O Círculo do Ouro


Às vésperas de completar 30 anos, grupo apresenta texto inédito que narra o século de ourodas Minas Gerais, reafirmando seu compromisso com a palavra e a literatura.


Único final de semana: dias 13, 14 e 15 de novembro no Teatro do SESC Vila Mariana

Após o sucesso de Ser Minas tão Gerais e Pra Nhá Terra, o grupo Ponto de Partida estreia O Círculo do Ouro, com seus 14 atores e realização do SESC SP. O espetáculo foca o olhar em um dos momentos mais determinantes da história de Minas Gerais e do país, quando as minas são descobertas e o ouro atrai para o sertão o maior contingente de habitantes jamais visto na colônia: nessa época, Villa Rica era mais populosa que Nova York. Seguindo os processos muito particulares do Ponto de Partida na montagem de um novo espetáculo, os personagens e o texto foram criados pelos atores a partir da pesquisa. A história e a dramaturgia são da diretora do grupo, Regina Bertola.

O texto traz a saga dessa gente vigiada, cercada por impostos absurdos e delações, afinal, o volume de ouro retirado das minas era tamanho que foi suficiente para contribuir significativamente com o financiamento da Revolução Industrial, na Inglaterra, e transformar o mundo para sempre*. Apesar disso, essa gente vivia em condições miseráveis, na luta permanente para sobreviver, se inventar, se nomear. Como essa herança nos determina hoje e como ela amalgamou tantos elementos na construção da nossa forma de ver e estar no mundo e na criação de nossos artistas contemporâneos é o mote da peça, com apresentações nos dias 13, 14 e 15 de novembro no Teatro do SESC Vila Mariana.

Toda essa história é contada do ponto de vista do povo e não se desenrola atada a nenhum compromisso didático. É puro teatro: lúdico e poético, que quer deixar aflorar os traços que nos determinam brasileiros, mas também as questões que nos instigam como seres humanos: o amor, a liberdade, o medo, a solidariedade, a sobrevivência, a paixão, a ousadia, a coragem, a loucura, a identidade.

Nesses 29 anos de trabalho, com mais de 30 espetáculos produzidos, o Ponto de Partida orgulha-se de ter pesquisado e criado uma dramaturgia que coloca o homem brasileiro no centro do palco, no papel principal. Tem incorporados à sua bagagem textos de sua autoria, como Viva o Povo Brasileiro ou Beco a ópera do lixo, montagens de grandes autores brasileiros, como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Manoel de Barros, Jorge Amado, Adélia Prado, Bartolomeu Campos de Queirós e a obra de compositores como Milton Nascimento, Chico Buarque, Pablo Bertola. E, apesar de fortemente ligado às suas raízes culturais, em momento algum o grupo se fecha num regionalismo estreito, haja visto a sua carreira internacional com vários espetáculos premiados fora do país.

*fonte: KOSHIBA, Luiz História do Brasil. São Paulo, Ed. Atual, 1993.

TEXTO
Além do desafio imenso de inventar um espetáculo tendo como suporte mais de um século de História, o aspecto mais instigante e inovador do “O Círculo do Ouro” é que essa história é contada a partir da fala do povo e do universo de escritores mineiros contemporâneos. Então, os personagens do século XVIII, em sua maioria mestiços, falam também Adélia Prado, Drummond e Guimarães Rosa. E o mais emocionante é como isso se concilia, com que propriedade o texto toma forma e como é quase mágico perceber como as palavras empregadas em outros textos e contextos, se entregam com gosto a essa nova história. Também se incorporam ao texto documentos oficiais, cartas régias, decretos, “bandos”, cartas de viajantes que determinam o tempo histórico e mostram a relação da Coroa e do poder com a gente das Minas.

Apesar de O Círculo do Ouroestar contextualizado num tempo histórico ele é uma ficção, um texto dramático.

A música
A pesquisa foi feita pelo Ponto de Partida, sob coordenação de Pablo Bertola. Remonta aos compositores barrocos mineiros, ao canto dos negros: os vissungos, os cantos religiosos, os cantos de festas como o lundu e os batuques e a música que começou a ser produzida para movimentar a incipiente vida social urbana, como as modinhas. Também se aprendeu a dançar a umbigada e a contra dança, o moçambique e o samba de roda.

PONTO DE PARTIDA

Ponto de Partida é um dos grupos teatrais mais cultuados do país. Foi fundado em 1980, em Barbacena, por artistas que decidiram que não deixariam a cidade, mas também não aceitariam os limites da província. Assim, tornou-se uma companhia de repertório, itinerante, independente, com 21 profissionais em exercício permanente, 30 espetáculos montados, com apresentações pelo Brasil, África, Europa e América do Sul.


SERVIÇO:

O Círculo do Ouro - Grupo Ponto de Partida

13, 14 e 15 de novembro

Sex e sab, às 21h. dom às 18h.

Teatro SESC Vila Mariana

Ingressos à venda em todas as unidades SESC
R$ 20,00 (inteira); R$ 10,00 (usuário inscrito no SESC, +60 anos, estudante e professor da rede pública de ensino); R$ 5,00 (trabalhador no comércio de bens e serviços matriculado no SESC)

Lotação: 608 lugares

Acesso para pessoas com deficiência

Não recomendado para menores de 12 anos

Duração: 150 minutos com intervalo

Informações e vendas: 11 5080-3000 www.grupopontodepartida.com.br www.sescsp.org.br

Estacionamento: a partir de R$ 5,00

SESC Vila Mariana
Rua Pelotas, 141
Informações: 11 5080-3000
www.sescsp.org.br
http://www.grupopontodepartida.com.br/


Imagem e texto: divulgação SESC Vila Mariana

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