Meia-noite no gueto
Tem um preto parado na esquina
- Será ladrão ou vendedor de cocaína?
Se perguntam os tripulantes da barca são-paulina
Que se aproximam para abordá-lo
Interrogá-lo e espancá-lo
Não necessariamente nesta ordem, é claro
O homem permanece inerte
Ainda assim
Recebe um soco no rosto
Que é dado com gosto
Enquanto um segundo soldado
De um posto maior
Desfere-lhe um chute
Não há quem não escute, naquela noite
O açoite moderno
Mas só quem vê é o azul eterno
O celeste noturno...
Cassetete, coturno; cassetete, coturno!
Por um momento
Cessam então o linchamento e ordenam:
- Fala negro, não me enrola
O que faz na rua a essa hora?
- Venho aqui para fazer poesia
Sou poeta da lua
Por isso, troco a noite pelo dia
E é tão triste quem na lua se inspira
Apaixona-se por ela, tornando-a sua lira
Mas apesar dessa paixão que no peito tranca
Não pode com a mão tocar a bola branca
Invejo os astronautas
Eu, poeta, aqui tão distante
E eles, meros militares, lá em cima
Nos braços da minha amante
Sou poeta da rua
E nesse caminho estreito
Aprendi a andar, a cair, a levantar
E a ter respeito... Mas nunca temer!
É isso, senhores, o que eu tenho a lhes dizer
Agora, espero que me deixem
Continuar olhando o céu
Pois negro já nasce poeta
Mas também já nasce réu
- Ah, mas negro poeta...
Isso é afronta! É passar demais da conta!
Meia-noite no gueto
Tem um preto morto na esquina
Os olhos abertos, o corpo ferido
O céu todo refletido no centro da retina
Não era ladrão, nem vendedor de cocaína
Era simplesmente um poeta
Sem escola, sem berço...
Um poeta de esquina.
Tem um preto parado na esquina
- Será ladrão ou vendedor de cocaína?
Se perguntam os tripulantes da barca são-paulina
Que se aproximam para abordá-lo
Interrogá-lo e espancá-lo
Não necessariamente nesta ordem, é claro
O homem permanece inerte
Ainda assim
Recebe um soco no rosto
Que é dado com gosto
Enquanto um segundo soldado
De um posto maior
Desfere-lhe um chute
Não há quem não escute, naquela noite
O açoite moderno
Mas só quem vê é o azul eterno
O celeste noturno...
Cassetete, coturno; cassetete, coturno!
Por um momento
Cessam então o linchamento e ordenam:
- Fala negro, não me enrola
O que faz na rua a essa hora?
- Venho aqui para fazer poesia
Sou poeta da lua
Por isso, troco a noite pelo dia
E é tão triste quem na lua se inspira
Apaixona-se por ela, tornando-a sua lira
Mas apesar dessa paixão que no peito tranca
Não pode com a mão tocar a bola branca
Invejo os astronautas
Eu, poeta, aqui tão distante
E eles, meros militares, lá em cima
Nos braços da minha amante
Sou poeta da rua
E nesse caminho estreito
Aprendi a andar, a cair, a levantar
E a ter respeito... Mas nunca temer!
É isso, senhores, o que eu tenho a lhes dizer
Agora, espero que me deixem
Continuar olhando o céu
Pois negro já nasce poeta
Mas também já nasce réu
- Ah, mas negro poeta...
Isso é afronta! É passar demais da conta!
Meia-noite no gueto
Tem um preto morto na esquina
Os olhos abertos, o corpo ferido
O céu todo refletido no centro da retina
Não era ladrão, nem vendedor de cocaína
Era simplesmente um poeta
Sem escola, sem berço...
Um poeta de esquina.
Serginho Poeta
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