Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo apresenta a exposição “Islã: Arte e Civilização” a partir de 18 de janeiro

Com curadoria do Prof. Dr. Paulo Daniel Farah e de Rodolfo de Athayde, a mostra reunirá mais de 300 obras do século VIII ao XXI, vindas dos principais museus da Síria e do Irã, além de obras fundamentais do Líbano, do Brasil e de países da África como Mauritânia, Marrocos, Líbia, Burkina Faso, Níger, Nigéria e Mali

Serão expostas peças de ourivesaria, mobiliário, tapeçaria, vestuário, armas, armaduras, utensílios, mosaicos, cerâmicas, vidros, iluminuras, pinturas, caligrafia e instrumentos científicos e musicais

O Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB – SP), em co-realização com a BibliASPA (Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes), apresenta, de 17 de janeiro a 27 de março de 2011, a exposição “Islã: Arte e Civilização”. A mostra - que já esteve em cartaz no CCBB do Rio de Janeiro - reunirá mais de 300 obras datadas do século VIII ao XXI, trazidas dos principais museus da Síria e do Irã: Museu Nacional de Damasco, Museu das Tradições Populares (Palácio Azem), Museu da Cidade de Aleppo, Museu Nacional do Irã, Museu Reza Abassi e Museu dos Tapetes, em Teerã.

Também estarão expostas obras fundamentais vindas de países da África, como Mauritânia, Marrocos, Líbia e Burkina Faso, além do Líbano e do Brasil (manuscritos produzidos por muçulmanos, escravos ou libertos no Império do Brasil), pertencentes ao acervo da BibliASPA (Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes). Além de obras de Nigéria, Mali e da cultura Tuaregue (povos nômades do Saara e do Sahel), do acervo Casa das Áfricas.

Ocupando todo o espaço expositivo do CCBB – SP, “Islã” terá peças de ourivesaria, mobiliário, tapeçaria, vestuário, armas, armaduras, utensílios, mosaicos, cerâmicas, objetos de vidro, iluminuras, pinturas, caligrafia e instrumentos científicos e musicais. Trata-se de um acervo pouco visto internacionalmente e inédito no Brasil.

HISTÓRIA DA CULTURA ISLÂMICA

A mostra será organizada por salas temáticas. A idéia é proporcionar um passeio por séculos de história da cultura islâmica, que nasce na Península Arábica e se expande com velocidade, absorvendo e sincretizando culturas diversas. As salas terão a paleta típica da arte do Islã, nas cores verde e azul (no mesmo tom que originou os azulejos portugueses).

Na cenografia, estarão presentes padrões copiados do nicho direito da Grande Mesquita de Damasco, marco da primeira etapa da arte islâmica, construída entre 706 e 715 e decorada sob influência bizantina. Será criado um ambiente interno com motivos islâmicos, onde se verá um chafariz árabe original.

Um portão cenográfico da arquitetura muçulmana receberá o público na entrada da exposição. Diferentes mapas e uma linha do tempo contarão os períodos de expansão territorial do Islã, destacando os mais importantes acontecimentos vinculados aos territórios islâmicos. Na sequência, serão mostradas plantas arquitetônicas das principais mesquitas, como a Mesquita dos Omíadas, em Damasco, a Mesquita da Rocha, em Jerusalém, e a Mesquita Azul em Istambul com projeção em 360° graus.

Um dos grandes destaques de “Islã: Arte e Civilização” são os fragmentos originais do Palacio Al Hair Al Gharbi, na Síria, com peças que revelam a influência greco-latina e vitrines com objetos de cerâmica e vidro, de períodos do séculos VII ao XIII, como lâmpadas de azeite em cerâmica azul esmaltada. O fundo da sala é dominado por uma peça de madeira maciça com inscrições, usada como parte de uma barreira no século XI.

A viagem ao interior do Islã segue com a Miniatura de Shahnameh e outros desenhos similares, cuidadosamente ilustrados com textos que narram histórias do século XV, que pertenceram à livraria Real de Teerã, e uma série de objetos científicos, como o astrolábio plano do Palácio Golestan, em Teerã, e o curioso astrolábio esférico de Isfahan, do século XI, que representa um globo celeste. Estas peças se relacionam com um painel sobre o saber no mundo islâmico: as inovações da Casa da Sabedoria, criada em Bagdá no século IX, os feitos do filósofo e médico Avicena, o resgate de Aristóteles pelo filósofo andaluz Averroes, entre outras mentes brilhantes que fizeram florescer essa civilização.

Um cofre guardará os tesouros da ourivesaria, com jóias da Síria do século XI, como brincos de ouro em forma de pássaros, pratas dos Tuaregues e uma exclusiva coleção de moedas antigas de várias épocas.

Depois surge a palavra e a escrita. Nesta sala, estará uma coleção de manuscritos e livros que mostram a arte da caligrafia na sua complexidade e riqueza. Um antigo exemplar do século IX de uma página do Alcorão em letras cúficas, escrito sobre pele de gazela, divide a atenção com as páginas douradas de outro Alcorão do século XVII, e um tecido bordado em ouro, que repete o padrão de uma “Sura” (versículo do Alcorão), vindo do Irã do século XVII. Há ainda uma pedra de basalto com inscrições em árabe, talvez um dos mais antigos testemunhos da língua árabe, datada do século VIII, e tábuas de escritura africanas, utilizadas na alfabetização e no aprendizado geral, e objetos para talhar e escrever. “Na caligrafia árabe, as letras adquirem formas distintas conforme sua posição na palavra, o que permite uma flexibilidade ilimitada. A caligrafia representa uma arte extremamente refinada à qual se agregam os arabescos, entre o geométrico e o vegetal. Essa arte alcançou um equilíbrio harmonioso entre as diferentes letras e os padrões decorativos, em todos os seus estilos, desde as linhas retas, angulares, da escrita cúfica (originária de Kufa, no Iraque) à elegância cursiva da thuluth e às curvas proeminentes do estilo diwani”, explica o Prof. Farah, que divide a curadoria da mostra com Rodolfo de Athayde.

Os famosos tapetes persas, arte popular levada ao máximo requinte, que sobrevive intacto em cidades como Tabriz e Isfahan, são exibidos na sequência, ao lado de trabalhos em metal e um nicho dominado por uma armadura de cota de malha de ferro do século XII, usada na época dos Cruzados. Uma vitrine central é dedicada à típica cerâmica azul, comum em todo o mundo islâmico.

Por último, somos levados ao interior do Palácio Azem, residência do Paxá, governador da Síria durante o período Otomano, último dos grandes impérios muçulmanos. Destaque para o mobiliário de poltronas e o baú crivados de madrepérolas, que são acompanhados por peças de artesanato, roupas e instrumentos musicais feitos pelo mais famoso luthier da Síria na época, Ahmad al-Hariri.

“É possível admirar o refinamento e os conceitos estéticos aplicados pelos artistas-artesãos em sua maioria anônima”, explica Athayde, que divide a curadoria da mostra com o Prof. Dr. Paulo Daniel Farah, diretor da BibliASPA.

EXPOSIÇÃO ISLÃ: ARTE E CIVILIZAÇÃO
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112, Centro - Tel: (11) 3113.3651
Abertura: 17 de janeiro (convidados) - Exposição: 18 de janeiro a 27 de março
Idealização e Curadoria: Prof. Dr. Paulo Daniel Farah e Rodolfo de Athayde
Co-realização e Coordenação: Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes (BibliASPA)
Produção: Arte A Produções
Horários: terça a domingo das 10h às 20h - Entrada franca

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