A perdição dos professores
Desde as origens desse prato, no início do século XX, e até os anos 1970, considerou-se que o homus se destinava unicamente ao café da manhã. Seu aroma próprio, junto com o das cebolas que geralmente o acompanham, sempre me lembra de forma inconfundível os percursos que fazia de madrugada, quando pequeno, de casa à escola. Nós, escolares, caminhávamos pelo centro da longa e estreita rua de paralelepípedos da Kasbah, que atravessa toda a parte antiga de Nablus. Naquelas primeiras horas da manhã, ao longo de ambos os lados do trajeto, os mercadores se reuniam – e ainda continuam fazendo isso – em pequenos grupos ao redor de um prato de hous e sob a tutela e bênção de versículo do Alcorão salmodiados pelo Sheik Abdel Baset, que emanavam dos transistores das lojas de comércio.
Apesar de o prato ser muito pequeno e conter pouca quantidade de homus, os consumidores pronunciam de forma automática a palavra fadaluh (convite para comer) a qualquer pessoa que passe ao lado e lhes transmita um simples olhar.
Esse costume é muito estimado e está presente em todas as cidades do Oriente Médio, não apenas entre os comerciantes; também é cultivado pelos empregados dos escritórios, ministérios, escolas, etc.
Ainda lembro de meus temidos professores com uma cebola na mão, relaxados e alegres, rodeando esse delicioso prato, na hora do café da manhã. A primeira aula do dia era , sem dúvida, a mais agradável de todas, se comparada com as seguintes. Os professores eram mais permissivos, embora mais por inércia prazerosa que por vontade própria. A causa estava apenas em seu repetitivo e diário e, como culminação, uma xícara de chá com hortelã ou sálvia provocava o mais ativo um irremediável relaxamento e uma placidez de mental. Portanto, a primeira uala do dia sempre era mais uma hora de transmissão ou de mentalização, para se entrar posteriormente nas seguintes. Além disso, a aula de matemática sempre era programada para a primeira hora do dia, para aproveitar a clareza mental tanto de professores como de alunos. O resultado acadêmico supunha-se que seria evidente. Sempre me perguntei, e não é brincadeira, por que no mundo árabe escasseiam bons matemáticos, apesar de ter sido ali o berço de tal disciplina. Será o homus o culpado? No Egito se indica mdamas (pasta de favas) como o culpado desse fenômeno. Os egípcios, que ostentam a fama de ser os mais brincalhões do mundo árabe, em vez de desqualificar alguém com clássicos adjetivos como “cabeça-oca”, “louco” ou “idiota”, preferem o termo “cabeça cheia de mdamas”.
Receita – Homus
Ingredientes
250g de grão-de-bico cozido (reserva alguns para decorar)
1 colher (chá) rasa de sal
2 dentes de alho médios amassados
½ copo de suco de limão
½ copo de tahine
1 xícara (café) de água
1 colher (sopa) de coalhada (opcional) para clarear a pasta
Azeite, salsa e cominho para decorar.
Preparo
Bater todos os ingredientes até obter uma pasta consistente
Espalhar a pasta num prato plano e decorar com grãozinhos de grão-de-bico cozido, fios de azeite de oliva, pedaços de salsa fresca e uma pitada de cominho em pó. Para obter uma pasta de estrema leveza e uniformidade, bater o grão-de-bico num liquidificador.
Texto/fonte: Aroma árabe: receitas e relatos/Salah Jamal, editora SENAC
Imagem: www.rainhasdolar.com
Apesar de o prato ser muito pequeno e conter pouca quantidade de homus, os consumidores pronunciam de forma automática a palavra fadaluh (convite para comer) a qualquer pessoa que passe ao lado e lhes transmita um simples olhar.
Esse costume é muito estimado e está presente em todas as cidades do Oriente Médio, não apenas entre os comerciantes; também é cultivado pelos empregados dos escritórios, ministérios, escolas, etc.
Ainda lembro de meus temidos professores com uma cebola na mão, relaxados e alegres, rodeando esse delicioso prato, na hora do café da manhã. A primeira aula do dia era , sem dúvida, a mais agradável de todas, se comparada com as seguintes. Os professores eram mais permissivos, embora mais por inércia prazerosa que por vontade própria. A causa estava apenas em seu repetitivo e diário e, como culminação, uma xícara de chá com hortelã ou sálvia provocava o mais ativo um irremediável relaxamento e uma placidez de mental. Portanto, a primeira uala do dia sempre era mais uma hora de transmissão ou de mentalização, para se entrar posteriormente nas seguintes. Além disso, a aula de matemática sempre era programada para a primeira hora do dia, para aproveitar a clareza mental tanto de professores como de alunos. O resultado acadêmico supunha-se que seria evidente. Sempre me perguntei, e não é brincadeira, por que no mundo árabe escasseiam bons matemáticos, apesar de ter sido ali o berço de tal disciplina. Será o homus o culpado? No Egito se indica mdamas (pasta de favas) como o culpado desse fenômeno. Os egípcios, que ostentam a fama de ser os mais brincalhões do mundo árabe, em vez de desqualificar alguém com clássicos adjetivos como “cabeça-oca”, “louco” ou “idiota”, preferem o termo “cabeça cheia de mdamas”.
Receita – Homus
Ingredientes
250g de grão-de-bico cozido (reserva alguns para decorar)
1 colher (chá) rasa de sal
2 dentes de alho médios amassados
½ copo de suco de limão
½ copo de tahine
1 xícara (café) de água
1 colher (sopa) de coalhada (opcional) para clarear a pasta
Azeite, salsa e cominho para decorar.
Preparo
Bater todos os ingredientes até obter uma pasta consistente
Espalhar a pasta num prato plano e decorar com grãozinhos de grão-de-bico cozido, fios de azeite de oliva, pedaços de salsa fresca e uma pitada de cominho em pó. Para obter uma pasta de estrema leveza e uniformidade, bater o grão-de-bico num liquidificador.
Texto/fonte: Aroma árabe: receitas e relatos/Salah Jamal, editora SENAC
Imagem: www.rainhasdolar.com
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