Meus Contos Africanos

Do berço da humanidade surge o caleidoscópio de um livro que refrata a África em sua miríade de facetas e cores: o brilho ofuscante do quente sol africano, o tom azul das montanhas no horizonte, o repouso misericordioso oferecido pela água e pela mata, os estratagemas e a malícia das criaturas, tanto animais como humanas, que povoam esse vasto continente selvagem, e sua generosidade humana, seus grandes corações e seu riso sempre presente. Aqui são encontrados contos tão antigos quanto a própria África, contados ao redor de fogueiras no final do dia desde tempos imemoráveis, contos herdados dos povos san e khoi, originalmente caçadores e criadores de animais pioneiros, deixados à imaginação daqueles que vieram do mar em grandes embarcações de velas ondeantes.

Livro: Meus Contos Africanos - Seleção Nelson Mandela
Autor: Nelson Mandela
Editora: Martins Fontes

Dica de Leitura: Batuque, samba e macumba

Fina observadora de nossas tradições, Cecília Meireles ilustra estes estudos de gesto e de ritmo analisando e fixando os ritmos de samba e da macumba e suas figuras típicas, através de aquarelas e desenhos de rara beleza, que revelam para muitos esse outro lado de sua produção artística: o trabalho de folclorista e o indiscutível dom da autora para o desenho.


Autora: Meireles, Cecilia
ISBN: 8533617666
Número de páginas: 110
Editora: MARTINS / MARTINSFONTES

"O dicionário e outros contos"

Nascido nos subúrbios do Rio de Janeiro, de origem humilde, Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) iniciou sua carreira como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial. Considerado por muitos o maior escritor brasileiro de todos os tempos e um dos principais romancistas e contistas do mundo, começou a escrever durante o tempo livre e colaborou com diversos periódicos antes de tornar- se um dos fundadores e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.


Sua obra abrange praticamente todos os gêneros literários. Jornalis- ta, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, na contística refletiu sobre a cultura popular urbana e retratou o ambiente político, cultural e social do Rio de Janeiro no século XIX e na virada para o século XX. No decorrer do quase meio século da produção literária de Machado de Assis, de 1864 até sua morte, o Brasil testemunhou um ciclo de modernização, que aparece na obra do autor com suas contradições e dilemas. Em seus romances e contos, além das crônicas, pode-se acompanhar a história do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil e microcosmo de sua história urbana.


Variados são os temas e os enredos contidos nos contos apresentados nesta obra, entre os quais se destacam as críticas ao clientelismo, à insíg- nia e à demagogia na sociedade brasileira (em "O dicionário" e "Teoria do medalhão", por exemplo), os avanços tecnológicos, a religiosidade (em "O enfermeiro"), referências ao universo musical erudito e popular no Rio de Janeiro do Oitocentos ("O machete"), as relações entre os centros hegemô- nicos e os países vistos como periféricos e as ligações amorosas permeadas de privação e crueldade (em "A causa secreta"). Nesta primeira tradução da obra de Machado em árabe, observam-se a universalidade e a atualidade de sua escrita mais de cem anos após sua morte. Autor que se antecipou à sua época, Machado de Assis ajudou a popularizar o gênero conto desde cedo. Contos Fluminenses, sua primeira coletânea, data de 1870, anterior ao primeiro romance, Ressurreição. A segunda coletânea de contos, Histórias da Meia-Noite, de 1873, antecede o segundo romance, A Mão e a Luva.


Como escreveu José Veríssimo (1857-1916), "do conto foi ele, se não o iniciador, um dos primeiros cultores e porventura o primacial escritor na língua portuguesa. Efetivamente ninguém jamais contou com tão leve graça, tão fino espírito, tamanha naturalidade, tão fértil e graciosa ima- ginação, psicologia tão arguta, maneira tão interessante e expressão tão cabal, historietas, casos, anedotas de pura fantasia ou de perfeita verossi- milhança, tudo recoberto e realçado de emoção muito particular, que varia entre amarga e prazenteira, mas infalivelmente discreta". Diz a epígrafe de Várias Histórias, inspirada em Diderot: "Meu amigo, façamos sempre contos. O tempo passa e o conto da vida se completa sem disso darmos conta".


Fonte: Publicações BibliASPA - http://www.bibliaspa.com.br/obra.jsp?cod=2

Em crise, Museu Afro Brasil fecha em São Paulo

Desde sábado, o Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, está fechado para visitação. O motivo, segundo seus administradores, é financeiro: por trás da placa “temporariamente fechado" fica uma instituição que há dois meses não consegue pagar os funcionários da limpeza, a manutenção do ar-condicionado, nem mesmo os 15 educadores que atendem visitas escolares - e que, na última semana, já estavam deixando de aparecer. A dívida chega a R$ 200 mil.
Os problemas financeiros acompanham a instituição desde a fundação, em 2004. A instituição, administrada pela Associação Museu Afro Brasil, era mantida pela Prefeitura até anteontem, em contrato com valor anual de cerca de R$ 1,8 milhão, assinado com a Secretaria Municipal da Cultura. Agora, com a assinatura de um convênio com o governo do Estado, a verba destinada ao museu aumentará mais de 15 vezes - até 2012, a instituição receberá um total de R$ 28 milhões, para reformar sua estrutura, ampliar a reserva técnica e restaurar o acervo, que conta hoje com cerca de 3 mil obras.
Para sanar os problemas mais urgentes, principalmente o pagamento dos 80 funcionários, a verba prevista para 2009 é de cerca de R$ 4 milhões. Mesmo assim, não há previsão de reabertura, segundo o diretor financeiro do museu, Luiz Henrique Neves. “Podemos dizer que até sexta-feira ele fica fechado. Mas haverá uma reunião da diretoria para definir quando reabriremos.” Mensalmente, entre 13 mil e 16 mil pessoas visitam o Museu Afro Brasil - por causa do fechamento das portas, no sábado, pelo menos 10 escolas públicas tiveram de desmarcar visitas. Para entidades de defesa do movimento negro, o principal desafio na nova fase do museu - que se dedica, segundo definição própria, a “preservar o legado do negro na formação cultural do País” - é incluí-lo na agenda cultural da cidade. “É um absurdo ter chegado aonde chegou. Isso é reflexo do valor que a administração municipal, e a própria sociedade, dava a ele”, avalia Edna Roland, coordenadora, entre 2003 e 2005, da Área de Combate ao Racismo e Discriminação da Unesco no Brasil. “Que isso mude a partir de agora.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,em-crise-museu-afro-brasil-fecha-em-sao-paulo,392277,0.htm

Pesquisa indica que 99,3% das pessoas no ambiente escolar são preconceituosas


Pesquisa realizada em 501 escolas públicas de todo o país, baseada em entrevistas com mais de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, revelou que 99,3% dessas pessoas demonstram algum tipo de preconceito étnico-racial, socioeconômico, com relação a portadores de necessidades especiais, gênero, geração, orientação sexual ou territorial.

O estudo, divulgado nesta quarta-feira (17), em São Paulo, e pioneiro no Brasil, foi realizado com o objetivo de dar subsídios para a criação de ações que transformem a escola em um ambiente de promoção da diversidade e do respeito às diferenças.
De acordo com a pesquisa Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar, realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) a pedido do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), 96,5% dos entrevistados têm preconceito com relação a portadores de necessidades especiais, 94,2% têm preconceito étnico-racial, 93,5% de gênero, 91% de geração, 87,5% socioeconômico, 87,3% com relação à orientação sexual e 75,95% têm preconceito territorial.
Segundo o coordenador do trabalho, José Afonso Mazzon, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), a pesquisa conclui que as escolas são ambientes onde o preconceito é bastante disseminado entre todos os atores. "Não existe alguém que tenha preconceito em relação a uma área e não tenha em relação a outra. A maior parte das pessoas tem de três a cinco áreas de preconceito. O fato de todo indivíduo ser preconceituoso é generalizada e preocupante", disse.
Com relação à intensidade do preconceito, o estudo avaliou que 38,2% têm mais preconceito com relação ao gênero e que isso parte do homem com relação à mulher. Com relação à geração (idade), 37,9% têm preconceito principalmente com relação aos idosos. A intensidade da atitude preconceituosa chega a 32,4% quando se trata de portadores de necessidades especiais e fica em 26,1% com relação à orientação sexual, 25,1% quando se trata de diferença socioeconômica, 22,9% étnico-racial e 20,65% territorial.
O estudo indica ainda que 99,9% dos entrevistados desejam manter distância de algum grupo social. Os deficientes mentais são os que sofrem maior preconceito com 98,9% das pessoas com algum nível de distância social, seguido pelos homossexuais com 98,9%, ciganos (97,3%), deficientes físicos (96,2%), índios (95,3%), pobres (94,9%), moradores da periferia ou de favelas (94,6%), moradores da área rural (91,1%) e negros (90,9%).De acordo com o diretor de Estudos e Acompanhamentos da Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) do MEC (Ministério da Educação), Daniel Chimenez, o resultado desse estudo será analisado detalhadamente uma vez que o MEC já demonstrou preocupação com o tema e com a necessidade de melhorar o ambiente escolar e de ampliar ações de respeito à diversidade.
"No MEC já existem iniciativas nesse sentido [de respeito à diversidade], o que precisa é melhorar, aprofundar, alargar esse tipo de abordagem, talvez até para a criação de um possível curso de ambiente escolar que reflita todas essas temáticas em uma abordagem integrada", disse Flávia Albuquerque

Fonte: Da Agência Brasil
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/06/17/ult105u8241.jhtm - em Novidades do dia - 18/06/09

Samba na Tela


Cine Olido traz samba na Tela

O Cine Olido exibe, de 23 a 25/junho/09, Samba na Tela, mostra que reúne 16 filmes sobre esse gênero musical. O grupo Tias Baianas Paulistas, composto, desde 1997, por senhoras das Velhas Guardas das Escolas de Samba de São Paulo, lançou seu primeiro CD em 2009, e faz uma apresentação especial na abertura do evento, dia 23, às 18h, no corredor da Galeria Olido. Após o show, às 19h, será exibido um curta sobre o grupo, dirigido em 2008 por Gustavo Mello, Eduardo Piagge e Luiz Ferraz. A produção foi patrocinada pelo edital Crônicas da Cidade, da Secretaria Municipal de Cultura.

Dia 24, às 15h, tem início a maratona de longas e curtas-metragens. Entre as produções apresentadas está Samba à paulista: fragmentos de uma história esquecida (2007), também de Gustavo Mello. Dividido em três partes, o trabalho mostra, respectivamente: a origem do samba paulista e sua vertente caipira; relatos sobre a história dos cordões e escolas de samba, além da rivalidade que havia entre as agremiações Camisa Verde e Branco e Vai-Vai; e a vida do sambista profissional em São Paulo e os espaços onde o gênero é produzido.

Serviço: Galeria Olido - Cine Olido. Av. São João, 473. Centro.
Tel.: 3331-8399. De 23 a 25. 10 anos.
R$1

Programação completa:

SAMBA NA TELA
Todas as projeções têm suporte em DVD.

SHOW: TIAS BAIANAS PAULISTAS
Apresentação do grupo musical que abre a mostra.
/ Galeria Olido. Corredores da Olido. Dia 23, 18h

TIAS BAIANAS PAULISTAS
(São Paulo, 14 min, DVcam). Dir.: Gustavo Mello, Eduardo Piagge e Luiz Ferraz.
Reunião de senhoras das Velhas Guardas de Escolas de Samba de São Paulo que acontece todo último domingo do mês, na Vila Madalena. Filme premiado pelo edital Crônicas da Cidade.
/ Dia 23, 19h

COM QUE ROUPA?
(São Paulo, 1996, 18 min, 35mm). Dir.: Ricardo van Steen .
Entre brigas de bar, más notícias sobre sua saúde e desencontros com a namorada, Noel Rosa compôs o samba que deu origem este filme.
DO DIA EM QUE MACUNAÍMA E GILBERTO FREYRE VISITARAM...
(São Paulo, 1998, 20 min, 35mm). Dir.: Sérgio Zeigler e Vitor Ângelo. Com Tia Ciata, Freyre e outros.
O documentário mostra o samba no nascimento de uma nação.
OPERAÇÃO MORENGUEIRA
(Rio de Janeiro, 2005, 16 min). Dir.: Chico Serra.
Depois que o bairro boêmio carioca da Lapa foi tomado por terroristas, um freqüentador tem a visão mediúnica do cantor Kid Morengueira que lhe ordena que acabe com essa invasão.
POLÊMICA
(Rio de Janeiro, 1999, 21 min). Dir.: André Luiz Sampaio.
Dupla de vagabundos, supostamente incorporados pelos espíritos de Noel Rosa e Wilson Batista, saem pelo carnaval carioca revivendo a rivalidade dos anos 30.
/ Exibições seguidas. Dia 24, 15h

O CATEDRÁTICO DO SAMBA
(São Paulo, 1999, 23 min). Dir.: Alessandro Gamo e Noel Carvalho.
Perfil do cantor e compositor paulistano Germano Mathias, traçado com estilo solto e malandro, como o do próprio sambista.
SAMBA RIACHÃO
(Bahia, 2001, 86 min). Dir.: Jorge Alfredo.
Documentário sobre o sambista Riachão, figura notória do samba baiano, que influenciou várias gerações de músicos, cantores e compositores, mas sempre esteve à margem da indústria fonográfica.
/ Exibições seguidas. Dia 24, 17h

SAMBA DE QUADRA
(São Paulo, 2008, 16 min). Dir.: Gustavo Mello e Luiz Ferraz.
Na cidade de Quadra, próxima a São Paulo, sobrevive a memória do samba caipira paulista.
SAMBA À PAULISTA: FRAGMENTOS DE UMA HISTÓRIA ESQUECIDA - PARTE 1
(São Paulo, 2007, 50 min). Dir.: Gustavo Mello.
Apresentação da origem do samba paulista e sua vertente caipira.
/ Exibições seguidas. Dia 24, 19h30

O MISTÉRIO DO SAMBA
(Rio de Janeiro, 2008, 100 min). Dir.: Carolina Jabor e Lula Buarque de Holanda.
História da Velha Guarda da Portela e seu cotidiano.
/ Dia 25, 15h

JORJÃO
(Rio de Janeiro, 2005, 18 min). Dir.: Paulo Tiefenthaler.
Perfil do diretor de bateria de escolas de samba, mestre Jorjão.
BATUQUE NA COZINHA
(Rio de Janeiro, 2004, 19 min). Dir.: Anna Azevedo.
A vida de três mulheres da Velha Guarda da Portela, conhecidas e respeitadas no mundo do samba.
NELSON SARGENTO
(Rio de Janeiro, 1997, 22 min). Dir.: Estevão Ciavatta.
Retrato biográfico do sambista Nelson Sargento durante uma visita ao Morro da Mangueira.
GERALDO FILME
(São Paulo, 1998, 58 min, 35mm). Dir.: Carlos Cortez. Com Leo Medeiros e outros.
O universo do samba e da cultura negra paulista demonstrado na obra do compositor Geraldo Filme.
/ Exibições seguidas. Dia 25, 17h

SAMBA À PAULISTA: FRAGMENTOS DE UMA HISTÓRIA ESQUECIDA - PARTE 2
(São Paulo, 2007, 50 min). Dir.: Gustavo Mello.
A história dos cordões e das agremiações, e da rivalidade que havia entre as Escolas de Samba Camisa Verde e Vai-Vai.
SAMBA À PAULISTA: FRAGMENTOS DE UMA HISTÓRIA ESQUECIDA - PARTE 3
(São Paulo, 2007, 50 min). Dir.: Gustavo Mello.
O documentário incentiva uma reflexão sobre a vida do sambista profissional em São Paulo e o espaço que o samba ocupa ainda hoje.
/ Exibições seguidas. Dia 25, 19h30

Um estado de leitores




Oficinas de férias que o programa Um Estado de Leitores promoverá no mês de julho/09





Cultura Em Toda Parte


O programa Cultura Em Toda Parte, em funcionamento desde 22 de maio, busca comunidades para participar de programas culturais em cartaz na cidade de São Paulo.
Se você faz parte de alguma comunidade que por algum motivo encontra-se excluída de seus direitos culturais, fale conosco, teremos o maior prazer em atendê-los.
O programa oferece ingresso para espetáculos em cartaz na cidade, transporte em ônibus executivo e lanche aos participantes. Atendemos comunidades do município de São Paulo.

Informações: Clarissa Gaiarça
Tel.: 11 3803-9964
www.culturaemtodaparte.art.br

Pintura na margem da cidade

A mostra, realizada em parceria com o Centro Cultural da Espanha, apresenta fotos e DVDs das intervenções urbanas de Mônica Nador, que levaram cores para as casas da favela São Remo, da Vila Rhodia e do Jardim Santo André, em São Paulo, e para Maclovia Rojas, no México.

Os trabalhos, realizados com pinturas em estêncil, contaram com o apoio das comunidades, que participaram de oficinas e criaram desenhos de acordo com seu repertório e realidade. O resultado foi um conjunto visual interessante e o despertar de um sentimento de pertença nos moradores.


Num movimento de apropriação simbólica do espaço público, a artista plástica Mônica Nador, paulista de Ribeirão Preto, descobriu novos caminhos para sua arte. Ela confessa sempre ter tido vocação para “pintar a cidade”, já que navegou entre estudos de arquitetura e artes plásticas. “Empunho a bandeira da beleza pura, quero transformar os lugares feios”, diz Mônica Nador. “Procuro fazer o que chamo de arte útil”.


O trabalho da artista plástica é realizado, primeiramente, com a apresentação da proposta para os moradores e a inscrição dos interessados. Em seguida, são realizadas sessões de desenho, nas quais se procura eliminar piu-pius, mickey mouses e logomarcas. É feita a transposição dos desenhos selecionados para confecção dos estênceis e se inicia a pintura das casas. Os desenhos e as cores são selecionados pelos próprios moradores.


A ação busca valorizar as pessoas e sua cultura e viabilizar um entorno menos hostil para as populações que habitam a periferia de grandes cidades. Incentiva a formação de agentes multiplicadores deste trabalho dentro da comunidade, e, em um segundo momento, a criação de atividade geradora de renda baseada nos desenhos do grupo.


Em Santo André, o trabalho foi feito por meio das ONGs Jardim Miriam Arte Clube (Jamac) e Ação Educativa, no Projeto Arte em Toda Parte, que integra as ações do programa São Paulo de Cara Nova, da Secretaria de Habitação e da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Governo do Estado de São Paulo (CDHU). O processo foi filmado pelo cineasta Carlos Jerônimo Vilhena de Toledo, que editou um documentário presente na mostra.


Visitação: 10 de junho a 12 de julho, das 10h às 18h
Museu da Casa Brasileira
Av. Faria Lima, 2705 - Tel. 11 3032-3727 Jardim Paulistano São Paulo
Ingresso: R$ 4,00 - Estudantes: R$ 2,00
Gratuito domingos e feriados

Foto: Divulgação

Viver bem e cuidar dos mortos: Uma viagem pelo mundo dos antepassados



Viver bem e cuidar dos mortos: Uma viagem pelo mundo dos antepassados
A morte suscita reações e sentimentos diversos e ambíguos. Os ritos funerários que permitem aos doridos e às sociedades ultrapassar essas angústias são igualmente variados e revelam muito acerca da relação que se estabelece entre o mundo dos vivos e o dos mortos, com formas diferentes em diferentes contextos etnográficos, mas sempre crucial na vida das pessoas. Do meticuloso rito de embalsamamento dos corpos nos Estados Unidos, à limpeza dos mármores nos cemitérios minhotos e aos ritos de embrulhamento dos cadáveres entre os Papel da Guiné-Bissau, o que se propõe nesta palestra é uma viagem através das atitudes perante a morte em sociedades diversas, mostrando as formas como se estabelecem rituais e laços entre vivos e mortos, se constrói a noção de “boa morte” e se transformam os defuntos em an tepassados protectores.


Quando: 17 de junho (quarta-feira) - 19hs

Local: Casa das Áfricas. Rua Eng. Francisco Azevedo, 524, Sumarezinho (próximo ao metrô Vila Madalena).

Horário: 19hs.


tel. 3801-1718. Vagas limitadas.

Entrada franca.

Máscaras Africanas

Elas são extremamente elaboradas, revelam um grande poder de síntese da figura humana e/ou outras formas representadas.

Diante da arte africana, os estudantes da escola EMEF Profº Mário Marques de Oliveira, da Prof. Deni Ribeiro Prado, demonstraram um fascínio bem parecido ao do pintor Pablo Picasso ao descobrir a expressão desses povos.

Criada com o propósito de divulgar e resgatar as origens africanas na cultura brasileira como elemento da construção da identidade individual e coletiva, a educadora fez algo muito pouco desenvolvido no ensino público e privado no Brasil. A arte africana, que expressa uma sabedoria simbólica, agora deixou de ser algo desconhecido e/ou estranho para esses jovens.

“Apresentei alguns modelos de máscaras, expliquei o sentido, e eles se revelaram bons artistas. Também inseri a proposta baobá como um meio de intensificar a importância da história oral, realizadas à sombra da grande árvore”, explica Denir.


Pablo Picasso
O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), foi sem dúvida, um dos maiores artistas do século XX, entretanto, freqüentemente é mais conhecido pelo público em geral e pelos livros de história da arte, por ser juntamente com George Bracke o idealizador do movimento estético denominado Cubismo, no qual exploravam diferentes graus de distorções da imagem e sobreposição dos ângulos de visão, constituindo o que denominou de cubismo analítico e cubismo sintético

É fato sabido, e assumido pelo próprio Picasso, a influência da arte africana na sua produção. Em uma das mais conhecidas obras de sua autoria, também das mais importantes para a arte moderna: Les Demoiselles de Vignon, tem como referencial para o desenho das figuras a estilização de imagens de máscaras africanas, consta que sua descoberta se deu a partir de visitas do artista ao Museu do Homem em Paris, proprietário de uma grande coleção de arte africana.

Foto: Denir Prado – Exposição dos trabalhos realizados pelos alunos da educadora, em 2008

BATE-PAPO COM MIA COUTO

O escritor moçambicano Mia Couto fala de seus processos de criação, utilizando como referência sua obra "O Outro Pé da Sereia" - em cartaz na unidade SESC Avenida Paulista. Grátis. Retirada de ingressos com uma hora de antecedência.

SESC Avenida Paulista
Dia(s) 26/06 Sexta, das 18h às 20h.

I ENCONTRO COM A POESIA URBANA


Dia 04.06 - Quinta - às 19h:30
com: Antônio Vicente Pietroforte, Frederico Barbosa, Sacolinha, Sergio Vaz

mediador: Rui Mascarenhas
Coordenação Acadêmica Maurício Silva, Murilo JardelinoRita Couto

Informações:
http://www.pontosdepoesia.blogspot.com/


Local: CLICK!
Biblioteca Victor Civita
Memorial da América Latina - Portão 01
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664Barra Funda - São Paulo SPTelefone: 11 3823.4600
http://www.memorial.sp.gov.br/
Promoção:Divisão de Produção de Eventos - CBEALCentro Brasileiro de Estudos da América LatinaFundação Memorial da América LatinaTel. (55-11) 3823-4780 / Fax. (55-11) 3823-4798

...sobre os Poetas e Participantes:
Sergio Vaz: Poeta, agitador cultural e criador da Cooperifa, fundada em 2000 com o objetivo de envolver artistas da periferia em atividades como exposições de fotografia e performances teatrais em lugares que, segundo ele, são os verdadeiros centros culturais da periferia: As praças, os bares e galpões. Ao final de 2002, inicia com os Saraus da Cooperifa numa fábrica abandonada em Taboão da Serra, município de São Paulo; hoje, acontecem no bar de José Cláudio Rosa (o Zé Batidão), em Piraporinha, que reúne, todas as quartas feiras, uma multidão em torno da poesia. Autor dos livros Colecionador de pedras (Global editora) e Cooperifa, antropofagia periféria (Ed. Aeroplano); escreve no blog http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/
Ademiro Alves (Sacolinha): tem 25 anos, nasceu na cidade de São Paulo e é formado em Letras pela Universidade de Mogi das Cruzes. É escritor, autor do romance “Graduado em Marginalidade” (2005) e do livro de contos “85 Letras e um Disparo” (2007) em sua 2ª edição pela Global editora. Atualmente trabalha como Coordenador Literário da Prefeitura de Suzano e administra o Centro Cultural Boa Vista. Blog: http://www.sacolagraduado.blogspot.com/
Frederico Barbosa: Poeta e professor de literatura; é diretor executivo da Poiesis - Organização Social de Cultura, que administra a Casa das Rosas, o Museu da Língua Portuguesa, a Casa Guilherme de Almeida e os projetos São Paulo, um Estado e Leitores e PraLer - Prazeres da Leitura, em São Paulo. Formado em Letras pela USP, publicou os livros de poesia Rarefato (Iluminuras, 1990), Nada Feito Nada (Perspectiva, 1993), que ganhou o Prêmio Jabuti, Contracorrente (Iluminuras, 2000), Louco no Oco sem Beiras (Ateliê, 2001), Cantar de Amor entre os Escombros (Landy, 2002), Brasibraseiro (Landy, 2004), em parceria com Antonio Risério, pelo qual recebeu seu segundo Prêmio Jabuti, e A Consciência do Zero (Lamparina, 2004). A maior parte de sua produção poética está no site http://www.fredericobarbosa.com.br/.
Antonio Vicente Seraphim Pietroforte: Formou-se em Português e Lingüística na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP); fez mestrado e doutorado em Semiótica na mesma Faculdade, onde leciona desde 2002 no Departamento de Lingüística. Atualmente é professor na USP nos cursos de graduação em Letras e no curso de pós-graduação em Semiótica e Lingüística Geral. Na área acadêmica, é autor de: Semiótica visual - os percursos do olhar (Ed. Contexto 2004/2007); Análise do texto visual - a construção da imagem (Contexto, 2007); Tópicos de semiótica - modelos teóricos e aplicações (Annablume, 2008). Na área literária, e autor de: Amsterdã SM (romance, DIX, 2007); O retrato do artista enquanto foge (poesias, DIX, 2007); Papéis convulsos (contos, DIX, 2008); Palavra quase muro (poesias, Demônio Negro, 2008); M(ai)S - antologia SadoMasoquista da Literatura Brasileira (DIX, 2008), organizada com o escritor Glauco Mattoso.
Rui Mascarenhas: Poeta, fotógrafo e agitador cultural; coordenador do projeto Pontos de Poesia, autor do livro "MEIOHOMEM - Eternidade, meu canto que fica!" Escreve nos Blog http://www.meiohomem.blogspot.com/ e http://www.pontosdepoesia.blogspot.com/ Cursa Letras, Licenciatura na Uninove. Em 2008 participou da I Bienal de Poesia Internacional de Brasília tendo alguns de seus poemas publicados na antologia "Poemário", editada pela Biblioteca Nacional de Brasília - 2008. Atualmente finaliza seu segundo livro "Todos Um Pouco Louco!". Trabalha com projetos de aproximação e incentivo à leitura junto ao SPEL – São Paulo, um estado de leitores.
Maurício Pedro da Silva: Professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no Centro Universitário Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, com Doutorado e Pós-Doutorado em Letras Clássicas e Vernáculas pela Universidade de São Paulo; membro da American Association of Teachers of Spanhish and Portuguese (University of Northern Colorado), da Brazilian Studies Association (University of New Mexico), da Modern Language Association (New York) e outras associações nacionais e estrangeiras; autor dos livros O Pensamento Dominado. Estrutura e Prática do Texto Dissertativo (Plêiade, São Paulo, 1998), Sentidos Secretos. Ensaios de Literatura Brasileira (Altana, São Paulo, 2005) e A Hélade e o Subúrbio. Confrontos Literários na Belle Époque Carioca (São Paulo, Edusp, 2006).
Murilo Jardelino da Costa: Mestre em Letras e Lingüística pela Universidade Federal de Pernambuco, pós-graduado no Sonderprogramm für Lateinamerikanische Germanisten na Albert-Ludwigs-Üniversität Freiburg, especialista pelo Referendariat für Absolventen der Germanistik no Instituto Pedagógico Brasil-Alemanha e Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor do Centro Universitário Nove de Julho e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bernardo. Tem experiência na área de ensino-apredizagem de língua com interesse nos seguintes temas: Formação de professores, Estratégias de ensino-aprendizagem, Estratégias de comunicação, Estratégias de compreensão, Pedagogia empírica e pesquisa em sala de aula.
Rita de Cássia Olivério Couto: Bacharel em Língua e Literatura Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica, de São Paulo. Mestre em Semiótica das Literaturas pela mesma universidade, exerce, atualmente, a docência superior como professora do Centro Universitário Nove de Julho (São Paulo), tanto em nível de graduação como de pós-graduação lato sensu. Coordena, na mesma instituição de ensino, o Projeto Sementeira, voltado para desenvolvimento da leitura e divulgação da literatura infanto-juvenil. Faz parte do grupo de estudos Lingüística e Literatura: Teoria e Práticas Discursivas, certificado pelo CNPq

Missérie Unidos do Livramento

Unidos do Livramento faz uma adaptação de quatro contos de Machado de Assis com direção de Maucir Campanholi e roteiro Renata Pallottini


Com elenco afinado, a nova minissérie do projeto Direções - Unidos do Livramento -, é dirigida pelo dramaturgo Maucir Campanholi, do Grupo Arnesto Nos Convidou, tem roteiro da também dramaturga, ensaísta e tradutora Renata Pallottini, e estreia neste domingo (7/6), às 22h, em quatro capítulos.

Entre os atores estão Sandra Corvelloni (Sinhá Rita), vencedora do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes pelo longa Linha de Passe, de Walter Salles; Eduardo Semerjian (Menezes), que interpretou com elegância e talento André Matarazzo na minissérie Global Maysa; e Barbara Paz (Leontina), protagonista de duas novelas do SBT Maria Esperança e Marisol, além de participar de peças teatro como Às Favas com os Escrúpulos, de Jô Soares e Contos de Sedução, do Grupo Tapa.

O telefilme é uma adaptação de quatro contos de um dos escritores mais importantes da literatura brasileira: Machado de Assis. O Caso da Vara, Uns Braços, A Missa do Galo e A Cartomante trazem o personagem Damião, que na série aparece em várias fases de sua vida, da adolescência até a maturidade, passando por diversas problemáticas sentimentais, sendo numa delas se apaixonar por mulheres casadas.


Também integram o elenco de Unidos do Livramento: André Fusko (Damião); Amanda Acosta (Conceição); Lorena Nobel (Severina); Georgette Fadel (Cartomante); Hélio Cícero (Borges); Luiz Serra (João Carneiro); Oswaldo Mendes (Dr. Ribeiro); Douglas Simon (Vilela); Edson Montenegro (Deolindo); Virgínia Buckowski (Mira); Ana Flávia Cavalcanti Ribeiro (Lucrecia); Rafaela Puopolo (D. Inácia); Fernando Oliveira do Nascimento (Pedro); e Guilherme da Conceição (Moleque Escravo). Participação Especial de Jean Garfunkel e Dirce Couto.


Encontro de linguagens

Nesta terceira temporada foram convidados três premiados cineastas — Beto Brant, Eliane Caffé e Tata Amaral — e três diretores de teatro que mais se destacaram nas edições anteriores: Rodolfo García Vázques, Maucir Campanholi, e André Garolli.

Cada diretor teve total liberdade e participou inte­gralmente do projeto, desde a criação, adaptação do texto até a sua finalização na edição. Ao todo, o pú­blico vai poder conferir seis belíssimas séries inéditas — com gêneros e estilos diferentes —, divididas em 24 episódios.

Manga Madura



Por Elizandra Souza


Na minha infância, este dia denominado sábado era o mais esperado (hoje se tornou muito mais), pois eu andava de bicicletas, podia ir à fazenda do meu avô, br incar com o balanço que ele fez pra mim, embaixo do pé de cajueiro.
Hoje, com essa vida maluca e semana sufocante onde dedico maior parte do meu tempo cumprindo burocracias e o brigações, mesmo que seja no meu trabalho e na minha faculdade que amo, é como só comer a manga sem chupar o caroço fica um processo inacabado. Pensando bem o nome sábado, vem da origem do saber, ou melhor, saber so br e si mesmo. Pois se consigo dormir até o corpo pedir para levantar, sinto uma deliciosa vontade de ler livros que me levem para outros lugares ou filmes que me teletransportem assim, só com os olhos e ouvidos. Gosto também de não fazer nada, acredito que o ócio é criativo e traz palavras do além, além de mim mesma. Como as árvores a vida cresce e dá frutos, hoje recebo meu so br inho na minha casa e sempre br incamos aos sábados e vejo seus primeiros experimentos, andando que nem um patinho ou como um sonâmbulo com os br aços pra frente tentando se equili br ar e também tentando entrar no armário de mantimentos com a sua motoca.
Neste dia, sábado de eu sei, eu saberei posso desfrutar do pé da mangueira, da manga e do caroço.
Sábado é uma manga madura que posso me lambuzar.

TRIO EM LÁ MENOR


Machado de Assis

Maria Regina acompanhou a avó até o quarto, despediu-se e recolheu-se ao seu. A mucama que a servia, apesar da familiaridade que existia entre elas, não pôde arrancar-lhe uma palavra, e saiu, meia hora depois, dizendo que Nhanhã estava muito séria. Logo que ficou só, Maria Regina sentou-se ao pé da cama, com as pernas estendidas, os pés cruzados, pensando.


A verdade pede que diga que esta moça pensava amorosamente em dois homens ao mesmo tempo, um de vinte e sete anos, Maciel - outro de cinqüenta, Miranda. Convenho que é abominável, mas não posso alterar a feição das coisas, não posso negar que se os dois homens estão namorados dela, ela não o está menos de ambos. Uma esquisita, em suma; ou, para falar como as suas amigas de colégio, uma desmiolada. Ninguém lhe nega coração excelente e claro espírito; mas a imaginação é que é o mal, uma imaginação adusta e cobiçosa, insaciável principalmente, avessa à realidade, sobrepondo às coisas da vida outras de si mesma; daí curiosidades irremediáveis.


A visita dos dois homens (que a namoravam de pouco) durou cerca de uma hora. Maria Regina conversou alegremente com eles, e tocou ao piano uma peça clássica, uma sonata, que fez a avó cochilar um pouco. No fim discutiram música. Miranda disse coisas pertinentes acerca da música moderna e antiga; a avó tinha a religião de Bellini e da Norma, e falou das toadas do seu tempo, agradáveis, saudosas e principalmente claras. A neta ia com as opiniões do Miranda; Maciel concordou polidamente com todos.


Ao pé da cama, Maria Regina reconstruía agora tudo isso, a visita, a conversação, a música, o debate, os modos de ser de um e de outro, as palavras do Miranda e os belos olhos do Maciel. Eram onze horas, a única luz do quarto era a lamparina, tudo convidava ao sonho e ao devaneio. Maria Regina, à força de recompor a noite, viu ali dois homens ao pé dela, ouviu-os, e conversou com eles durante uma porção de minutos, trinta ou quarenta, ao som da mesma sonata tocada por ela: lá, lá, lá...

ALLEGRO, MA NON TROPPO

No dia seguinte a avó e a neta foram visitar uma amiga na Tijuca. Na volta a carruagem derribou um menino que atravessava a rua, correndo. Uma pessoa que viu isto, atirou-se aos cavalos e, com perigo de si própria, conseguiu detê-los e salvar a criança, que apenas ficou ferida e desmaiada. Gente, tumulto, a mãe do pequeno acudiu em lágrimas. Maria Regina desceu do carro e acompanhou o ferido até à casa da mãe, que era ali ao pé.

Quem conhece a técnica do destino adivinha logo que a pessoa que salvou o pequeno foi um dos dois homens da outra noite; foi o Maciel. Feito o primeiro curativo, o Maciel acompanhou a moça até à carruagem e aceitou o lugar que a avó lhe ofereceu até a cidade. Estavam no Engenho Velho. Na carruagem é que Maria Regina viu que o rapaz trazia a mão ensangüentada. A avó inquiria a miúdo se o pequeno estava muito mal, se escaparia; Maciel disse-lhe que os ferimentos eram leves. Depois contou o acidente: estava parado, na calçada, esperando que passasse um tílburi, quando viu o pequeno atravessar a rua por diante dos cavalos; compreendeu o perigo, e tratou de conjurá-lo, ou diminuí-lo.
- Mas está ferido, disse a velha.
- Coisa de nada.
- Está, está, acudiu a moça; podia ter-se curado também.
- Não é nada, teimou ele; foi um arranhão, enxugo isto com o lenço.
Não teve tempo de tirar o lenço; Maria Regina ofereceu-lhe o seu. Maciel, comovido, pegou nele, mas hesitou em maculá-lo. - Vá, vá, dizia-lhe ela; e vendo-o acanhado, tirou-lho e enxugou-lhe, ela mesma, o sangue da mão.

A mão era bonita, tão bonita como o dono; mas parece que ele estava menos preocupado com a ferida da mão que com o amarrotado dos punhos. Conversando, olhava para eles disfarçadamente e escondia-os. Maria Regina não via nada, via-o a ele, via-lhe principalmente a ação que acabava de praticar, e que lhe punha uma auréola. Compreendeu que a natureza generosa saltara por cima dos hábitos pausados e elegantes do moço, para arrancar à morte uma criança que ele nem conhecia. Falaram do assunto até a porta da casa delas; Maciel recusou, agradecendo, a carruagem que elas lhe ofereciam, e despediu-se até à noite.
- Até a noite! repetiu Maria Regina.
- Esperou-o ansiosa. Ele chegou, por volta de oito horas, trazendo uma fita preta enrolada na mão, e pediu desculpa de vir assim; mas disseram-lhe que era bom pôr alguma coisa e obedeceu.
- Mas está melhor!
- Estou bom, não foi nada.
- Venha, venha, disse-lhe a avó, do outro lado da sala. Sente-se aqui ao pé de mim: o senhor é um herói.
Maciel ouvia sorrindo. Tinha passado o ímpeto generoso, começava a receber os dividendos do sacrifício. O maior deles era a admiração de Maria Regina, tão ingênua e tamanha, que esquecia a avó e a sala. Maciel sentara-se ao lado da velha. Maria Regina defronte de ambos. Enquanto a avó, restabelecida do susto, contava as comoções que padecera, a princípio sem saber de nada, depois imaginando que a criança teria morrido, os dois olhavam um para o outro, discretamente, e afinal esquecidamente. Maria Regina perguntava a si mesma onde acharia melhor noivo. A avó, que não era míope, achou a contemplação excessiva, e falou de outra coisa; pediu ao Maciel algumas notícias de sociedade.

ALLEGRO APPASSIONATO

Maciel era homem, como ele mesmo dizia em francês, très répandu; sacou da algibeira uma porção de novidades miúdas e interessantes. A maior de todas foi a de estar desfeito o casamento de certa viúva.
- Não me diga isso! exclamou a avó. E ela?
- Parece que foi ela mesma que o desfez: o certo é que esteve anteontem no baile, dançou e conversou com muita animação. Oh! abaixo da notícia, o que fez mais sensação em mim foi o colar que ela levava, magnífico...
- Com uma cruz de brilhantes? perguntou a velha. Conheço; é muito bonito.
- Não, não é esse.
Maciel conhecia o da cruz, que ela levara à casa de um Mascarenhas; não era esse. Este outro ainda há poucos dias estava na loja do Resende, uma coisa linda. E descreveu-o todo, número, disposição e facetado das pedras; concluiu dizendo que foi a jóia da noite.
- Para tanto luxo era melhor casar, ponderou maliciosamente a avó.
- Concordo que a fortuna dela não dá para isso. Ora, espere! Vou amanhã, ao Resende, por curiosidade, saber o preço por que o vendeu. Não foi barato, não podia ser barato.
- Mas por que é que se desfez o casamento?
- Não pude saber; mas tenho de jantar sábado com o Venancinho Corrêa, e ele conta-me tudo. Sabe que ainda é parente dela? Bom rapaz; está inteiramente brigado com o barão...
A avó não sabia da briga; Maciel contou-lha de princípio a fim, com todas as suas causas e agravantes. A última gota no cálice foi um dito à mesa de jogo, uma alusão ao defeito do Venancinho, que era canhoto. Contaram-lhe isto, e ele rompeu inteiramente as relações com o barão. O bonito é que os parceiros do barão acusaram-se uns aos outros de terem ido contar as palavras deste. Maciel declarou que era regra sua não repetir o que ouvia à mesa do jogo, porque é lugar em que há certa franqueza.

Depois fez a estatística da rua do Ouvidor, na véspera, entre uma e quatro horas da tarde. Conhecia os nomes das fazendas e todas as cores modernas. Citou as principais toilettes do dia. A primeira foi a de Mme. Pena Maia, baiana distinta, très pschutt. A segunda foi a de Mlle. Pedrosa, filha de um desembargador de São Paulo, adorable. E apontou mais três, comparou depois as cinco, deduziu e concluiu. Às vezes esquecia-se e falava francês; pode mesmo ser que não fosse esquecimento, mas propósito; conhecia bem a língua, exprimia-se com facilidade e formulara um dia este axioma etnológico - que há parisienses em toda a parte. De caminho, explicou um problema de voltarete.

- A senhora tem cinco trunfos de espadilha e manilha, tem rei e dama de copas...
Maria Regina ia descambando da admiração no fastio; agarrava-se aqui e ali, contemplava a figura moça do Maciel, recordava a bela ação daquele dia, mas ia sempre escorregando; o fastio não tardava a absorvê-la. Não havia remédio. Então recorreu a um singular expediente. Tratou de combinar os dois homens, o presente com o ausente, olhando para um, e escutando o outro de memória; recurso violento e doloroso, mas tão eficaz, que ela pôde contemplar por algum tempo uma criatura perfeita e única.

Nisto apareceu o outro, o próprio Miranda. Os dois homens cumprimentaram-se friamente; Maciel demorou-se ainda uns dez minutos e saiu.
Miranda ficou. Era alto e seco, fisionomia dura e gelada. Tinha o rosto cansado, os cinqüenta anos confessavam-se tais, nos cabelos grisalhos, nas rugas e na pele. Só os olhos continham alguma coisa menos caduca. Eram pequenos, e escondiam-se por baixo da vasta arcada do sobrolho; mas lá, ao fundo, quando não estavam pensativos, centelhavam de mocidade. A avó perguntou-lhe, logo que Maciel saiu, se já tinha notícia do acidente do Engenho Velho, e contou-lho com grandes encarecimentos, mas o outro ouvia tudo sem admiração nem inveja.
- Não acha sublime? perguntou ela, no fim.
- Acho que ele salvou talvez a vida a um desalmado que algum dia, sem o conhecer, pode meter-lhe uma faca na barriga.
- Oh! protestou a avó.
- Ou mesmo conhecendo, emendou ele.
- Não seja mau, acudiu Maria Regina; o senhor era bem capaz de fazer o mesmo, se ali estivesse.
Miranda sorriu de um modo sardônico. O riso acentuou-lhe a dureza da fisionomia. Egoísta e mau, este Miranda primava por um lado único: espiritualmente, era completo. Maria Regina achava nele o tradutor maravilhoso e fiel de uma porção de idéias que lutavam dentro dela, vagamente, sem forma ou expressão. Era engenhoso e fino e até profundo, tudo sem pedantice, e sem meter-se por matos cerrados, antes quase sempre na planície das conversações ordinárias; tão certo é que as coisas valem pelas idéias que nos sugerem. Tinham ambos os mesmos gostos artísticos; Miranda estudara direito para obedecer ao pai; a sua vocação era a música.
A avó, prevendo a sonata, aparelhou a alma para alguns cochilos. Demais, não podia admitir tal homem no coração; achava-o aborrecido e antipático. Calou-se no fim de alguns minutos. A sonata veio, no meio de uma conversação que Maria Regina achou deleitosa, e não veio senão porque ele lhe pediu que tocasse; ele ficaria de bom grado a ouvi-la.
- Vovó, disse ela, agora há de ter paciência...

Miranda aproximou-se do piano. Ao pé das arandelas, a cabeça dele mostrava toda a fadiga dos anos, ao passo que a expressão da fisionomia era muito mais de pedra e fel. Maria Regina notou a graduação, e tocava sem olhar para ele; difícil coisa, porque, se ele falava, as palavras entravam-lhe tanto pela alma, que a moça insensivelmente levantava os olhos, e dava logo com um velho ruim. Então é que se lembrava do Maciel, dos seus anos em flor, da fisionomia franca, meiga e boa, e afinal da ação daquele dia. Comparação tão cruel para o Miranda, como fora para o Maciel o cotejo dos seus espíritos. E a moça recorreu ao mesmo expediente. Completou um pelo outro; escutava a este com o pensamento naquele; e a música ia ajudando a ficção, indecisa a princípio, mas logo viva e acabada. Assim Titânia, ouvindo namorada a cantiga do tecelão, admirava-lhe as belas formas, sem advertir que a cabeça era de burro.

MINUETTO

Dez, vinte, trinta dias passaram depois daquela noite, e ainda mais vinte, e depois mais trinta. Não há cronologia certa; melhor é ficar no vago. A situação era a mesma. Era a mesma insuficiência individual dos dois homens, e o mesmo complemento ideal por parte dela; daí um terceiro homem, que ela não conhecia.

Maciel e Miranda desconfiavam um do outro, detestavam-se a mais e mais, e padeciam muito, Miranda principalmente, que era paixão da última hora. Afinal acabaram aborrecendo a moça. Esta viu-os ir pouco a pouco. A esperança ainda os fez relapsos, mas tudo morre, até a esperança, e eles saíram para nunca mais. As noites foram passando, passando... Maria Regina compreendeu que estava acabado.

A noite em que se persuadiu bem disto foi uma das mais belas daquele ano, clara, fresca, luminosa. Não havia lua; mas nossa amiga aborrecia a lua, - não se sabe bem por que, - ou porque brilha de empréstimo, ou porque toda a gente a admira, e pode ser que por ambas as razões. Era uma das suas esquisitices. Agora outra.

Tinha lido de manhã, em uma notícia de jornal, que há estrelas duplas, que nos parecem um só astro. Em vez de ir dormir, encostou-se à janela do quarto, olhando para o céu, a ver se descobria alguma delas; baldado esforço. Não a descobrindo no céu, procurou-a em si mesma, fechou os olhos para imaginar o fenômeno; astronomia fácil e barata, mas não sem risco. O pior que ela tem é pôr os astros ao alcance da mão; por modo que, se a pessoa abre os olhos e eles continuam a fulgurar lá em cima, grande é o desconsolo e certa a blasfêmia. Foi o que sucedeu aqui. Maria Regina viu dentro de si a estrela dupla e única. Separadas, valiam bastante; juntas, davam um astro esplêndido. E ela queria o astro esplêndido. Quando abriu os olhos e viu que o firmamento ficava tão alto, concluiu que a criação era um livro falho e incorreto, e desesperou.

No muro da chácara viu então uma coisa parecida com dois olhos de gato. A princípio teve medo, mas advertiu logo que não era mais que a reprodução externa dos dois astros que ela vira em si mesma e que tinham ficado impressos na retina. A retina desta moça fazia refletir cá fora todas as suas imaginações. Refrescando o vento recolheu-se, fechou a janela e meteu-se na cama.

Não dormiu logo, por causa de duas rodelas de opala que estavam incrustadas na parede; percebendo que era ainda uma ilusão, fechou os olhos e dormiu. Sonhou que morria, que a alma dela, levada aos ares, voava na direção de uma bela estrela dupla. O astro desdobrou-se, e ela voou para uma das duas porções; não achou ali a sensação primitiva e despenhou-se para outra; igual resultado, igual regresso, e ei-la a andar de uma para outra das duas estrelas separadas. Então uma voz surgiu do abismo, com palavras que ela não entendeu.
- É a tua pena, alma curiosa de perfeição; a tua pena é oscilar por toda a eternidade entre dois astros incompletos, ao som desta velha sonata do absoluto: lá, lá, lá...


Fonte: Várias Histórias - Machado de Assis - W. M. Jackson Inc Editores - 1946.