É a primeira vez que uma exposição desse porte, com mais de 300 peças, acontece na América Latina. Oportunidade ímpar para conhecer uma cultura que tem relações históricas com o Brasil. Evento acontece de 12 ao dia 31 de outubro no RJ
Os muçulmanos interagiram com muitas culturas e populações de religiões distintas. Assim, as identidades islâmicas são múltiplas, pois foram incorporadas e reelaboradas tradições de regiões fundamentais como a África, os países árabes (tanto africanos quanto asiáticos) e a Ásia em geral. Do Atlântico ao Índico, a presença muçulmana envolve reflexões e percepções variadas que refletem essa diversidade cultural.
Mas o conceito de arte islâmica nesta exposição não se refere a uma arte necessariamente vinculada a questões religiosas. Ao contrário do que se imagina quando se pensa em arte “cristã” ou “budista”, a intenção não é mostrar apenas objetos ligados ao espaço do sagrado.
Justamente por isso, quer-se observar como utensílios do cotidiano, obras em cerâmica, madeira, metal ou vidro, entre outros materiais, aliam a praticidade ao requinte formal. Mesmo em objetos do cotidiano, pode haver referências religiosas marcadas, como inscrições religiosas, alusões a ditos e ensinamentos islâmicos, entre outros, mas esse não foi um critério de seleção excludente.
“Há um dito muçulmano que anuncia: “Deus é belo e aprecia a beleza”. Isso demonstra que, sob o prisma islâmico, o belo deve ser admirado e almejado em diferentes contextos, não apenas quando retrata aspectos religiosos. No Islã, Deus é único, mas sua criação é múltipla. Tal multiplicidade, ordenada conforme leis que desvendam o Criador, reflete-se nos arabescos, nas composições geométricas e em sua miríade de formas. Trata-se da multiplicidade com base na unidade”, explica o Prof. Paulo Daniel Farah.
Os padrões geométricos ou com motivos florais expressam uma percepção que mescla a idéia da unidade de Deus e da inexistência de intermediários na relação com o divino.
Com a curadoria do Prof. Paulo Daniel Farah e Rodolfo Athayde, a exposição “Islã” reúne mais de 300 obras trazidas de diversos acervos provenientes dos mais importantes museus da Síria e do Irã: Museu Nacional de Damasco, do Palácio Azem (Museu das Tradições Populares) e Museu da Cidade de Aleppo, na Síria; e Museu Nacional do Irã, Museu Reza Abassi e Museu dos Tapetes, em Teerã. Virão ainda peças que provém, sobretudo, da África pertencentes aos acervos da BibliASPA - - Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes – reunidas no Marrocos, Mauritânia, Líbia, Líbano, Burkina Faso, Arábia Saudita e Brasil e do Acervo Casa das Áfricas, trazidas do Mali, Níger, Nigéria. Duzentas destas peças, cedidas pela Síria, estão saindo do país pela primeira vez.
Desse contexto, muitos desconhecem a presença de africanos mulçumanos na cultura anti-escravidão no Brasil. É fundamental recordar que muçulmanos organizaram o principal levante urbano contra a escravidão na América: a Revolta dos Malês, em 1835, em Salvador. Desde cedo, desenvolveram a noção de pertença à umma, a comunidade islâmica, como se verifica na narrativa de Abdurrahman Al-Baghdádi, o primeiro relato de um erudito muçulmano acerca do Brasil, analisado em Deleite do estrangeiro em tudo o que é espantoso e maravilhoso: estudo de um relato de viagem bagdali.
O visitante da exposição “Islã” poderá encontrar:
“Islã” terá peças de ourivesaria, mobiliário, tapeçaria, vestuário, armas, armaduras, utensílios, mosaicos, cerâmicas, objetos de vidro, iluminuras, pinturas, caligrafia e instrumentos científicos e musicais. A exposição é comemorativa dos 21 anos de aniversário do CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil -, e ocupará todo o espaço expositivo do primeiro andar, além da rotunda e dos foyers, no térreo.
Em destaque, entre outras, uma pedra de basalto na qual se entalhou um texto, no século VIII, em um dos principais vestígios da escrita árabe
Uma parte da exposição é dedicada ao palácio do deserto Al Hayr Al Gharbi, (séc. VIII), do qual se expõem esculturas, estuques ornamentados, barreiras, adornos e outros objetos que permitem observar influências locais na arte islâmica e a percepção que mescla a crença na unidade de Deus e na inexistência de intermediários na relação com o divino.
As obras da sala dedicada à caligrafia, uma arte islâmica refinada, merecem observação cuidadosa. Em pedra, madeira, tecido, metal, papiro, pele de gazela, cerâmica e outros suportes, as obras caligráficas revelam uma diversidade notável de estilos. A adoção da caligrafia árabe em boa parte dos territórios entre o Atlântico e o Índico, suporte gráfico que também serviu como ornamento na arte, exerceu um fator de unificação no Dár al-Islám, as terras de presença islâmica.
A exposição também apresenta instrumentos associados ao desenvolvimento científico, como astrolábios e quadrantes, que serviram, no contexto da astronomia islâmica, para corrigir tabelas astronômicas e de coordenadas geográficas e para calcular a obliquidade da eclíptica com uma precisão muito maior do que jamais se alcançara antes.
Serviço:
O que: Exposição Islã
Quando: 12 de outubr o a 26 de dezembro de 2010.
Onde: CCBB Rio de Janeiro
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Tel.: (021) 3808.2020
De terça a domingo das 9h às 21h
Do dia 12 ao dia 31 de outubro, em função do período comemorativo de aniversário, o CCBB estará aberto, excepcionalmente, das 9h às 22h
Entrada franca
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Co-realização e Coordenação: Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes (BibliASPA)
Curadoria: Prof. Dr. Paulo Daniel Farah e Rodolfo Athayde
Apoio: Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Cultura
Observação importante: Depois do Rio, a mostra seguirá para os Centros Culturais Banco do Brasil de São Paulo e Brasília
CCBB-RJ-http://www.bb.com.br/portalbb/page511,128,10156,1,0,1,1.bb?codigoEvento=3667
Há quatro anos a Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes – BibliASPA - vinha negociando uma exposição com Damasco, visando uma proposta de cooperação arqueológica que inclui missões arqueológicas brasileiras na Síria, publicação de artigos científicos e cursos de arqueologia a realizar-se na sede da instituição, em SP . Com o intuito de refletir a diversidade cultural islâmica, também estarão expostas obras do Irã, Arábia Saudita, Marrocos, Mali, Mauritânia, Líbia, Líbano, Burkina Faso, Níger, Nigéria e Brasil.
Os muçulmanos interagiram com muitas culturas e populações de religiões distintas. Assim, as identidades islâmicas são múltiplas, pois foram incorporadas e reelaboradas tradições de regiões fundamentais como a África, os países árabes (tanto africanos quanto asiáticos) e a Ásia em geral. Do Atlântico ao Índico, a presença muçulmana envolve reflexões e percepções variadas que refletem essa diversidade cultural.
Mas o conceito de arte islâmica nesta exposição não se refere a uma arte necessariamente vinculada a questões religiosas. Ao contrário do que se imagina quando se pensa em arte “cristã” ou “budista”, a intenção não é mostrar apenas objetos ligados ao espaço do sagrado.
Justamente por isso, quer-se observar como utensílios do cotidiano, obras em cerâmica, madeira, metal ou vidro, entre outros materiais, aliam a praticidade ao requinte formal. Mesmo em objetos do cotidiano, pode haver referências religiosas marcadas, como inscrições religiosas, alusões a ditos e ensinamentos islâmicos, entre outros, mas esse não foi um critério de seleção excludente.
“Há um dito muçulmano que anuncia: “Deus é belo e aprecia a beleza”. Isso demonstra que, sob o prisma islâmico, o belo deve ser admirado e almejado em diferentes contextos, não apenas quando retrata aspectos religiosos. No Islã, Deus é único, mas sua criação é múltipla. Tal multiplicidade, ordenada conforme leis que desvendam o Criador, reflete-se nos arabescos, nas composições geométricas e em sua miríade de formas. Trata-se da multiplicidade com base na unidade”, explica o Prof. Paulo Daniel Farah.
Os padrões geométricos ou com motivos florais expressam uma percepção que mescla a idéia da unidade de Deus e da inexistência de intermediários na relação com o divino.
Com a curadoria do Prof. Paulo Daniel Farah e Rodolfo Athayde, a exposição “Islã” reúne mais de 300 obras trazidas de diversos acervos provenientes dos mais importantes museus da Síria e do Irã: Museu Nacional de Damasco, do Palácio Azem (Museu das Tradições Populares) e Museu da Cidade de Aleppo, na Síria; e Museu Nacional do Irã, Museu Reza Abassi e Museu dos Tapetes, em Teerã. Virão ainda peças que provém, sobretudo, da África pertencentes aos acervos da BibliASPA - - Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes – reunidas no Marrocos, Mauritânia, Líbia, Líbano, Burkina Faso, Arábia Saudita e Brasil e do Acervo Casa das Áfricas, trazidas do Mali, Níger, Nigéria. Duzentas destas peças, cedidas pela Síria, estão saindo do país pela primeira vez.
Desse contexto, muitos desconhecem a presença de africanos mulçumanos na cultura anti-escravidão no Brasil. É fundamental recordar que muçulmanos organizaram o principal levante urbano contra a escravidão na América: a Revolta dos Malês, em 1835, em Salvador. Desde cedo, desenvolveram a noção de pertença à umma, a comunidade islâmica, como se verifica na narrativa de Abdurrahman Al-Baghdádi, o primeiro relato de um erudito muçulmano acerca do Brasil, analisado em Deleite do estrangeiro em tudo o que é espantoso e maravilhoso: estudo de um relato de viagem bagdali.
O visitante da exposição “Islã” poderá encontrar:
“Islã” terá peças de ourivesaria, mobiliário, tapeçaria, vestuário, armas, armaduras, utensílios, mosaicos, cerâmicas, objetos de vidro, iluminuras, pinturas, caligrafia e instrumentos científicos e musicais. A exposição é comemorativa dos 21 anos de aniversário do CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil -, e ocupará todo o espaço expositivo do primeiro andar, além da rotunda e dos foyers, no térreo.
Em destaque, entre outras, uma pedra de basalto na qual se entalhou um texto, no século VIII, em um dos principais vestígios da escrita árabe
Uma parte da exposição é dedicada ao palácio do deserto Al Hayr Al Gharbi, (séc. VIII), do qual se expõem esculturas, estuques ornamentados, barreiras, adornos e outros objetos que permitem observar influências locais na arte islâmica e a percepção que mescla a crença na unidade de Deus e na inexistência de intermediários na relação com o divino.
As obras da sala dedicada à caligrafia, uma arte islâmica refinada, merecem observação cuidadosa. Em pedra, madeira, tecido, metal, papiro, pele de gazela, cerâmica e outros suportes, as obras caligráficas revelam uma diversidade notável de estilos. A adoção da caligrafia árabe em boa parte dos territórios entre o Atlântico e o Índico, suporte gráfico que também serviu como ornamento na arte, exerceu um fator de unificação no Dár al-Islám, as terras de presença islâmica.
A exposição também apresenta instrumentos associados ao desenvolvimento científico, como astrolábios e quadrantes, que serviram, no contexto da astronomia islâmica, para corrigir tabelas astronômicas e de coordenadas geográficas e para calcular a obliquidade da eclíptica com uma precisão muito maior do que jamais se alcançara antes.
Serviço:
O que: Exposição Islã
Quando: 12 de outubr o a 26 de dezembro de 2010.
Onde: CCBB Rio de Janeiro
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Tel.: (021) 3808.2020
De terça a domingo das 9h às 21h
Do dia 12 ao dia 31 de outubro, em função do período comemorativo de aniversário, o CCBB estará aberto, excepcionalmente, das 9h às 22h
Entrada franca
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Co-realização e Coordenação: Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes (BibliASPA)
Curadoria: Prof. Dr. Paulo Daniel Farah e Rodolfo Athayde
Apoio: Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Cultura
Observação importante: Depois do Rio, a mostra seguirá para os Centros Culturais Banco do Brasil de São Paulo e Brasília
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Um comentário:
Salam, seu Blog é maravilhoso!!
Estou ansiosa para visitar o CCBB e apreciar a Arte. A Arte é o bálsamo da humanidade. A Arte cura, a Arte nos renova!
Um abraço fraterno,
quando puder, visite meu Blog também...beijos.
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