Deni é o tipo de pessoa de quem só se pode falar bem


Deni é uma adorável, amiga, doce, inteligente e companheira baiana de Abaíra. Seu nome completo é Deni Ribeiro Prado; é filha do Sr. Milton Prado e Sra. Elza Martins Ribeiro Prado.

Nasceu por volta das 5h00 de parto normal, em casa. Quando a parteira chegou, já havia nascido. Diz sua mãe que ela era tão pequenina que cabia numa caixa de sapato e que o sapato da bonequinha de sua irmã mais velha lhe caía do pé.

Veio para São Paulo no mês de carnaval, com apenas 3 anos. Sua mãe esperava o quinto filho. Um faleceu, e seu irmãozinho nasceu em março, e logo viria outro, ficando uma grande e linda família: Papai, Mamãe, Delvita, Dinalva, Deni, Demilson e Denise.

Deni contou-me como seus pais se conheceram num baile da cidade; que o Sr. Milton foi o primeiro namorado da Sra. Eliza, se bem que ela teve uns outros namoricos depois, mas era ele, o escolhido, com quem se casou com apenas 19 anos; e que em menos de um ano de casada deu à luz o primeiro bebê. Como o pai sempre vinha e voltava a São Paulo, teve uma gravidez seguida da outra. Por ser muito tímida, foi só isso que a mãe contou à filha.

Foi interessante também ouvir Deni falar sobre sua avó, pessoa de muita sabedoria, que sabe fazer reza contra mau olhado, quebranto, e que conhece vários remédios caseiros. Uma senhora de comportamento “seco” que teve 14 filhos, treze ainda vivos, e que conta histórias da cultura popular – o “jeito seco” pode-se pensar ser da criação de sua época.

Tristemente revela que há pouco tempo perdeu o avô, e não mais falou sobre a família.

Mudando completamente de assunto, Deni conta que estudou em escola pública, e que naquela época sua mãe, que sempre ajudou nas despesas da casa, lavava roupa para fora e fazia faxinas, frisando aos filhos a importância dos estudos: “Estudem pra não lavar os banheiros dos outros.” Na sua simplicidade, quanta sabedoria... Mas viciou minha amiga, que até hoje está sempre estudando alguma coisa.

Com a vida difícil, Deni começou a trabalhar cedo, aos 14 anos, em um supermercado. Fazia curso de inglês e computação.

Estudou muito e anos mais tarde, passou no concurso dos Correios. Iniciou então a faculdade de Estudos Sociais. Ao se formar, prestou concurso para professora do Estado e passou, deixou os Correios. Passados dois anos, passou também no concurso para professora da Prefeitura de São Paulo. Hoje trabalha 60 horas semanais na escola, fora as horas trabalhadas em casa, corrigindo trabalhos e preparando aulas e atividades.

Dá até pra entender porque está tão questionadora em relação ao sistema de ensino e principalmente ao reconhecimento social da profissão quando revelou a frase que ouviu de uma mãe a seu filho no dia da reunião de pais: “Respeite sua professora porque ela não teve como escolher algo melhor”. E finalizou sua história ao comentar: “Isso me deixou muito triste, pois eu tenho a certeza de que eu escolhi essa profissão”.

Quem a conhece, trabalha com ela, a vê como uma lutadora, que apesar de angustiada com a situação do ensino e da posição do professor na sociedade, acredita no que faz, e faz bem feito.

Sendo colaboradora e conciliadora em qualquer grupo, tem sempre uma palavra doce e amigável a dizer. Mesmo quando está dando uma bronca ou fazendo um comentário repreensivo, é muito amável. É o tipo de pessoa de quem só se pode falar bem.



Por Simone Francischetti

4 comentários:

blogger disse...

eu adorei a historia da professora deni eu ja fui aluna dela eu sei como ela sofreu ela e uma doce de pessoa etc.

Anônimo disse...

ela é uma linda e otima professora aprendi um pouco de historia com ela dei muito trabalho tambem
quem sabe um dia posso retribuir!!






f..

Maiara disse...

A Deni me ensino Muita Coisa.
Eu dei muito trabalho me Desculpa por Causa Disso...

Alê disse...

Além de uma excelente professora, realmente um exemplo a ser seguido...Inesquecível professora Deni