III FESTIVAL MUNDIAL DAS ARTES NEGRAS

Carlinhos Brown é um dos artistas que participarão do

III Festival Mundial das Artes Negras
Por Joceline Gomes
Faltam poucos dias para o início da grande celebração internacional à cultura negra. O III Festival Mundial das Artes Negras apresentará a visão de uma África livre, criativa e otimista, em contraponto à versão sombria veiculada nas mídias em geral. O Brasil é o convidado de honra desta edição, e o Ministério da Cultura, por intermédio da Fundação Cultural Palmares, ficou encarregado de organizar a delegação que irá ao continente africano.

Símbolo do diálogo entre os povos e as culturas da Diáspora Africana, o III Festival Mundial das Artes Negras acontecerá de 10 a 31 de dezembro próximo no Senegal. A primeira edição, realizada em 1966 em Dakar, capital senegalesa, deu grande visibilidade aos anos de reconquista da dignidade dos povos negros em terras africanas, devolvidas há pouco tempo aos habitantes do continente. A segunda edição, realizada em 1977, foi organizada pela Nigéria.

DELEGAÇÃO BRASILEIRA - O Brasil é a nação com o maior número de negros ou mestiços do mundo, perdendo apenas para a Nigéria. São cerca de 90 milhões de habitantes negros ou afrodescendentes, o que transforma o território nacional em um grande símbolo da diversidade cultural. O País terá uma noite dedicada à exibição de suas riquezas musicais e outras manifestações artísticas.

As atrações envolvem grandes artistas e grupos, como Carlinhos Brown, Chico César, Margareth Menezes e a escola de samba Império Serrano. Espetáculos de dança e paradas populares inspiradas nos tradicionais festivais brasileiros farão vibrar as ruas senegalesas. E, para que a festa seja total, os sabores brasileiros não serão esquecidos. Restaurantes irão sugerir diversos pratos e especialidades brasileiras.

INTELECTUAIS - Além das manifestações artístico-culturais, o III Festival Mundial das Artes Negras incluiu na programação um fórum com intelectuais dos países envolvidos, que debaterão temáticas relacionadas à Renascença Africana. Idealizado e coordenado pelo escritor e vice-presidente da Assembléia Nacional do Senegal, Iba der Thiam, o encontro será encerrado pelo presidente do país, Abdoulaye Wade.


Fonte: http://www.palmares.gov.br/

1º Seminário de História Oral e Saúde

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizará, no dia 25 de novembro, o 1º Seminário de História Oral e Saúde, em São Paulo.
O evento é direcionado a pesquisadores, professores, estudantes e interessados em ciências da saúde, história oral, métodos qualitativos de pesquisa e áreas afins.
O seminário será constituído de conferências e mesas-redondas. “Narrativas em medicina e história oral”, “História oral, humanização e políticas públicas em saúde” e “Tratando a história: história oral e cuidados médicos” serão alguns dos assuntos do encontro.
As inscrições são gratuitas e o evento será realizado no Anfiteatro Jandira Masur da Unifesp, localizado na Rua Botucatu, 862, 1º andar, na capital paulista.

Capazes

Lima Barreto
Carolina Maria de Jesus
Machado de Assis
Gilberto Gil
Milton Nascimento
Naná Vasconcellos
Nilo Peçanha
Teodoro Sampaio
Elbert R. Robinson 
Frederick Jones
Alice Parker
John Standard
João Cândido
Jan E. Matzelinger
Madame C. J. Walker
André Rebouças
Wole Soyinka
Toni Morrison
Wangari Maathai

... continue, a lista de talentos é infinita !

Comida de Santo

“O branco europeu chegou aqui fazendo jejum na Semana Santa. Nós colocamos comida e muito tempero nessa semana e Semana Santa no Brasil é um momento de muita comida e celebração”, fala Vilma Reis, professora da UNEB e membro do SEAFRO.
http://g1.globo.com/acao/noticia/2010/11/africa-influencia-na-culinaria-e-religiao-do-estado.html

DIA 20 DE NOVEMBRO: GRUPOS DE MARACATU DO ESTADO DE SÃO PAULO REALIZAM ENCONTRO NO MUSEU AFRO BRASIL

Oito grupos tradicionais se encontram no Dia da Consciência Negra. Haverá apresentações e Debates. Grátis

 Nos dias 20 e 21 de Novembro, a partir das 13 horas, o Museu Afro Brasil- Organização Social de Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo promovem o Encontro dos Maracatus de Baque Virado de São Paulo com diversas apresentações e debates. Estão confirmadas as presenças dos grupos Cangarussu, Rochedo de Ouro, Bloco de Pedra, Ilê Alafia, Baque Sinhá, Mucambos de Raiz Nagô, Baque do Vale, Arrastão do Beco e Caracaxá. O evento faz parte das comemorações do Dia da Consciência Negra, que marca o relançamento do Livro “A Mão Afro Brasileira – Significado da Contribuição Artística e Histórica” organizado pelo artista plástico, Emanoel Araújo, Diretor-Curador do Museu Afro Brasil, com edição da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e patrocínio da empresa de energia EDP.

Original do Estado de Pernambuco, a cultura do Maracatu de Baque Virado foi introduzida em São Paulo a partir da década de 60, com o trabalho do poeta-ator-folclorista, Solano Trindade, na cidade de Embu das Artes. A partir de 1997, com o trabalho semeado pelo percussionista Éder Rocha e acompanhado por diversos mestres de Maracatu de Pernambuco, como Walter de França e Shacon Vianna, essa tradição da cultura popular ganha visibilidade no Estado.

Na última década surgiram muitos grupos de Maracatu e ações da sociedade civil relacionadas diretamente aos aspectos culturais do Maracatu de Baque Virado, espalhando-se por São Paulo, Osasco, Santos, Sorocaba, Rosana, Iguape, São Carlos, Rio Claro, Campinas e Embu das Artes.
Programação:
Sábado (apresentações de 45 min. Com 10 min de intervalo):
13h – Preparação
13h45 – Cangarussu
14h40 – Rochedo de Ouro
15h35- Bloco de Pedra
16h30 – Ilê Alafia
Domingo (apresentações de 30 min. Sem intervalo):
13h – Preparação
13h30 – Baque Sinhá
14h – Mucambos de Raiz Nagô
14h30 – Baque do Vale
15h – Arrastão do Beco
15h30 – Caracaxá
16h às 18h – Debates:
1. Raquel Trindade e Família apresentam a história de seu Maracatu e do Teatro Popular Solano Trindade;
2. Apresentação Geral da Trajetória dos Grupos;
3. Organização para o Encontro de 2011;
4. Proposição de Agenda de interesses comuns (Artística e Cultural);
5. Apresentação de iniciativas da Rede: Maracatu.org.br, Encontro Europeu de Maracatus e Associação de Maracatus de Baque Virado de Pernambuco.
Serviço:

Encontro dos Maracatus de baque Virado de São Paulo
Sáb. e Dom. - 20 e 21/11 - das 13h às 18h . Grátis
Museu Afro Brasil - Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega
Parque Ibirapuera - Portão 10

Sobre os Grupos
Cangarussu - http://grupocangarussu.blogspot.com/
Rochedo de Ouro - http://rochedodeouro.maracatu.org.br/

O Rochedo de Ouro é um grupo artístico que vivência a cultura do Maracatu de Baque Virado através de sua música e dança. Um trabalho que valoriza a cultura tradicional, atuando na cidade de São Carlos desde 2002, realizando arrastões pelas ruas de diversos bairros, bem como apresentações em eventos e comemorações. No âmbito da tradição, este trabalho tem como sua principal fonte e estrela guia o Maracatu Nação Estrela Brilhante do Recife. Entendendo a importância da transmissão deste conhecimento tradicional, com seus princípios e particularidades, o grupo Rochedo de Ouro, já organizou seis vivências abertas entre os anos de 2003 e 2009, contando com a vinda de integrantes desse Maracatu para São Carlos – mestre da percussão Walter de França e mestre da dança Maurício Soares – e Eder Rocha quando realizaram cursos, oficinas de música e dança e palestras sobre o tema.

Bloco de Pedrahttp://blocodepedra.com.br/
Fundado na cidade de São Paulo no ano de 2005, o Grupo Maracatu Bloco de Pedra é formado por cerca de 150 pessoas de todas as idades. O grupo trabalha especificamente com a cultura do Maracatu de Baque Virado, uma manifestação secular da cultura popular e tradicional do Brasil.

Ilê Alafia - http://www.maracatuilealafia.com.br/
Baque Sinhá - O Baque Sinhá é um grupo feminino, que propõe uma releitura do maracatu de baque virado, de origem pernambucana, bem como sua dança e canto. O grupo se uniu, primeiramente com o objetivo de fazer apenas um evento em homenagem ao dia da mulher, e com o passar do tempo vimos que era muito maior que isso, a nossa união e força nos encorajaram a fundar um grupo de maracatu, que em 21 de Fevereiro de 2010 se consolidou. Hoje estamos com aproximadamente 15 integrantes oriundas de outros grupos de maracatu do estado de São Paulo. Só mulheres tocam no Baque Sinhá, mas temos o auxílio dos entitulados “Cavaleiros” , que nos dão apoio nas apresentações, como fotógrafos, dançarinos e amigos.
Baque do Vale - http://baquedovale.com.br/

Arrastão do Beco - http://arrastaodobeco.blogspot.com/
O Arrastão do Beco é um grupo brincante de música percussiva da zona Sul de SP fundado em 2007, que trabalha com diversas linguagens dos folguedos populares. Dissemina através dos toques, cantos e danças a cultura das manifestações afro-brasileiras baseadas nas congadas, nos cocos de roda, nas cirandas, nos candomblés das nações de Angola e Kêtu, e principalmente nos maracatus de baque virado, sendo esta última manifestação a sua identidade principal.

Caracaxá - http://ciacaracaxa.maracatu.org.br/
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Parque Ibirapuera- Portão 10
São Paulo- SP - Brasil
http://www.museuafrobrasil.org.br/

Projeto "Que país é este?" enfoca Moçambique

A República de Moçambique e a sua contribuição para a formação da cultural brasileira são os temas do projeto ''Que país é este?'' do mês de novembro. As atividades programadas vão propiciar um mergulho nas tradições e riquezas deste país africano.

Para o professor-doutor Carlos Subuhana, convidado pelo Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso para ser o curador, deste mês, do projeto Que País É Este?, que enfoca a República de Moçambique, a contribuição dos africanos na cultura nacional tem sido um elemento fundamental na formação da identidade do povo brasileiro. “É impossível pensar o Brasil nos mais diversos aspectos, como cultura e religião, sem levar em conta essa importante influência, que se estende ao longo dos últimos quatro séculos”, afirma o curador.

Com o objetivo de proporcionar um mergulho na riqueza das tradições socioculturais, da literatura e história, o evento promove atividades como palestras, encontros, oficinas e sarau, que mostram parte da diversidade e da complexidade presente no continente africano.
Entre os convidados está Ungulani Ba Ka Khosa, considerado um dos 100 melhores escritores africanos do século XX. O autor conversa com o público, e seu livro Ualalapi (1987) serve como base para que a doutoranda em Letras, Luana Antunes, comente alguns recursos estético-discursivos utilizados por ele. Dividida em seis episódios, a obra, ganhadora do grande prêmio de ficção moçambicana em 1990, conta a história de um guerreiro destinado a matar um rei (“hoi”, em idioma Tsonga). Com a morte deste, o irmão assume seu lugar. Khosa publicou também obras como Orgia dos loucos (1990), No reino dos Abutres (2001) e Choriro (2009).

Entre os temas abordados em outras palestras do evento estão Moçambique, história e cultura, com o pesquisador Rafael Chivuri, e A Mulher moçambicana, com Lidia Justino Mondlane, fundadora da Associação Nacional dos Enfermeiros de Moçambique. Em Tecidos e identidades africanas, a antropóloga Luciane Silva fala sobre o significado das túnicas africanas conhecidas como capulanas, e as mensagens sociais que os diferentes tecidos empregados em suas confecções transmitem.
Haverá, ainda, uma oficina em que as moçambicanas Leonilda Muatiacale e Bernadete João ensinam como fazer as tranças que enfeitam as cabeças de homens e mulheres; um sarau com danças, músicas e contos do país; e um encontro com o objetivo de estreitar laços entre o Brasil e Moçambique.
O evento ocorre entre os dias 14 e 17 de novembro e, para participar, é necessário fazer inscrição.
Confira a Programação:
QUE PAÍS É ESTE?: “MOÇAMBIQUE”
Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso. Zona Norte. Grátis
Curadoria: Carlos Subuhana (moçambicano com pós-doutorado em Antropologia pela Universidade de São Paulo).
Inscrições na recepção do CCJ.

 
CAFÉ CULTURAL: “UNGULANI BA KA KHOSA E A CIRANDA DAS VOZES”
Com Luana Antunes Costa (doutoranda em Letras pela USP e autora do livro Pelas águas mestiças da história: uma leitura de “O outro pé da sereia” de Mia Couto).
A partir de leitura da obra Ualalapi, de Ungulani Ba Ka Khosa, a pesquisadora apresenta alguns dos recursos estético-discursivos que são pilares da escrita do autor moçambicano.
50 vagas. Espaço Sarau. Dia 14, das 14h às 16h

DIÁLOGOS: “UNGULANI BA KA KHOSA”
Parceria: Sistema Municipal de Bibliotecas e Biblioteca São Paulo.
Pela segunda vez no Brasil, o escritor moçambicano, autor dos livros Ualalapi, vencedor do grande prêmio de ficção moçambicana em 1990, Orgia dos loucos e outros, conversa com o público sobre a produção literária em seu país e sobre sua trajetória como escritor.
50 vagas. Espaço Sarau. Dia 14, das 16h às 18h
MOÇAMBIQUE – HISTÓRIA E CULTURA
Com Rafae Chivure (mestrando em Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista).

O pesquisador apresenta um panorama sobre a evolução histórica e a diversidade cultural de Moçambique. O documentário Moçambique, produzido pela produtora Videografia em parceria com a TVE Brasil, é exibido antes da palestra.
50 vagas. Espaço Sarau. Dia 21, das 14h30 às 17h

TECIDOS E IDENTIDADES AFRICANAS
Com Luciane Silva (professora e antropóloga com especialização em diáspora africana pela Universidade de Maryland, EUA).
Na África, os diferentes tecidos servem como articuladores das percepções de gênero, geração, etnicidade, filiações política e nacional entre os povos. No vestuário, o pano é também palavra, portador de mensagens sociais. Neste encontro, a antropóloga mostra as produções têxteis industriais do continente, com recorte específico nas capulanas de Moçambique e seus significados.
50 vagas. Espaço Sarau. Dia 21, das 17h às 18h30

INTERCONEXÕES HUMANAS
Realização: Instituto Voz, Liga dos Direitos Humanos (LDH) e Centro Cultural Brasil Moçambique (CCBM).

Encontro com o objetivo de estreitar laços entre Brasil e Moçambique em produção colaborativa audiovisual, difundir a produção, fomentar e promover trocas na perspectiva de envolver outros protagonistas e construir políticas públicas entre a Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP).


50 vagas. Espaço Sarau. Dia 27, das 10h às 14h

OFICINA: “TRANÇAS MOÇAMBICANAS – ALIANDO ESTILO, MODA E BELEZA”
Coord.: Leonilda Muatiacale (moçambicana de Tete e doutoranda em Comunicação e Semiótica) e Bernardete João (moçambicana da Zambézia e licenciada em Pedagogia).
Desde pequenas, as meninas moçambicanas aprendem a fazer tranças em casa como brincadeira. Depois, compreendem que, aliadas às vestimentas e adornos, as tranças são uma verdadeira arte na cabeça de mulheres e homens que primam pela beleza, moda e pelo estilo próprio de acordo com a sua personalidade.
20 vagas. Mirante. Dia 27, das 11h às 13h

A MULHER MOÇAMBICANA
Com Lidia Justino Mondlane (mestra em Ciências de Educação e fundadora da Associação Nacional dos Enfermeiros de Moçambique).
A pesquisadora fala sobre a mulher moçambicana no campo, no mercado de trabalho e na política e apresenta sua transição e presença na construção do país.

50 vagas. Espaço Sarau. Dia 27, das 14h30 às 16h


COISAS DE MOÇAMBIQUE
Produção: Tânia Piffer e Sandra Lessa (Senhora Cia. de Arte).

Sarau que apresenta a cultura tradicional moçambicana por meio de contos, músicas e danças. No final do encontro, ocorre um desfile de capulanas com Julieta e Delicia Catarina.

100 vagas. Espaço Sarau. Dia 27, das 17h às 19h

Serviço
Que País É Este?
Data: 14 e 17 de novembro
Local: Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso. Endereço: Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641, Vila Nova Cachoeirinha - São Paulo - Brasil

Telefone: 3984-2466
Grátis

XII Festa do Livro da USP

Para quem estiver em SP, vale conferir a XII Festa do Livro da USP, que se realizará de 24 a 26 de novembro das 9h às 21h, no saguão do prédio da Geografia e História, sito à Av. Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária, São Paulo, SP.

Oportunidade para adquirir com descontos muito bons, às vezes com 50% ou mais.

Memória da educação paulista

O Arquivo Público do Estado de São Paulo acaba de lançar o Memória da Educação, um novo site temático sobre a educação paulista que abriga documentos raros dos séculos 19 e 20.

O site é direcionado a pesquisadores e interessados em história da educação. São disponibilizados relatórios, dados estatísticos, instruções pedagógicas, revistas, trabalhos escolares, além de imagens e outros documentos raros.

Cada documento traz um pouco da história da educação no campo, na cidade e no litoral, contada por alunos, professores, inspetores, diretores.
A partir deles, é possível conhecer melhor os métodos pedagógicos, as modificações na estrutura física e patrimonial da educação pública e diversos aspectos da vida cotidiana da sociedade, por meio de suas relações com o meio escolar.

Fatos históricos marcantes – como a utilização dos prédios de vários grupos escolares e escolas como quartéis nas Revoluções de 1930 e 1932 – são destacados.
O site traz também curiosidades da época, como uma prova realizada pela aluna Maria Carolina Marins, matriculada em 1896 no 4º ano do Grupo Escolar Antonio Padilha, em Sorocaba, interior de São Paulo.

Na prova da aluna são apresentados os conhecimentos adquiridos pela aluna no decorrer do ano letivo. A prova dissertativa, aplicada ao fim de cada ano, baseava-se em teste escrito sobre disciplinas escolares como física, botânica, mineralogia, língua estrangeira, língua portuguesa e música, entre outras áreas.
Segundo o Arquivo Público, novos documentos serão acrescentados gradativamente, cobrindo outros períodos e níveis de ensino.
 
Fonte: Agência Fapesp

Contadores de Estórias Miguilim de Cordisburgo

Miguilins: muita estória para contar


Por Carlos Jáuregui e Flávia Ayer
Miguilim, personagem de Guimarães Rosa, transpôs as barreiras da ficção e ganhou as ruas da pequena Cordisburgo, terra natal do escritor. Em 1995, foi fundado o Grupo de Contadores de Estórias Miguilim, que narra contos da obra de Guimarães Rosa. “O nosso objetivo é facilitar Guimarães Rosa, é mostrar para as pessoas que ele pode ser lido”, afirma Fábio Barbosa, de 25 anos, integrante da primeira turma de Miguilins.

Atualmente, o Grupo possui cerca de 40 integrantes, entre 11 e 25 anos. A preparação para contar estórias inclui o estudo da biografia e obra de Guimarães Rosa, a aprendizagem da técnica de “contação” de estórias, além de regras de comportamento.

A fundadora do Grupo Miguilim, Calina Guimarães, prima de Guimarães Rosa, afirma que “o trabalho com a contação de estórias dá aos Miguilins muita firmeza e responsabilidade na profissão. Eles se dedicam mesmo”. Calina completa: ”sem eles eu não vivo não”, emocionada após mais uma apresentação do Grupo, durante a Semana Roseana, que aconteceu de 4 a 10 de julho, em Cordisburgo.

http://www.manuelzao.ufmg.br/festivelhas1/salaimprensa/miguilim.htm

Balada Literária acontece de 18 a 21 de novembro

Entre os dias 18 e 21 de novembro acontece a Balada Literária, em diversos pontos da Vila Madalena, na Zona Oeste.


A BALADA LITERÁRIA completa cinco anos. E se consolida como um dos mais importantes e descontraídos eventos literários do país. É quase uma centena de artistas, nacionais e internacionais, em mesa de debate, em mesa de bar, no palco, trocando ideias, festejando lançamentos.
A homenageada desta edição é a escritora paulistana LYGIA FAGUNDES TELLES, que tem toda a sua obra relançada pela Companhia das Letras - como o romance As Meninas e o livro de contos Antes do Baile Verde.
"Desde o ano passado anunciamos esta celebração à grande Lygia. Ela aceitou com alegria o brinde que, agora, vamos levantar para ela", diz o escritor pernambucano Marcelino Freire, criador e organizador do evento, ao lado da Livraria da Vila e da Ato Cidadão e com o apoio da Biblioteca Alceu Amoroso Lima, Centro Cultural b_arco, Edith, Itaú Cultural, Goethe-Institut, SESC Pinheiros, Teatro Brincante, Teatro da Vila e do bar Mercearia São Pedro.
Desde 2006 a BALADA LITERÁRIA já reuniu, entre outros, Adélia Prado, Angeli, Chico César, Cristovão Tezza, David Toscana, Efraim Medina Reyes, Francisco Alvim, João Gilberto Noll, João Ubaldo Ribeiro, José Luandino Vieira, José Luís Peixoto, Luis Fernando Verissimo, Laerte, Márcio Souza, Mario Bellatin, Mário Prata, Paulo Lins e Tony Belotto.
Desta vez, de 18 a 21 de novembro, estarão na Vila Madalena Alberto Manguel, Antonio Nóbrega, Alice Ruiz, Augusto de Campos, Beth Goulart, Botika, Cid Campos, Emicida, Eunice Arruda, Jorge Furtado, José Castello, Luiz Antonio de Assis Brasil (que também coordenará uma oficina de criação), Marcelo Rubens Paiva, Siba e Vitor Ramil, etc.
De novidades para esta edição, Freire destaca a homenagem que será feita ao editor Massao Ohno, ao poeta Roberto Piva e ao escritor e ator Alberto Guzik, mortos este ano.
Também merecem destaque a apresentação da peça "Los Críticos También Lloran", baseada na obra do chileno Roberto Bolaño e encenada por um grupo que reúne autores/atores espanhóis e venezuelanos, e a presença do escritor alemão Ulrich Peltzer, que inaugurará a parceria da BALADA LITERÁRIA com o Goethe-Institut.

Ver programação  http://baladaliteraria.zip.net/


Portinari na internet e para todos

Por Fábio de Castro


Pesquisador das áreas de engenharia de telecomunicações e de matemática, João Candido Portinari deixou a carreira acadêmica de lado há 35 anos, quando decidiu se dedicar integralmente a um projeto grandioso: localizar, digitalizar e catalogar as mais de 5 mil obras de seu pai, Candido Portinari (1903-1962), um dos principais artistas brasileiros.

O Projeto Portinari conseguiu disponibilizar em forma digital praticamente toda a obra do artista. De acordo com João Candido, a iniciativa é uma forma de corrigir uma consequência perversa da importância e do reconhecimento da obra de seu pai: com a maior parte de seus quadros dispersa em coleções privadas de todo o mundo, o pintor que dedicou sua vida a retratar o povo tem sua obra inacessível ao público geral.
Depois de 20 anos de pesquisas, qualificadas por João Candido como “um verdadeiro trabalho de detetive”, toda a obra foi catalogada. Nos últimos 13 anos, o Projeto Portinari tem divulgado a obra do pintor por todo o Brasil, realizando exposições itinerantes em comunidades afastadas, com foco especial nas crianças.
O próximo passo do projeto será grandioso: trazer de volta ao Brasil, temporariamente, a obra Guerra e Paz: dois painéis de 14 metros de altura que foram concebidos especialmente para a sede das Nações Unidas, em Nova York.

Com a sede passando por uma grande reforma, o Projeto Portinari conseguiu a guarda dos dois painéis até 2013. A obra, concluída em 1956, foi a última de Portinari e causou sua morte. Durante os cinco anos em que trabalhou nos painéis de 140 metros quadrados, o pintor já estava intoxicado pelo chumbo das tintas a óleo. Ele morreria no início de 1962 em decorrência do envenenamento.

 
Considerada pelo próprio Portinari como sua melhor obra, os painéis de Guerra e Paz serão apresentados em dezembro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cidade onde foram apresentadas ao público brasileiro por uma única vez antes de serem embarcados para os Estados Unidos, há 53 anos. Em seguida, serão submetidos a uma restauração que poderá ser acompanhada pelo público, em processo que levará alguns meses. Após o restauro, passarão por diversas cidades, acompanhados de 120 estudos preparatórios executados por Portinari entre 1952 e 1956.
No dia 21 de outubro uma exposição com as 25 obras de Portinari que ilustram o Relatório de Atividades FAPESP 2009 foi inaugurada na sede da Fundação, em São Paulo. Na ocasião, João Candido concedeu à Agência FAPESP a seguinte entrevista:
Agência FAPESP – O Projeto Portinari fez a digitalização de praticamente todas as obras de seu pai. Quais foram as dificuldades encontradas para realizar o levantamento de uma obra tão extensa?

João Candido Portinari – De fato é uma obra extensa. Conseguimos catalogar mais de 5 mil obras. Esse número correspondia à estimativa que tínhamos, antes de iniciar o trabalho, de que ele teria produzido um trabalho a cada três dias, em média, durante cerca de 40 anos, incluindo os grandes painéis e murais que levavam vários meses ou anos para ser realizados. Quando começamos o levantamento, a situação era dramática, pois o paradeiro da maioria das obras era desconhecido, não havia nenhum museu, nenhum catálogo e os livros sobre sua vida e obra estavam esgotados.. Foi um trabalho de detetive que consumiu muitos anos, porque se trata de uma obra dispersa não só em coleções privadas do Brasil, mas em vários países. Encontramos obras nas Américas, na Finlândia, na antiga Tchecoslováquia, no Canadá, na África do Sul, em Israel, no Haiti e em muitos outros países.

 
Agência FAPESP – Quanto tempo levou esse processo?

João Candido– Essa fase de atividade de rastreamento, localização, catalogação e digitalização consumiu inteiramente os primeiros 20 anos do projeto. Foi uma aventura que só teve sucesso graças à solidariedade da sociedade brasileira. Esse trabalho imenso não se restringiu apenas ao levantamento das obras, conseguimos também reunir mais de 30 mil documentos.

Agência FAPESP – Qual é a natureza dessa documentação?

João Candido – Todo tipo de documento, incluindo 9 mil cartas que Portinari trocou com intelectuais e artistas de sua época, como Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Luís Carlos Prestes, Heitor Villa-Lobos, Cecília Meirelles, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade e muitos outros. É um tesouro extraordinário. Além disso, temos 12 mil recortes de periódicos que vão de 1920 até os dias de hoje. Além de compilar esse material, também produzimos novos documentos. Fizemos um programa de história oral que, ao longo de anos, entrevistou 74 contemporâneos de Portinari. Disso resultaram 130 horas gravadas em vídeo, que não se restringem a comentar sobre Portinari ou arte, mas também abordam preocupações estéticas, culturais, sociais e políticas daquela geração. Tudo isso está consubstanciado em um site, onde qualquer um pode encontrar toda a documentação.
Agência FAPESP – O Projeto Portinari tem uma sede física ou se concentra no universo virtual?

João Candido– Nossa sede fica na PUC-RJ, no Rio de Janeiro, mas você tem razão em dizer que se trata de algo primordialmente virtual. O projeto poderia estar em qualquer lugar, pois não temos nenhuma obra original, apenas reunimos os conteúdos e a pesquisa sobre o artista. Projetamos criar, no futuro, um Museu Portinari, no qual o público pudesse ter contato, em um só lugar, com toda a obra do artista. Faríamos isso com reproduções impressas em alta definição. Avaliamos que reunir reproduções de alta qualidade das 5 mil obras sairia mais barato do que fazer um museu com apenas dez obras originais. Foi o que a FAPESP fez com a exposição de reproduções atualmente em sua sede.

Agência FAPESP – Podemos dizer que, em relação ao tamanho de sua obra, Portinari é pouco conhecido?

João Candido – Sim, essa foi uma das principais motivações para o projeto e é também o que nos inspira o sonho de um dia ter um Museu Portinari. Meu pai dizia que sua obra era dedicada ao povo, mas o destino dela foi vítima de uma ironia perversa: hoje, o povo não tem acesso à sua obra, que está dispersa em coleções privadas e museus em várias partes do planeta. Isso motivou o questionamento de Antonio Callado: "segregado em coleções particulares, em salas de bancos, Candinho vai se tornando invisível. Vai continuar desmembrado o nosso maior pintor, como o Tiradentes que pintou?".

Agência FAPESP – Com a conclusão da catalogação e digitalização das obras, o Projeto Portinari cumpriu sua missão?

João Candido – Não, pelo contrário, consideramos que o verdadeiro trabalho começou a partir do momento em que tivemos todos os conteúdos levantados, catalogados, cruzados entre si e pesquisados minuciosamente. Desde então, passamos a desenvolver uma série de ações. A mais importante delas é o trabalho com crianças, realizado nos últimos 13 anos: o Brasil de Portinari.

Agência FAPESP – Como é desenvolvido esse trabalho?

João Candido– Percorremos escolas, centros culturais e prefeituras em todos os estados brasileiros. Visitamos também hospitais, populações ribeirinhas e presídios. Mas a prioridade é apresentar o trabalho às crianças. Realizamos, por exemplo, uma excursão no Pantanal recebendo crianças para uma exposição em um barco. Em 2009, fizemos uma parceria com a Marinha e percorremos o Amazonas e seus afluentes, ficando 19 dias no rio Purus. Nos navios, moradores de povoados muito precários têm contato com a obra de Portinari e recebem assistência médica e odontológica, tiram documentos, entre outras atividades.

Agência FAPESP – Como é a reação das crianças?

João Candido – Às vezes as crianças têm uma percepção visual bem mais aguçada que a dos adultos. Eles se envolvem muito e entendem imediatamente o que diz o pintor. O resultado tem sido de um sucesso extraordinário. Procuramos incentivar a criança a uma reflexão crítica sobre a realidade do mundo. A ideia é colocá-los em contato com a obra de Portinari e sua poderosa mensagem de não-violência, de fraternidade, de solidariedade, de compaixão e de respeito pelo sagrado da vida. Nada disso seria possível com uma obra que não tivesse a força do trabalho de Portinari.
Agência FAPESP – Podemos dizer que a força do trabalho de Portinari vem da preocupação com a questão social?

João Candido – Sim e isso é muito interessante. O trabalho do meu pai foi caracterizado por um experimentalismo incessante – a ponto de críticos dizerem que em sua obra há uma dezena de pintores diferentes. Mas a temática é sempre a mesma: a profunda preocupação social. Ele foi mudando o estilo e a forma de expressão. Dava importância à técnica, dizia que sem ela é impossível expressar o que vai na alma, mas destacava que seu tema era o homem. Está presente invariavelmente em sua obra esse desejo profundo de solidariedade e de compaixão.

Agência FAPESP – O excluído é o personagem central da obra do pintor?

João Candido – O excluído é um personagem absolutamente central. Ele vivia em uma região cafeeira do interior paulista que era passagem de retirantes que vinham do Nordeste. Isso impressionou de forma indelével as retinas daquele menino que presenciou a tragédia das famílias que viajavam em condições desumanas. Essa experiência despertou nele, de forma muito precoce, um sentimento de solidariedade incondicional com o excluído. Eu diria que esse sentimento solidário – e de revolta e denúncia contra a violência e as injustiças – é uma das características mais fundamentais para compreender Portinari. Esse foco na exclusão encontraria sua síntese máxima em sua última obra, os monumentais painéis Guerra e Paz. Ali, o excluído é a espécie humana inteira, submetida ao flagelo da guerra e excluída da paz.

Agência FAPESP – Quais são os outros temas importantes em Portinari?

João Candido – A partir desse eixo da preocupação com a exclusão social, a temática dele é muito abrangente, abordando questões universais e trazendo também um grande retrato do Brasil. Algo que pouca gente sabe, por exemplo, é que Portinari foi um dos maiores pintores sacros do mundo. É extraordinário como pintou tantas vezes o Cristo e as cenas bíblicas. Uma produção sacra que levou Alceu Amoroso Lima – grande pensador católico – a levantar um intrigante paradoxo: como um pintor comunista como Portinari fazia a pintura sacra com tanto fervor.
Agência FAPESP – Trata-se de fato de um paradoxo?

João Candido – O próprio Amoroso Lima concluiu que não havia paradoxo quando foi a Brodowsky, cidade natal de Portinari, visitar sua casa. Conhecendo a mãe, a avó e as tias do pintor, compreendeu que se tratava de uma típica família matriarcal italiana, de católicas fervorosas. E percebeu que não havia contradição: Portinari era um homem de um misticismo ancestral e nunca abandonou isso. Ele se recusou a seguir as diretivas do Partido Comunista Russo, de que os pintores socialistas deviam seguir os cânones do realismo socialista. Luis Carlos Prestes, que era seu amigo, teve a grandeza de perceber essa dimensão e não fazer qualquer restrição ao meu pai no Partido Comunista.

Agência FAPESP – Além da temática religiosa, o que é mais presente em sua obra?

João Candido – Por tomar para si o partido do desfavorecido, Portinari se tornou um dos maiores pintores de negros das Américas. Isso foi dito por Assis Chateaubriand, que escreveu um texto sobre a presença da África na obra de meu pai: "Portinari é o maior e mais fantástico pintor de negros que ainda viu a espécie humana. Ele sente a África com sua magia, os seus mistérios, a sua volúpia, como nenhum outro artista do pincel". A infância também é um tema recorrente. A infância está em sua obra poética, lírica. Porque é uma infância do interior do Brasil, que, apesar de ser pobre é passada sob as estrelas, no mato, brincando na rua, com animais. Isso está na obra dele de forma riquíssima, impregnada de poesia. Outro elemento é o trabalho. O trabalhador é um tema que percorre toda a sua trajetória. Tudo isso foi abordado de uma forma que apresenta sempre uma dialética entre o drama e a poesia, entre a fúria e a ternura e entre o trágico e o lírico. Em qualquer ponto da trajetória de Portinari veremos essa dialética.
Agência FAPESP – O senhor é pesquisador do ramo de engenharia de telecomunicações. Como foi sua carreira acadêmica? Ainda atua na área?

João Candido – Estudei matemática na França e lá prestei concurso para escolas de engenharia e me formei em telecomunicações. Fiz o doutoramento no Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), ainda na área de engenharia elétrica, mas já com meu interesse todo voltado, novamente, para matemática. Terminando o doutoramento, depois de dez anos fora do Brasil, em 1966 fui convidado pela PUC do Rio de Janeiro para ajudar a criar seu Departamento de Matemática. Eu tinha 28 anos. No ano seguinte fui diretor do departamento e fiquei 13 anos totalmente absorvido na pesquisa, ensino e administração. Em 1979 concebemos o Projeto Portinari. Rapidamente vi que seria impossível conciliar as duas atividades, porque o projeto ia se desdobrando e, infelizmente, tive que abrir mão da matemática.