Manga Madura



Por Elizandra Souza


Na minha infância, este dia denominado sábado era o mais esperado (hoje se tornou muito mais), pois eu andava de bicicletas, podia ir à fazenda do meu avô, br incar com o balanço que ele fez pra mim, embaixo do pé de cajueiro.
Hoje, com essa vida maluca e semana sufocante onde dedico maior parte do meu tempo cumprindo burocracias e o brigações, mesmo que seja no meu trabalho e na minha faculdade que amo, é como só comer a manga sem chupar o caroço fica um processo inacabado. Pensando bem o nome sábado, vem da origem do saber, ou melhor, saber so br e si mesmo. Pois se consigo dormir até o corpo pedir para levantar, sinto uma deliciosa vontade de ler livros que me levem para outros lugares ou filmes que me teletransportem assim, só com os olhos e ouvidos. Gosto também de não fazer nada, acredito que o ócio é criativo e traz palavras do além, além de mim mesma. Como as árvores a vida cresce e dá frutos, hoje recebo meu so br inho na minha casa e sempre br incamos aos sábados e vejo seus primeiros experimentos, andando que nem um patinho ou como um sonâmbulo com os br aços pra frente tentando se equili br ar e também tentando entrar no armário de mantimentos com a sua motoca.
Neste dia, sábado de eu sei, eu saberei posso desfrutar do pé da mangueira, da manga e do caroço.
Sábado é uma manga madura que posso me lambuzar.

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