formação da cozinha brasileira aparece tanto na utilização de ingredientes e modos de preparo quanto na criação de mitos e crendices. Com grande destaque, a região da Bahia é por vocação a maior herdeira dessas raízes. O uso do azeite de dendê e as comidas de santo estão entre os maiores símbolos da presença africana na cultura alimentar brasileira. Para falar sobre o assunto o especialista Reginaldo Prandi contextualizará as influências africanas na alimentação brasileira e a Chef Tereza Paim, proprietária do restaurante Terreiro da Bahia, criará um prato inspirado no tema para ser degustado pelo público. Salão I. 200 lugares. Ingressos antecipados pelo sistema INGRESSOSESC a partir de 30/09.

SESC Carmo - SP
Dia: 20/10
Quinta, das 19h às 21h.

R$ 20,00 [inteira]
R$ 10,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante]
R$ 5,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]

http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/mostra_detalhe.cfm?programacao_id=204460

VII FESTIVAL “A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS”

De 15 a 23 de outubro de 2011 acontece a sétima edição do Festival “A Arte de Contar Histórias” em 40 bibliotecas, 9 Bosques da Leitura, 5 Pontos de Leitura e 36 roteiros dos Ônibus-biblioteca.

Confira a programaçao no link abaixo:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/noticias/?p=9474

Ensinar (com) o texto literário africano/moçambicano

OFICINA DE FORMAÇÃO

Ensinar (com) o texto literário africano/moçambicano

Dias 07, 09,16 e 18 de Novembro de 2011 ? das 19h00 às 22h00

(12 horas, com certificado)

Docente: Profª Drª Fernanda Maria Correia Lisboa de Almeida Cavacas, Universidade de Aveiro, Portugal (Mestrado em Literatura e Cultura dos Países Africanos de Língua Portuguesa e Doutorado em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, ambos pela Universidade Nova de Lisboa)

Público alvo: Professores das redes pública e privada, alunos de graduação e pós-graduação.

Objetivos:

* Possibilitar conhecimento de culturas africanas dos países de língua portuguesa;
* Identificar algumas referências das literaturas africanas de língua portuguesa através da vida e obra dos seguintes escritores: PAULINA CHIZIANE, MIA COUTO, JOSÉ CRAVEIRINHA.
* Ler comparativamente textos selecionados desses escritores enquadrando-os culturalmente para sua utilização em sala de aula.

Conteúdo:

1) A língua portuguesa e suas culturas;
2) O multiculturalismo;
3) A identidade cultural e o diálogo das culturas: interdependência estreita com os direitos do homem e os das entidades coletivas;
4) Estabelecer relações entre PAULINA CHIZIANE, MIA COUTO e JOSÉ CRAVEIRINHA através da leitura comparada e dirigida de textos selecionados dos escritores.

INSCRIÇÕES
Presencial: de 17 a 27/10/2011 - Horário: das 14 às 19h
Local: Centro de Estudos Africanos - Prédio de Filosofia e Ciências Sociais, sala 1087
Procedimento: Por ordem de chegada ou enquanto houver vagas.
Preencher devidamente a ficha de inscrição; pagamento da taxa no ato.
Valor: R$ 50,00 (material didático incluso - será entregue no primeiro dia de aula)
Número de vagas: 80 (cem) - Número mínimo de participantes: 50

Local: Prédio de Filosofia e Ciências Sociais da USP
Critérios: para fazer jus ao certificado o aluno precisa cumprir 75% de freqüência.

História oral e memória: O que é e como se faz

O curso acontece aos sábados, nos dias 29/10 e 05/11, em São Paulo

O curso “História oral e memória: O que é e como se faz” tem como propósito capacitar estudantes, professores, profissionais e quaisquer interessados para a realização de projetos de história oral. Para isso, oferece formação teórica e prática, apresentando desde os pressupostos e conceitos fundamentais desta prática como as diferentes técnicas e métodos passíveis de utilização.

Plenamente consagrada como um dos mais interessantes recursos para estudos sobre o tempo presente, a história oral surgiu em 1948 no Oral History Research Office da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Difundiu-se pelo mundo e, no Brasil, adquiriu características especiais que adaptaram este método à realidade do país.

Como método, a história oral demonstra o valor de toda e qualquer história: reconhece que cada indivíduo é protagonista dos acontecimentos sociais e que mesmo experiências particulares são derivadas de um cenário compartilhado, no qual ressoam. A coleta e reunião de histórias pessoais – que dão a ver a complexidade das experiências que formam a memória e a história coletiva – é um de seus propósitos.

Ao fim do curso, que não exige experiência prévia, os participantes terão reunido as ferramentas essenciais para a confecção de trabalhos de história oral e memória que podem ser aplicados a um sem-número de temas e campos.

Conteúdo

O que é

1.    Estudos de memória e a história da história oral no Brasil e no mundo

2.    Conceitos fundamentais para o trabalho com história oral

3.    A poética e a política da história oral

4.    História oral, história pública e autoridade compartilhada

Como se faz

1.    História oral, eletrônica, pesquisa e arquivos
O projeto de pesquisa e as modalidades de história oral

2.    A entrevista, seus recursos e cenários, técnicas e soluções

3.    Tratamento textual e literário das entrevistas

4.    Questões éticas e jurídicas na história oral

5.    Execução, tratamento, publicação de entrevistas

Serviço:

O que: Curso História oral e memória: O que é e como se faz

Quando: aos sábados, dias 29/out e 05/nov das 15h às 18h30

Onde: Rua Baronesa de Itu, 639 – Santa Cecília – SP (próx. ao metrô Marechal Deodoro)

Investimento: R$ 120,00 - inclui apostila e certificado

Inscrições/informações: historiaoralememoria@gmail.com

Facilitadores

Ricardo Santhiago. Graduado em Jornalismo, especialista em Jornalismo Científico, mestre e doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo, onde prepara tese sobre a história oral no Brasil. É pesquisador do MusiMid - Centro de Estudos em Música e Mídia, do GEPHOM - Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória e do Núcleo de Estudos em História da Cultura Intelectual. Autor dos livros "Solistas Dissonantes: História (oral) de cantoras negras" e "Alaíde Costa: Minha vida é um desafio", entre outras publicações dentro e fora do Brasil. Atua predominantemente nas áreas de história oral, história intelectual, música e literatura no Brasil, comunicações, nas quais tem produção técnica, artística e bibliográfica.

Maria Nilda é Jornalista, consultora nas áreas de Comunicação & Gestão Sociocultural.Já prestou serviços para o Ministério do Meio Ambiente, ONG Saúde Sem Limites, FOIRN – Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, coordenou a Oficina de Jornalismo Experimental da ONG Papel Jornal/SP. Foi, também, criadora e coordenadora do I Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental e do I Fórum Paulista de Jornalismo Ambiental realizados em São Paulo, entre outros.

Importante: necessária a formação de turma com 25 pessoas para que a atividade seja realizada.