Baoba real

Relato de viagem: Entre Zimbabwe e Moçambique

Escrevo agora do distrito de Luangwa que fica a 400 Km de Lusaka. O caminho para chegar até aqui é lindíssimo. Luangwa fica num vale, na confluência dos rios Luangwa e Zambezi. Do hotel onde estou se eu olhar para a esquerda, vejo Moçambique e se olhar para a direita vejo o Zimbabwe.

Outra coisa linda aqui, são os pés de baobá. Um mais escandaloso que o outro, disputando em imponência. Fiz foto de deles (as) para verem como é, realmente.

O caminho é cheio de elevações e declives suaves e a natureza super generosa. Morros lindíssimos, verdes de mil tonalidades, ocres, terras, enfim um espetáculo. Lembra um pouco aquelas paisagens de Minas Gerais, só que tem um quê mais agressivo. A densidade demográfica é baixa, mas os grupamentos humanos são maiores que os de Mumbwa. Quando se chega ao distrito de Luangwa, temos 87 km de estrada de terra, que vai até as fronteira. Nesse ponto tem um povoado que é um barato; parada obrigatória. As pessoas montaram um comércio literalmente na beira da estrada, contíguo ao portão de entrada do parque: tem criança brincando no meio da estada, gente vendendo frutas, um boteco com a eterna placa da coca-cola, gente vendendo carvão, esteiras. É a maior muvuca, como dizem na Bahia. Aí todo mundo tem de parar mesmo. Ali comi uma frutinha (uma é modo de dizer, né moçada!) que é parente próxima do murici; maior, do tamanho de uma uva, com casca de cor acastanhada. O gosto é idêntico, até o cheiro é parecidíssimo. O distrito é um parque nacional para a proteção dos animais; com a proximidade do rio Luangwa existem plantações de milho que vão pela beirada do rio. Ouvi dizer que as cheias e vazantes são imprevisíveis e, às vezes, vai tudo literalmente por água abaixo. Então, temos aqui o problema da insegurança alimentar. As pesca é forte e há um comércio intenso nas fronteiras. Os povos se cruzam aqui o tempo todo.

O clima é do tipo friozinho à noite e ao meio dia um calor de rachar, um calor que cansa agente. Fiquei olhando para o rio Luangwa, já querendo dar um "jump" especialmente ao meio dia. Levantei a hipótese e me disseram que é só tomar cuidado com os crocodilos. Pensei no meu chuveirinho no quarto e achei que estava muito bom. Very good! Já pensou, depois de 6 anos de Xingu e 5 de Rio Negro, levar uma dentada de crocodilo na Zâmbia?


Relato e foto de : Marina Machado, junho/2007

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