Quando lembro do passado, sempre vem à minha mente as coisas gostosas que minha avó fazia, e a viagem de trem que fazíamos para visitar a bisa. Ela morreu aos 108, já estava um pouco esclerosada, mas durinha.
Um dia ela deu carreira atrás de mim com uma vassoura e ficou um tempão embaixo do pé de manga esperando eu descer. Também lembro que ela varria o terreiro, com sua vassoura de galhos, às 5h da manhã, religiosamente.
O que eu gostaria de trazer, de verdade, eram os beijus feitos no forno da casa de farinha. A casa era arrendada de um fazendeiro vizinho para torrar farinha porque minha avó ia para a roça 2 vezes por ano, julho e dezembro, e meus tios combinavam e colhiam um lote de mandioca para fazer farinha e beiju seco. Esses beijus alimentavam os seus 12 filhos.
Mesmo sendo criança eu participava de todo o processo. Aliás, todo não porque meus tios não deixavam as crianças arrancarem os pés de mandioca porque deixávamos a raiz dentro da terra. Então, na hora de descascar a mandioca , nós fazíamos a “meia sola” e as mulheres, com as mãos mais limpas, faziam a segunda parte. Depois da mandioca toda raspada, era transportada para a casa da farinha , onde era ralada. Era preciso muito cuidado, tive um tio que perdeu o dedo na máquina. Após colocar a mandioca ralada na prensa, as mulheres aparavam a água em bacias. Nesse dia, nós dormíamos na casa de farinha envolvidos neste trabalho. Eram tantas histórias!
Pela manhã, recolhiam as bacias. A tapioca se concentrada no fundo e a água que estava por cima era jogada fora. Com as mãos, soltavam a tapioca que estava concentrada e, após uma secagem no chão do forno, começava-se a assar os beijus que seriam servidos com um café quentinho.
Essas são as lembranças mais gostosas das minhas férias na roça. Como não tenho os beijus, decidi trazer as broas de milho que minha avó fazia para tomar com café, ela não gostava de pão. “Não tem sustância”, dizia . Quando havia beiju, ela fazia as broas e na falta dela, era farinha com feijão logo pela manhã.
Lembro ainda que a vó não gostava que eu ajudasse, meu sonho era poder modelar aquelas broas, no entanto ela nunca deixava, dizia que era coisa de adulto, assim como ela não deixava nem eu pegar na colher de pau para mexer o doce de goiaba vermelha, pois ela dizia que se duas pessoas mexessem o doce desandava.
Desandar? Que palavra esquisita! Ficava pensando o eu significava isso, mas não questionava, ficava quieta no meu canto porque acreditava em tudo que a vó falava e esperava ansiosa pelas broas e o doce de goiaba.
Um dia ela deu carreira atrás de mim com uma vassoura e ficou um tempão embaixo do pé de manga esperando eu descer. Também lembro que ela varria o terreiro, com sua vassoura de galhos, às 5h da manhã, religiosamente.
O que eu gostaria de trazer, de verdade, eram os beijus feitos no forno da casa de farinha. A casa era arrendada de um fazendeiro vizinho para torrar farinha porque minha avó ia para a roça 2 vezes por ano, julho e dezembro, e meus tios combinavam e colhiam um lote de mandioca para fazer farinha e beiju seco. Esses beijus alimentavam os seus 12 filhos.
Mesmo sendo criança eu participava de todo o processo. Aliás, todo não porque meus tios não deixavam as crianças arrancarem os pés de mandioca porque deixávamos a raiz dentro da terra. Então, na hora de descascar a mandioca , nós fazíamos a “meia sola” e as mulheres, com as mãos mais limpas, faziam a segunda parte. Depois da mandioca toda raspada, era transportada para a casa da farinha , onde era ralada. Era preciso muito cuidado, tive um tio que perdeu o dedo na máquina. Após colocar a mandioca ralada na prensa, as mulheres aparavam a água em bacias. Nesse dia, nós dormíamos na casa de farinha envolvidos neste trabalho. Eram tantas histórias!
Pela manhã, recolhiam as bacias. A tapioca se concentrada no fundo e a água que estava por cima era jogada fora. Com as mãos, soltavam a tapioca que estava concentrada e, após uma secagem no chão do forno, começava-se a assar os beijus que seriam servidos com um café quentinho.
Essas são as lembranças mais gostosas das minhas férias na roça. Como não tenho os beijus, decidi trazer as broas de milho que minha avó fazia para tomar com café, ela não gostava de pão. “Não tem sustância”, dizia . Quando havia beiju, ela fazia as broas e na falta dela, era farinha com feijão logo pela manhã.
Lembro ainda que a vó não gostava que eu ajudasse, meu sonho era poder modelar aquelas broas, no entanto ela nunca deixava, dizia que era coisa de adulto, assim como ela não deixava nem eu pegar na colher de pau para mexer o doce de goiaba vermelha, pois ela dizia que se duas pessoas mexessem o doce desandava.
Desandar? Que palavra esquisita! Ficava pensando o eu significava isso, mas não questionava, ficava quieta no meu canto porque acreditava em tudo que a vó falava e esperava ansiosa pelas broas e o doce de goiaba.
Cristina Maria de Jesus Lima, 28/04/2007
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