Café com farinha

Na verdade, seria até uma lista considerável de quitutes e sabores que me religam a sentimentos da infância: bolo de fubá, amendoim cozido, cuscuz, batata doce, pipoca, etc.

Mas há algo que hoje me faz recordar o quanto heróica e sábia é minha mãe.

Nestes dias, para ser mais preciso no curso de contos africanos e árabes, no dia 28 de abril de 2007, quando se falava das lembranças afetivas em respeito aos alimentos, a Nilda falou da segurança que os alimentos ou o momento das refeições nos traz.

Lembrei-me de uma época em que minha mãe nos dava café com farinha, devido à escassez de alimentos em casa. No faltava o arroz e feijão, mas sabe aquele lanche da tarde em que a família (neste caso eu, meus irmãos e minha mãe) partilhava em frente à TV?

Então, neste momento minha mãe entrava com sua criatividade e nos ensinara a comer farinha e tomar café juntos, diz que fazia muito isto na cidade de Inhambupe – Bahia, quando ainda era criança, e que sua mãe também lhe ensinara. Nossa!!! E como parecia um lanche da tarde maravilhoso!!! Pois, transformava o simples em algo tão gostoso, que nem parecia apenas um café com farinha.

Além desta maravilhosa sensação, vinha um sentimento de proteção que somente as mães sabem dar, não desmerecendo meu pai que se esforçava muito em trazer alimento para dentro de casa.

É incrível como alguns gestos podem trazer uma sensação tão boa.

Café com farinha, o meu lanche de tantas tardes, trazia-me paz e segurança.

Edson Silva de Jesus, 09/05/07

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